Juntos no amor e no trabalho. Assim tem sido a vida de Dina Félix da Costa e Miguel Melo ao longo dos últimos meses. O casal de actores, junto há mais de um ano, aceitou o desafio de gerir o Restaurante do Hotel Rural Monte do Carmo, na Azaruja, em Évora. Foi lá que o casal recebeu a VIP e falou deste projecto e das ambições futuras. Uma delas poderá passar pelo aumento da família, algo que o casal pondera.
VIP – Como surgiu a oportunidade de se mudarem para Évora e fazer parte deste projecto?
Miguel Melo – Foi algo que não procurámos, que aconteceu, pois sou muito amigo (quase família) de uma das donas deste espaço. Foi juntar o útil ao agradável, pois conheço-a muito bem, gosto muito dela e também gosto imenso de restauração. Se fosse feito um convite de um espaço que não conhecêssemos, não seria tudo tão fácil. É um ambiente muito familiar.
A isso junta-se a ambição de terem um monte no Alentejo?
M.M. – Sim, temos essa ambição. E nada melhor do que viver algo para se perceber se gostamos desta vida ou não. Estes meses passados no campo são uma ajuda.
Também sentiram a necessidade de fugir de Lisboa?
Dina Félix da Costa – Gosto imenso da cidade. A cidade é uma coisa de que gosto e não foi uma necessidade. Surgiu a oportunidade e é um prazer diferente, oposto da cidade. Trata-se de outro ritmo e é bom para as crianças experimentare, a vida do campo e o contacto com a Natureza.
M.M. – O campo é uma aprendizagem. Tal como a Dina, sou uma pessoa de cidade e adoro cultura, algo indispensável para um actor, mas este lado transporta-nos para uma espiritualidade e descontracção que não se encontra na cidade. Dificilmente trocava estes meses passados aqui por outra coisa qualquer.
Mesmo aqui, o "bichinho" da representação está presente. Sei que já tiveram ideias para trabalhos.?
M.M. – É verdade. A igreja já nos deu a ideia para um projecto, mas acredito que todas as coisas boas nos inspiram. O contacto com a terra e com o céu é uma coisa inspiradora. Além disso, como estamos num hotel, não perdemos o lado social, do contacto com as pessoas.
D.F.C. – Já tivemos ideias para várias iniciativas culturais onde não estaremos a representar, mas a organizar.
Que balanço fazem dos tempos aqui passados?
M.M. – Gosto muito de campo e, como no circo, o palhaço faz tudo, gosto de estar em todo o lado e fazer várias coisas, apesar de estar mais focado no restaurante. É dele que estamos a tomar conta e é a nossa prioridade. Mas temos liberdade para mexer noutras coisas. É muito positivo transmitir o nosso prazer aos outros.
Devido à sua experiência na restauração, o Miguel acabou por ser o professor da Dina?
M.M. – Sim, mas a Didi é que pode falar disso (risos).
D.F.C. – Posso dizer que sim. Foi uma espécie de padrinho nesta área.
E a Dina é uma boa aluna?
M.M. – É óptima e maravilhosa.
D.F.C. – É bem-disposta e aprende facilmente (risos). Estou a aprender imenso com o Miguel e a gostar muito.
Qual a qualidade e defeito que destacam um no outro?
M.M. – É facílimo (risos). Acho que a qualidade maior da Didi é o método incrível que tem. É muito prática e soluciona tudo facilmente.
D.F.C. – O Miguel é muito perfeccionista.
M.M. – O defeito é ser muito mimada. Como pessoa mimada que é torna-se insuportável (risos).
Não é fácil um casal trabalhar junto, mas saímo-nos muito bem.
D.F.C. – O defeito do Miguel é fazer muita coisa sozinho e não comunicar. Mas falámos sobre isto e já está resolvido (risos).
Esta aventura tem final marcado para Setembro. Já está prevista uma data de regresso?
M.M. – Não. Trata-se de algo pontual. Acredito que seja uma experiência tão rica que vai dar frutos. Quais frutos? Não sabemos, nem foi essa a nossa ideia. Não foi equacionada uma continuidade. Gostamos imenso disto, da qualidade de vida e do que fazemos mas não há perspectiva de regresso.
A ideia de ter um monte no Alentejo é para realizar a curto prazo?
D.F.C. – Trata-se de algo que requer muita pesquisa. Temos que encontrar o sítio certo.
M.M. – A nossa ideia é construir quase de raiz. Pegar numa ruína e fazer o nosso castelo. Foi algo de que sempre falámos. É um projecto de vida que temos mas sem pressa. Esta experiência tem sido boa para isso.
Não há monotonia na vida do campo?
M.M. – Claro que há, mas essas fases são importantíssimas.
