Quando todos pensavam que Kate se tornaria princesa graças ao seu casamento real, eis que a rainha concedeu aos noivos o título de duques. Afinal Catherine, além de duquesa de Cambridge é também princesa?
To be or not to be, eis a questão! Na manhã do casamento real, a rainha Isabel II de Inglaterra anunciou ao mundo que conferia ao neto e à “nossa fiel e querida Catherine”, como se referiu à noiva no seu consentimento, o título de duques de Cambridge. O comunicado de Imprensa rezava assim: “A rainha tem o prazer de conferir um ducado ao príncipe William de Gales. O seu título passará a ser duque de Cambridge. (…) Com o casamento, Catherine Middleton torna-se Sua Alteza Real, duquesa de Cambridge.”
Kate não recebe um título oficial de princesa e nunca poderá ser tratada por princesa Catherine, mas na verdade é princesa William de Gales. É uma questão de linguagem e de protocolo. A primeira versão, que inclui o seu nome, significa que seria princesa de nascimento. A segunda versão, com o nome de William, significa que é uma inerência por casamento. A princesa Michael of Kent, casada com o primo da rainha, é um exemplo deste tratamento, nunca sendo chamada princesa Marie-Christine, o seu verdadeiro nome. Há mais exemplos na casa real inglesa de mulheres dos filhos da soberana que não ganharam o título de princesas. Embora se tenha tornado alteza real, Sophie Rhys-Jones é condessa de Wessex. Sarah Ferguson quando casou com príncipe André passou a ser duquesa de York, título que mantém apesar de ser divorciada do segundo filho varão da monarca britânica. Convém referir que estes títulos, como o que receberam William e Kate, não são títulos de nobreza, mas títulos reais, ou seja, estão na posse exclusiva dos referidos elementos da família real britânica.
No caso específico da Firma, como se designam os Windsor, o ducado é um título de importância máxima. Duque vem do latim dux, que significa aquele que é o leader. O número um na linha de sucessão ao trono, além de príncipe de Gales, é duque da Cornualha e a própria rainha é duquesa de Lancaster. Por isso, o título de duques não é um desprestígio. É uma honra! E em todo o gotha europeu, o título de duque está sempre associado a príncipes. As infantas de Espanha, filhas e irmãs do rei Juan Carlos, são duquesas. Os príncipes herdeiros da Bélgica são duques de Brabante e os da Grécia são duques de Esparta. Na Suécia, Daniel Westling, ganhou com o casamento o título de duque de Vastergotland e o príncipe Alberto do Mónaco é duque de Valentinois. Em Portugal, historicamente, o duque de Bragança era o filho primogénito dos reis. Há ainda duas variações importantes de ducados: os arquiduques de Habsburgo, do império austro-hungaro, e os grão-duques do Luxemburgo, que é uma monarquia constitucional da União Europeia.
O ducado de Cambridge, que foi criado em 1801 e extinto depois da morte do segundo duque, em 1904, inclui também mais dois títulos: o de condes de Strathearn e de barões de Carrickfergus. O condado em questão tem origem em 1357 e estava extinto desde 1943. O baronato irlandês existiu como título independente entre 1841 e 1883. Cabe apenas à rainha, como soberana, a atribuição de títulos. E a escolha de tais honras é, simultaneamente, um tributo às gerações anteriores, a pensar no prestígio que este novo casal real pode vir a dar à monarquia britânica. Tem sido sempre essa a máxima não só de Isabel II, desde que herdou a coroa em 1953, mas também dos seus antecessores.
Texto: Alberto Madeira Miranda; Foto: Reuters
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