Teresa, a mãe da agricultora Catarina Manique, foi uma das convidadas de Cristina Ferreira da emissão desta quarta-feira, 3 de junho, d’O Programa da Cristina e abriu o coração para falar sobre o casamento de sofrimento de mais de duas décadas e das dívidas contraídas pelo ex-marido, que ainda hoje a assombram.
A mãe da agricultora de Quem Quer Namorar com o Agricultor? separou-se quando tinha 42 anos, depois de 22 de casamento, que se basearam em muita falta de amor e escravidão, como a própria explica.
«Ele era uma pessoa que não me ligava nenhuma. Eu era a escrava onde ele limpava todos os dias os pés. Eu trabalhava que nem uma negra e ele passeava», explica Teresa.
A vida da família de Catarina mudou quando esta foi diagnosticada com uma leucemia, aos 12 anos, e esta e a mãe tiveram que se mudar para a capital, para fazer os tratamentos no IPO de Lisboa. Foi aí que Teresa começou a encarar a realidade que vivia na quinta no Fundão de uma forma diferente e começou a pensar em divorciar-se.
«Tinha a minha conta descoberta em 20 euros, não tinha um tostão»
Foi a conversa com as mães de outros doentes com leucemia que lhe abriram os olhos para a vida desgostosa que vivia. «Abri os meus olhos porque eu andava com eles fechados. Aquilo era um meio pequenino e ‘aí daquelas que se divorciassem’», refere.
«Quando cheguei a minha casa, eu que deixei um certo dinheiro no banco e estava todo destruído e não tinha nada. Eu tinha a minha conta descoberta em 20 euros. Eu quis arranjar lá um quarto para a minha filha e uma salinha de estar, se não não me davam autorização que eu a levasse para casa, que eu ainda tive de ter a minha Catarina na casa da madrinha, que é a minha irmã, para eu arranjar. Cheguei lá e não tinha um tostão. E eu disse: o que é que eu ando aqui a fazer?», conta.
«Nunca me deu um centavo e ainda vem dizer que eu devo 13 900 euros»
Foi depois deste grave episódio que Teresa decidiu colocar um ponto final no casamento de mais de duas décadas.
«Quando eu me levantava era quando ele ia para a cama. E naquele dia eram duas da manhã e ele não ia para a cama e eu fui chamá-lo ‘então mas que vida é a nossa?’ e ele vai, bateu com os pés no chão, e foi como quem disse: ‘Vai-te embora que me estás a estorvar’. Eu fui para a cama e toda a noite chorei e disse para mim ‘deixa lá que é hoje’. Levantei-me eram cinco da manhã para ordenhar as minhas vacas. Ele eram 8 da manhã quando apareceu ao pé de mim, e eu disse-lhe: ‘Olha, a partir de hoje governas-te porque eu não estou mais para governar ninguém. Vais à tua vida que eu fico com as dívidas que tenho e com as duas filhas, uma doente e a outra com saúde’. E ele não queria sair e eu obriguei-o a sair de casa», revela.
Mesmo depois da separação, o pai de Catarina Manique continuou a ser desligado da família e, tal como Teresa conta, nunca ajudou em nada, nem nos «medicamentos que eram caros» e que Catarina precisava para recuperar do problema de saúde que atravessava. «Nunca me deu um centavo para as filhas e ainda vem dizer que eu lhe devo 13 900 euros», diz.
Tomada a decisão de se separar, a mãe da agricultora diz ter-se sentido «muito aliviada». Na verdade, Teresa acabou por reencontrar o amor ao lado de um vizinho, que é hoje o seu companheiro. «É mais velho que eu. Compreende-me muito bem», afirma.
Texto: Marisa Simões; Fotos: Divulgação SIC e reprodução Instagram
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