D.F.C. – O silêncio e óptimo, até porque estamos habituados às rotinas de Lisboa. Para já, a ideia de ter o monte é apenas para os fins-de-semana e não permanentemente. M.M. – Apesar destes momentos, actualmente e possível estar no campo e em contacto com o Mundo. O que não se consegue são os momentos de paz em Lisboa. É uma questão de hábito. As pessoas estão aqui alguns dias e inicialmente entram a medo na piscina biológica que tem plantas e bichinhos. Depois adoram. Por exemplo, ao Xavier e à Sofia [filhos de Dina Félix da Costa], os bichinhos já não fazem confusão e isso deve-se ao contacto com a Natureza.
A realidade do campo, que muitas crianças desconhecem, é fundamental para o Xavier e para a Sofia?
D.F.C. – É óptimo e faz-lhes muito bem. Tanto eu como eles temos a sorte de usufruir da Natureza que é algo difícil para as crianças actualmente. Esta oportunidade de passar uma temporada no campo é maravilhosa para a formação deles. Não podia ser melhor e é muito gratificante para mim enquanto mãe.
M.M. – Acredito que a terra é a nossa mãe. Dá-me imenso gozo ver o Xavier louco para sair de casa, para ir para a hortinha com uma cana e com o cão atrás dele. Se estivesse a ver televisão não me dava gozo nenhum. A Sofia adora este tipo de coisas, mas o Xavier é mais destemido.
Estão juntos há mais de um ano. Que balanço fazem da relação?
D.F.C. – É positivo e muito bom.
M.M. – Adoro a minha família. É algo difícil de explicar mas quando existe uma família e crianças existe uma maior maturidade emocional. Pode-se brincar, mas as coisas não são apenas uma brincadeira, pois existe a educação das crianças. É preciso muito amor e responsabilidade para que as coisas resultem bem para todos. A coisa mais importante para mim é a minha família.
Este é o cenário ideal para fortalecer uma relação?
M.M. – Há mais adversidades numa cidade. Aqui é mais pacífico e não há tantos obstáculos.
D.F.C. –Na cidade há um ritmo diferente.
M.M. – Aqui, mesmo trabalhando e com o stress do trabalho, é um cenário perfeito.
A falta de obstáculos pode levar a um desejo de aumentar a família?
M.M. – A coisa que mais gostava era de ter um filhote da Didi. Já tenho alguma idade para perceber que temos de ser conscientes. Tenho um filho quase com 25 anos. A Didi já tem dois. Para já, temos uma família.
D.F.C. – O futuro o dirá.
M.M. – Pessoalmente, adorava.
A paixão por este estilo de vida pode levar a um afastamento da representação?
M.M. – Nem tudo na vida são escolhas nossas. Acredito no destino e no deixar fluir. Houve uma altura em que achava que se não representasse, pouco valor tinha. Procurava a minha valorização através daquilo que tinha e fazia e a vida não é isso.
D.F.C. – São coisas que se complementam.
M.M. – Neste momento, não me sinto escravo de ter que fazer coisas. É evidente que a nossa profissão exige uma certa visibilidade, pois quem não aparece é esquecido. Já tive uma fase da minha vida em que acho que fiz opções muito erradas, nomeadamente em televisão, que me saíram caras. Prefiro ter mais cuidado com os trabalhos que escolho do que fazer qualquer coisa. Escolhi ser actor porque gosto muito e tem que existir respeito pela profissão.
Já têm projectos para a representação?
M.M. – A única coisa que tenho é uma peça na Cornucópia, antes do final do ano, que é um sítio onde adoro trabalhar.
D.F.C. – Há projectos pessoais em vista.
M.M. – Alguns já estão em andamento, mas não é altura de falar deles. Como somos os dois actores, existe uma partilha especial entre nós, que é muito importante. Ajudamo-nos imenso.
Como reagiam a um convite para passar a vossa relação para uma telenovela, por exemplo?
D.F.C. – Depende da proposta e do conteúdo. Dependia de muita coisa.?
M.M. – Mas não somos o típico casal de telenovela porque a Didi é muito mais bonita do que eu.
Para ela arranjam um tipo giro e novo e para mim uma mais velhota e acabada (risos). Tenho consciência de que não sou nem nunca fui o típico actor-galã. Faz-me confusão que a Didi não faça muito cinema neste País, pois além de ser bonita e excelente profissional, há poucas actrizes com a beleza, fotogenia e inteligência que a Didi tem.
M.M. – Paguei-lhe para dizer isto (risos). Gostava imenso de fazer e acredito que hei-de fazer cinema.
Se a vossa história de amor passasse para o cinema, qual seria o nome do filme e quais os actores que escolhiam para fazer de Miguel e Dina?
D.F.C. – Acho o Miguel parecido com o Bruce Willis, mas escolhia o Javier Bardem.
M.M. – A Didi é parecida com a Natascha Kinski mas a actriz podia ser a Penelope Cruz. O título também seria espanhol: La Vida Tera Surpresas.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Marco António; Maquilhagem e cabelos: Tita Costa com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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