Cláudio Ramos fala da morte do pai
«Foi uma sensação de alívio imensa»

Nacional

O apresentador da SIC comemora 20 anos de carreira e, esta tarde, foi homenageado no programa de Júlia Pinheiro. Entre vários temas, Cláudio Ramos falou acerca da má relação que sempre teve com o progenitor: «deu uma sova à minha irmã com o fio da varinha mágica»

Qua, 27/02/2019 - 19:20

Cláudio Ramos foi homenageado no programa de Júlia Pinheiro na tarde desta quarta-feira, 27 de fevereiro, na SIC. A comemorar duas décadas de carreira televisiva, o vizinho de Cristina Ferreira falou abertamente sobre a má relação que sempre teve com o pai e recordou um episódio dramático que deixou marcas que ainda hoje perduram.

Júlia Pinheiro mostrou a Cláudio Ramos um objeto, um fio eléctrico. «Lembra-me a minha irmã Iara. Tem uma marca no corpo por causa disto», começa por dizer. «O meu pai era mau», explica recordando que a família, por viver numa situação de grande pobreza, não tinha electricidade em casa e que, para tomar banho, aqueciam água «numas panelas grandes».

«Metíamos umas resistências para aquecer. A minha irmã entornou a panela de água quente para cima de si, com água a ferver. E, em vez de pedir ajuda, porque ela sabia que a agua quente fazia falta, escondeu-se». A irmã do comunicador, criança na altura, sofreu as consequências da ira paterna. «O meu pai dobra o fio da varinha mágica e dá uma sova à minha irmã. Ela tem esta dobra marcada na perna», revela.

Cláudio, de 45 anos, tem sete irmãos e, apesar da infância marcada pela pobreza e pela violência paterna, garante que são uma família unida. O comentador do Passadeira Vermelha afirma que o pai «não nasceu para ser pai» e que, quando este morreu «foi uma sensação de alívio imensa».

Cláudio Ramos perdeu o pai, José Nascimento, a 1 de outubro de 2016, na sequência de um cancro no pulmão. O progenitor do comunicador da SIC nunca aceitou o facto de o filho ser homossexual o que, mesmo perto da morte, era motivo de divergência. «Eu tinha discutido com ele por causa da minha orientação sexual. Ele achava que era uma doença e que podia contaminar os meus irmãos. Ele tinha um carácter severo», afirma.

«Não tínhamos dinheiro para comprar pão»

Sobre a mãe, atualmente com 73 anos, Cláudio Ramos tece apenas elogios. «É absolutamente extraordinária. A minha mãe era uma menina rica, estudou nos melhores colégios. Ficou sem mãe, depois sem pai. Apaixonou-se e foi viver uma historia de amor que não foi bonita. Criou 8 filhos debaixo de momentos muito complicados», conta.

Apesar de afiançar que não olha para o passado «com mágoa» recorda as dificuldades financeiras que viveu desde tenra idade. «Não tínhamos dinheiro para comprar pão e a farinha era barata. A minha mãe fazia pão em casa e às 5 ou 6 da manha e íamos à padaria. Íamos buscar fiado porque, àquela hora, como não havia ninguém, podíamos levar fiado. Trazíamos 18 papos secos», conta.

A abundância nunca existiu em casa de Cláudio Ramos o que fez com que a mãe tivesse de se sacrificar para sustentar a família. Os meus pais investiram num negocio que não deu certo. O meu pai era mais das artes do que do trabalho. Das coisas que me custou mais da vida era que a minha mãe, depois dos 40, tinha de acordar às 4 da manhã para ir para o campo para nós comermos. E nós recebíamos no final da semana para comermos. Para a minha cabeça, fazia-me muita impressão», conta Cláudio Ramos.

Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais | Fotos: Arquivo Impala 

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