As expressões populares fazem parte do nosso dia-a-dia de uma forma tão natural que nós nem nos apercebemos. Mas conhece ou já pensou na origem das mesmas? Reunimos algumas das mais conhecidas para si.
«Resvés Campo de Ourique»
Significado: Por um triz ou à justa.
Para alguns autores, a origem desta expressão remonta ao traçado urbano da cidade de Lisboa oitocentista, em que a estrada da circunvalação, que traçava os limites da cidade, atravessava o bairro de Campo de Ourique, pela Rua Maria Pia, ou seja, ficava «à justa» de Lisboa. Os limites da cidade são hoje mais abrangentes, mas a expressão ficou.
Uma outra explicação desta expressão relaciona-a com o terramoto de Lisboa, ocorrido a 1 de novembro de 1755. Esse catástrofe natural, como se sabe, provocou um enorme maremoto que terá chegado até bem perto da zona de Campo de Ourique. Ou seja, o bairro escapou da tragédia por um triz.
«Gatos-pingados»
Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.
Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão «gatos pingados» passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.
«Queimar as pestanas»
Significado: Estudar muito.
Origem: Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminar. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia «queimar as pestanas», literalmente.
«Mal e porcamente»
Significado: Muito mal, de modo muito imperfeito.
Origem: Inicialmente, a expressão era «mal e parcamente». Quem fazia alguma coisa assim, mal, com parcos (poucos) recursos.
Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou «mal e porcamente».
«À grande e à francesa»
Significado: Viver com luxo e ostentação.
Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital.
«Bicho de sete-cabeças»
Significado: Coisa difícil ou complicada.
Origem: Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, um monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules.
A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, mesmo até por falta de disposição para enfrentá-la.
«Sangria desatada»
Significado: Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata.
Origem: Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por qualquer motivo, se desprendesse a ligadura colocada sobre as feridas, o soldado morreria por perder muito sangue.
«Quebrar o gelo»
Significado: Iniciar uma conversa, para acabar com o silêncio constrangedor, aplicando-se a relações pessoais, diplomáticas ou até a negócios.
A expressão está relacionada com os barcos que são utilizados para abrir caminho por entre o gelo polar, uma operação que custa 24 mil euros. O maior barco para esse fim é o NS 50 Let Pobedy, um navio russo movido a energia nuclear.
«Farinha do mesmo saco»
Significado: Generalizar um comportamento reprovável.
‘Homines sunt ejusdem farinae’ – esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem desta expressão. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha má, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
«Sem papas na língua»
Significa: Ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios.
A expressão vem da frase castelhana ‘no tener pepitas en la lengua’. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo. Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.
«Fila indiana»
Significado: A expressão representa pessoas (ou mesmo coisas) que estão dispostas uma atrás das outras. É uma fileira de pessoas, organizada.
Tem origem na forma de caminhar dos índios americanos que, desse modo, encobriam as pegadas dos que iam na frente.
«Não entender patavina»
Significado: Não saber/perceber nada sobre determinado assunto.
Origem: Tito Lívio, natural de Patávio (hoje Pádua, Itália), usava um latim horroroso, originário da sua região. Nem todos o entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originalmente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.
«Cor de burro quando foge»
Significado: Cor incaracterística
Orginal: A frase original era «Corra do burro quando ele foge». Tem sentido porque o burro enraivecido é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e «corra» acabou transformada em «cor».
Existe, no entanto, uma segunda que considera a palavra ‘burrus’, que em latim significa avermelhado. A expressão original significaria algo como ‘correr para evitar alguém vermelho’ – com raiva ou bêbedo, por exemplo.
Texto: Ivan Silva
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