Tony Carreira
Como nunca o viu…

Famosos

A VIP acompanhou o dia em que o cantor deu um
concerto no Palais des Congrès, em Paris

Qui, 30/10/2014 - 0:00

"Já posso morrer amanhã”. Foi assim que uma senhora, na casa dos 60 e muitos anos, cabelos todos brancos, vestida de preto e com uma ligadura no pulso direito, reagiu a dois beijos e um abraço de Tony Carreira, minutos depois de terminar o concerto que deu no passado dia 18, no Palais des Congrès, em Paris. A filha, também toda vestida de negro – cachecol e t-shirt com a fotografia de Tony Carreira estampada, bem como a letra de uma música, “Vou sorrir por tudo o que aprendi. Dar-me por feliz por te encontrar” –, destaca-se por usar uma máscara a tapar a boca e ter uma lesão no pé esquerdo. Dois semblantes emocionados, contrastando com o luto que as roupas denunciam.

Ali, na antecâmara para os autógrafos, o cantor dá atenção a três ou quatro casos especiais, pessoas a quem a vida pregou partidas ou atirou para uma cadeira de rodas. Pessoas que não podem “lutar” na fila destinada a quem quer estar breves segundos com o cantor. Nos dias com menos gente são, no mínimo, mais de duas horas. No caso concreto do Palais des Congrès, o cenário foi totalmente improvisado. Duas mesas formam uma divisória para um hall de dimensões reduzidas, com duas pequenas aberturas e dois seguranças em cada lado. Numa, as pessoas entram para estar com o artista e, noutra, saem. Todos tentam esticar os segundos, mas não há lugar a grande demoras. A máquina está oleada. Cristina, que mexe com toda a organização que acompanha Tony Carreira, senta-se numa das mesas e vai tirando fotos aos fãs que posam ao lado do cantor.

Um dos seguranças prepara o telemóvel ou máquina fotográfica para que Cristina registe o momento e Raul, companheiro de muitas horas de Tony Carreira, controla a fila. Todos querem privar com o cantor. Na sua grande, grande maioria, são mulheres. Umas mais tímidas, outras mais espontâneas, todas têm direito a beijos e abraços. Algumas trazem CD´s para autografar, outras cartazes. Há cachecóis de Tony Carreira. Há bandeiras e algumas camisolas de Portugal. Só se fala português, ao contrário do concerto, praticamente todo falado – não confundir com cantado – em francês. Aliás, na sessão de autógrafos só se ouviu a língua gaulesa, quando um segurança, completamente estupefacto com o que estava a assistir, chama a atenção, apontando para uma das fãs: “Troisième fois” [“É a terceira vez”]. Sim, é um facto: uma senhora foi três vezes para a fila.

A preparação do concerto
Tony Carreira chega ao Palais des Congrès pouco depois das 15 horas. O espetáculo está marcado para as 20h30, mas essa é a hora marcada para 30 minutos de stand-up comedy. Tony Carreira e a sua banda têm entrada prevista para as 21h15. A tarde é passada entre afinações e pormenores. Quem comprou bilhete ainda não sabe o que vai encontrar.

Para o primeiro de sete espetáculos que vai fazer nos próximos tempos em França, Tony Carreira preparou sete – não há coincidências! – duetos com artistas franceses. Vincent Niclo, Anggun, Gérard Lenorman, Lisa Angell, Natasha St-Pier, Jacques Veneruso e David Gategno. Todos, sem exceção, passam pelo imponente anfiteatro para os testes de som. Todos, sem exceção, mostram empatia e, principalmente, grande alegria por fazer parte do espetáculo. Todos, sem exceção, mostram respeito. Há ainda dois casais de bailarinos de flamenco, portugueses, que também terão o seu momento. Aliás, dois momentos. Parecem os mais nervosos. Tony Carreira está perfeitamente à-vontade. Com o desenrolar dos ensaios, vai acertando os pormenores. Há uma música que sai do alinhamento. O artista decide. Faz de anfitrião a quem chega. Nota-se que sabe a importância que a imagem tem. Mas também se nota que é uma pessoa afável por natureza. As atitudes não saem forçadas.

Já passa das 19 horas quando todos recolhem aos camarins. Durante uma hora, as luzes apagam-se e o silêncio toma conta do recinto. Agora, a agitação é no exterior. Só depois os protagonistas regressam aos poucos. “Aquecem” os instrumentos, retocam-se roupas, veem o Sporting da Covilhã – Benfica num telemóvel. Está 1-1 quando sobem ao palco. E é a loucura. Cerca de quatro milhares de pessoas em histeria total. Há pessoas de todas as idades. Não sendo o público jovem a maioria, Mickael e David Carreira têm aqui mais um rival.

Durante as primeiras músicas, há mulheres a dirigirem-se ao palco. Oferecem flores e outras prendas. Há quem grite o tradicional “Faz-me um filho”. Há quem queira peças de roupa do cantor. Há quem guarde religiosamente uma garrafa de água onde o artista já deu um gole. Há corações vermelhos de papelão a dizer “Amo-te Tony”. Há muitos gritos, do início ao fim.

O camarim
Quando o concerto acaba, há um pequeno cocktail com os mais próximos e alguns convidados. Tony Carreira prefere manter-se no camarim, embora também passe pela sala de comes e bebes para falar com as pessoas e tirar algumas fotos. No seu espaço, o ambiente é descontraído. Muito. Sente-se o cansaço na sua expressão, mas, ao mesmo tempo, o sorriso é de quem anuncia mais uma missão cumprida. Bebe-se Champanhe Ruinart e vinho tinto do Douro. Há uma taça de vidro com batatas fritas.

Depois das fotos e dos autógrafos – que duram três horas –, há mais um momento de descontração no camarim. Tony Carreira senta-se descontraidamente no sofá de pele preto. Já só estão mesmo alguns dos mais próximos do cantor e sobressai uma cara conhecida do público português: Manolo Bello. É ele que assume agora o papel principal. No seu jeito bem característico, conta anedotas e põe toda a gente rir. Já passa da uma da manhã. Todos abandonam o Palais de Congrès ao sinal de Tony Carreira. Termina mais um dia da vida que ele escolheu.

Texto: Humberto Simões; Fotos: Zito Colaço

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