O pai de Valentina mudou a sua versão da história sobre o homicídio da filha, ocorrido em maio, em Atouguia da Baleia, Peniche, e acusa agora a mulher, Márcia, de ter sido ela a matar a menina, de nove anos. Sandro Bernardo contou à polícia que não conseguiu impedir o crime, avança um jornal diário.
Numa carta enviada ao irmão, Sandro contraria o relato feito aquando do primeiro interrogatório judicial e que o levou, juntamente com a madrasta de Valentina, a ser acusado de homicídio qualificado, em coautoria. “Acordámos [pai e os outros filhos] com a Valentina aos gritos. A Márcia estava a encher a banheira de água quente e a Valentina já estava a esticar-se toda e a abrir os olhos”, escreve. Frisa que conseguiu tirar a filha da banheira e levá-la para a cozinha, mas que já não foi a tempo que lhe salvar a vida.
“A Márcia pôs o diabo dentro de mim”
Segundo o Correio da Manhã, as culpas são atiradas para a mulher. “Ela disse-me que ia chamar alguém para queimarem a menina. Mas eu disse que não, estava na esperança de que ela acordasse. Mas nada”, afirma Sandro, relatando ainda que chegou a pedir à madrasta de Valentina “para chamar a ambulância”. “Foi aí que falhei. A Márcia começou a fazer-me a cabeça, pôs o diabo dentro de mim. E começou a dizer que eu ia ser preso e que as meninas iam ficar sem ninguém”, acrescenta.
Recorde-se que Sandro e Márcia foram formalmente acusados pelo Ministério Público (MP) de homicídio qualificado, profanação de cadáver e abuso e simulação de sinais de perigo. Arriscam 25 anos de prisão e o pai de Valentina está ainda acusado do crime de violência doméstica em relação à filha.
Valentina esteve 13 horas em sofrimento
Na acusação, o MP relata que a criança esteve 13 horas em sofrimento, desde o momento em que começou a ser agredida até ter perdido a vida. Adianta que os dois arguidos “deixaram a menor entregue a si própria no sofá da residência” durante esse período, ao “abandono”.
A acusação diz que Sandro quis confrontar a filha sobre ter trocado mensagens com conteúdo sexual com colegas de escola, acabando por a agredir violentamente com “vários murros” na cara, tórax, costas e pernas, descreve o Observador, que teve acesso ao processo. Neste relata-se que Sandro terá apertado “o pescoço” de Valentina “com as mãos”, “apertando-o e sufocando-a”.
Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: DR
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