A life coach Cris Carvalho explica como devem agir os casais durante o período de quarentena para evitar conflitos e melhorar a relação.
Ter, 07/04/2020 - 15:45
Esta fase de isolamento social pode ser um verdadeiro desafio para os casais: quer para aqueles que partilham casa, quer para aqueles que vivem separados. No entanto, esta pode também ser a oportunidade perfeita para melhorar o seu relacionamento e «crescer» enquanto membro de uma relação.
Cris Carvalho, especialista em life coaching e PNL [Programação Neurolinguística e Hipnose], conhecida por ser uma das especialistas do programa Casados à Primeira Vista, da SIC, revelou à VIP quais as dicas que devem ser tidas em conta para que os casais possam enfrentar este período excecional da melhor maneira, evitando conflitos e salvando a relação.
«É importante entender que aquilo que estamos a atravessar, o outro também está. Se está difícil e desafiante para uma parte, também está para a outra», começou por explicar. Mais do que nunca, é importante fazer o exercício de nos colocarmos no lugar do outro.
Em casal, é muito fácil descarregar no outro. Segundo a especialista, temos de nos lembrar que «se estamos a encontrar características diferentes no outro, o outro provavelmente também está a ter a mesma perspetiva». É importante entender que estão a passar pelo mesmo.
Para Cris Carvalho, este ponto é muito importante e é a base de todos os outros. Esta quarentena está a intensificar muito do trabalho pessoal que cada um tem e é preciso entender que não podemos colocar a responsabilidade da nossa felicidade nas mãos do outro. «Quando pedimos ao outro para deixar de ter determinada atitude, estamos a pedir para que se comporte de forma a que fiquemos felizes.»
A perda de identidade intensifica-se agora. É um erro que acontece frequentemente entre casal, colocar a felicidade nas mãos do outro, mas cada um deve ser responsável pelo seu bem-estar e pela sua felicidade. Deve haver o pensamento: «O que eu posso fazer hoje para me sentir melhor, mais feliz?», e não meter essa responsabilidade no outro.
É importante substituir o «preciso de estar com o outro» pelo «eu quero e gosto de estar com o outro», porque não devemos «precisar» de ninguém para sermos felizes senão de nós próprios.
É importante conseguir conversar, com amor e com consciência, e perguntar ao outro o que pode ser feito para a relação melhorar e serem mais felizes. É importante haver empatia, saber ouvir o ponto de vista do outro e chegar a um consenso para haver um processo de evolução conjunta. «Este passo depende do anterior: 1º deve haver uma consciencialização de que não podemos pôr a nossa felicidade a depender de outro; 2º devemos conversar com o outro para perceber o que pode ser feito para melhorar a relação, sem imposições.»
Estar mais disponível para ouvir, para perdoar e para reconhecer que errou. É um grande desafio para os casais, mas mais do que nunca é importante haver reconhecimento e saber pedir desculpa. Esta fase pode ser uma fase de «sobrevivência» do casal, e portanto é importante saber perdoar e pedir perdão.
Acho que não deve haver um foco nos problemas. Se tiver algo incomodar, vai ficar mais intenso agora. Portanto, é preciso ter equilíbrio emocional e para conseguir falar. É preciso fazer uma auto-observação, olhar para os outros pontos que já foram referidos – a empatia, a auto-responsabilidade – e perceber o que deve ser falado e o que deve ser feito.
Esta pode ser uma oportunidade de melhorar um relacionamento que está estagnado. É preciso fazer um «refresh» na relação através destes passos que devem ser seguidos pelos dois.
Crie momentos para planear o momento bom que vem aí. É importante colocar o foco no futuro, em objetivos futuros enquanto casal, projetos bons, agradáveis, e desfocar dos problemas e desta realidade.
Cris Carvalho defende que estas dicas podem ser seguidas por casais que estão a cumprir o isolamento social afastados. «Há casais que vivem juntos e esse é o maior desafio, e há casais que vivem separados e a distância também pode ser desafiante.»
Para esses casais, as dicas são as mesmas: quando ficamos tristes e chateados, porque estamos longe e sentimos que não estamos a ser «procurados» da mesma maneira ou como gostaríamos, estamos novamente a colocar nas mãos do outro a responsabilidade da nossa felicidade. É errado. É momento de pensar em nós e aquilo que precisamos de fazer, por nós, para sermos mais felizes.
Duas pessoas que seriam um potencial casal, mas que foram interrompidos pela quarentena, também podem tender a ficar chateadas por não haver uma procura tão frequente da parte do outro. «Não pode ser!»: «É preciso fazer um enorme trabalho pessoal que passa por só dependermos de nós para sermos felizes, independentemente da fase da relação.»
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R.
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