As confissões de Marco Paulo
Do primeiro «cachet» ao pai que faleceu sem nunca o ter visto em palco

Nacional

Com 50 anos de carreira, o cantor de «Eu Tenho Dois Amores» abre o livro da sua vida para uma entrevista intimista, onde não faltam confissões.

Dom, 14/04/2019 - 19:45

Marco Paulo, de 73 anos, é um nome incontornável na música em Portugal. Já ultrapassou as sete décadas de vida, mas não é por isso que pensa abandonar os palcos. 
Temas como «Ninguém Ninguém», «Anita», «Eu Tenho Dois Amores», «Sempre que Brilha o Sol», «Taras e Manias» ecoam na nossa cabeça sempre que ouvimos a música e lembramo-nos logo do homem de caracóis a cantar «eu tenho dois amores» e a passar o microfone de uma mão para a outra.

Em entrevista a Nuno Galopin, ao programa Vejam bem, feita pela RTP Memória para a RTP o cantor recordou toda a carreira.

Desde o primeiro pagamento que recebeu por cantar, ainda em criança (leite, rebuçados e bolos), ao primeiro ordenado por ter atuado em cima de um palco. «O primeiro cachê foram 50 escudos e um garrafão de vinho, para eu levar para casa. Também me pagaram com arroz de cabidela, mas como eu achei que era demais para mim pedi para chamar os meus amigos e o meu irmão mais novo», revela no documentário.

Temas como «Ninguém Ninguém», «Anita», «Eu Tenho Dois Amores», «Sempre que Brilha o Sol», «Taras e Manias» ecoam na nossa cabeça sempre que ouvimos a música e lembramo-nos logo do homem de caracóis a cantar «eu tenho dois amores» e a passar o microfone de uma mão para a outra.

Mas sabia que Marco Paulo não se chama Marco Paulo? «O meu nome é João Simão. No início da minha carreira perguntaram-me que nome eu queria para ser artista? Eu nem sabia que tinha de mudar de nome quando o nome próprio não era apetecível para as capas dos discos. Eu disse que gostava muito de Marco e fiquei Marco Paulo. Há 52 anos respondo mais por Marco Paulo do que por João Simão. Não sei lidar como João», diz.

«Só gostava que ele pudesse estar cá e me desse os parabéns»

O pai de Marco Paulo não apoiou a carreira do cantor. E sempre o alertou para os perigos da profissão, desde o trabalhar-se muito, a ganhar-se bem e a gastar tudo. Mas Marco seguiu com a sua convicção e fez carreira na música. «O meu pai nunca viu um concerto meu, faleceu sem ver um concerto meu. Ele não queria dar o braço a torcer. A minha mãe ia, gostava e chorava muito», partilha.
O cantor admite que não esquece essa «mágoa». «Só gostava que ele pudesse estar cá e me desse os parabéns. Que me dissesse que se tinha enganado e que eu consegui fazer carreira, sustentar a casa e que os portugueses me ajudaram, porque gostam de me ouvir cantar», admite emocionado.

Aos 73 anos, Marco Paulo revela que ainda não pensou deixar os palcos, mas que sabe que isso deverá estar para breve. Vou ter muitas saudades do palco.  O palco tem qualquer coisa… é vida. Vou ter muitas saudades de cantar e dos aplausos do público, vou ter de certeza muitas saudades dos aplausos. O público tem um som especial. Não é para já… mas vou ter de pensar porque a vida não dura sempre», termina.

Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Arquivo Impala

 

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