Cláudia Lopes e Fátima Lopes estiveram à conversa no programa Conta-me como És, desta quarta-feira, dia 27 de fevereiro. A jornalista da TVI mostrou o lado mais sensível e falou do momento difícil que viveu ao perder o pai.
«Eu nunca me desmanchei à frente da minha mãe, porque achei que não havia dor como a dela. Ela foi casada quase 52 anos com o meu pai. Foi o homem da vida dela e eu acho que não há dor como essa. Falámos sempre disso como é óbvio», começa por contar, com a voz embargada.
O progenitor da jornalista tinha cancro de pele e foram duas metástases que lhe roubaram a vida. «O meu pai teve cancro de pele, que é uma coisa que as pessoas não valorizam muito. Ele teve um sinal grande nas costas que nós lhe dissemos durante muito tempo para ele ir tirar e ele dizia: ‘Tenho isto desde que nasci, agora vou lá tirar isto’. Foi um bocadinho casmurro e teimoso.»
«Nunca fez radioterapia nem quimioterapia, foi um processo, para nós, menos doloroso. Não o vimos perder qualidade de vida. Mas metastizou, duas vezes, de duas formas galopantes», conta.
Explicando: «Uma afetou-lhe a parte pulmonar e ele mesmo assim conseguiu participar num ensaio clínico e teve ainda um ano com qualidade de vida. Mas a segunda metástase é aquela que o mata. Ele só esteve 17 dias internado no IPO. Faz uma metástase no cérebro e não há mesmo volta a dar».
«Nós temos de nos preparar, porque vai acontecer»
A certa altura, Cláudia percebeu que tinha de se preparar para o pior. Mas a vida não lhe deu tempo para tal.
«Na véspera [da morte], eu e a minha mãe fomos ao hospital vê-lo e apanhámos o susto das nossas vidas. Tinham levado a cama do meu pai para fazer um TAC. Quando abrimos a porta do quarto e a cama não está lá, tivemos as duas um choque muito grande.»
«Nesse dia, eu disse à minha mãe: ‘Nós temos de nos preparar, porque vai acontecer’. O estado do meu pai era previsível aquele desfecho, não há cá milagres», revela.
O pai de Cláudia acabaria por morrer no dia seguinte. «Tive a conversa com a minha mãe nesse dia e recebemos a notícia do falecimento no dia a seguir à uma da tarde.»
«Lembro-me do meu pai todos os dias»
A emoção invadiu o diálogo e tanto Cláudia como Fátima Lopes não contiveram as lágrimas. «Lembro-me do meu pai todos os dias. Nós éramos muito parecidos, de carácter, de feitio e até fisicamente. Eu era a menina dos olhos verdes do meu pai. Era aquela pessoa muito afetiva. É um buraco.»
«Os meus pais para mim são duas pessoas importantes. Estiveram sempre lá. A minha mãe ainda hoje estar. Perder o meu pai para mim foi… É como estares assim [encolhida] prestes a levar com um pau, sabes que vai doer, mas só quando levas é que sentes realmente a dor», explica.
«Ela fazia tudo por ele»
O sorriso voltou a ganhar lugar no rosto da jornalista quando recordou a cumplicidade entre os progenitores.
«Eu não faço ideia o que é que são 52 anos de casados. Tu nunca conseguias perceber onde é que acabava um e onde começava o outro. Eles tinham um jogo de cumplicidade… A minha mãe, eu acho que se não fosse o meu filho que era muito pequenino ainda, acho que tinha perdido a razão de viver. Ela fazia tudo por ele», conta.
Dando uma gargalhada, Cláudia Lopes recorda: «Todos os dias quando o meu pai ia tomar banho dizia: ‘Maria, a minha roupa?’. O meu pai não se sabia vestir sozinho. Ainda aparecia de riscas com quadrados. E a minha mãe dizia: ‘Já vou’. E ele dizia: ‘Não é já vou, é vou já. É que eu preciso de me vestir’. Era isto. O meu pai não vivia sem a minha mãe».
«Era a minha mãe que tomava conta das doses dos medicamentos, das doses de insulina, porque o meu pai era diabético. Era a minha mãe que tomava nota. É uma dependência boa. O casamento dos meus pais é uma fasquia para mim. É uma meta. Eu não sou nada sem eles», acaba por dizer.
Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala e reprodução Instagram
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