Covid-19
Jovem de 17 anos suicida-se: «Sentiu que o confinamento nunca ia acabar»

Internacional

Beth Palmer, de 17 anos, suicidou-se por causa da pandemia da Covid-19. Devastados, os pais contam que a jovem britânica ficou obcecada com o medo de nunca mais ser levantado o confinamento.

Qui, 23/04/2020 - 17:00

Uma jovem britânica foi encontrada morta em casa, no Reino Unido, em plena pandemia da Covid-19. Bethany Palmer, de 17 anos, encontre em colapso depois de terem sido anunciadas as medidas do estado de emergência e, desesperada, suicidou-se.

A notícia foi dada pelos próprios pais, que revelam que a filha estava obcecada com o medo de nunca mais serem levantadas as medidas do estado de emergência e o isolamento social.

Frustrada e desesperada por não ver os amigos e por não poder continuar a estudar música na Universidade de Manchester, Beth, como era conhecida, começou a dar sinais de que estava a enfrentar algumas dificuldades do foro psicológico, mas os pais nunca pensaram que chegasse ao ponto de pôr termo à vida.

«Não tenho dúvidas de que o confinamento teve um papel importante na morte de Beth. Ela não podia terminar a faculdade, não podia sair e ver as suas amigas. Sentiu que o confinamento de três meses eram 300 anos, que nunca ia acabar», começou por dizer Mike Palmer, o pai de Beth, à imprensa britânica.

«É devastador e indescritível… desperdício de uma vida bonita»

«O confinamento tornou-se uma obsessão extrema, quase obsessiva, que parecia não acabar. É devastador e indescritível. Entristece-me dizer, mas não acho que ela seja a única, acho que há outros jovens a passar exatamente pelo mesmo, a sentir-se muito vulneráveis, talvez muito assustados com a Covid-19», continuou, alertando os pais para terem atenção aos comportamentos dos mais novos.

«Odeio pensar noutra família pelo que estamos a passar agora. Espero que ninguém se sinta isolado ao ponto de fazer isto», disse.

«Ela era uma filha maravilhosa. Ela era engraçada, iluminava a sala. Era tão carinhosa e amorosa… tinha o mundo a seus pés e tudo para viver. Era a nossa menina… É um desperdício de uma vida bonita» terminou.

Foi criada uma página de angariação de fundos em memória de Beth, para apoiar instituições de caridade que ajudem jovens e crianças com problemas do foro psicológico, principalmente nesta fase de pandemia, que podem estar em risco.

Deste a data da sua morte, no início de abril, até agora, foram angariadas mais de 10 mil libras.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R.

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