Parece mentira, mas não é! O meu patrão chamou-me ao gabinete dele e começou com a conversa que eu esperava há vários anos. Falou do meu profissionalismo, da minha entrega laboral, da minha forma de agir perante as dificuldades, do facto de ser uma trabalhadora exemplar… De tudo aquilo que, a bem da verdade, tem razão.
Entrego-me a 100 por cento em tudo o que faço. Sou empenhada e não deixo, nunca, nada por fazer para o dia seguinte. Acho que essa deveria ser a responsabilidade de todos os trabalhadores. Na verdade, não acho que faça mais do que a minha obrigação. Estes são os meus deveres enquanto trabalhadora de uma empresa. É assim que tenho de fazer para que, no final do mês, receba justamente (não me refiro a valores), o meu ordenado.
Bom… conversa para cá, conversa para lá e eis que… O discurso vai para a questão da minha idade – tenho 32 anos – e o facto de estar na altura de ter filhos.
Aí… parei! Aliás… congelei!
Começou a dizer-me que apesar de todas as minhas qualidades não me poderia dar um cargo superior como era merecido, porque ao mesmo tempo não achava justo eu ser promovida e pouco tempo depois ir para casa deixando o lugar vago durante uns meses.
Continuei congelada, até que… acordei para a vida!
A primeira pergunta que lhe fiz foi: «Mas quem lhe disse que estou a pensar em ter filhos?» A segunda foi: «Se isso fosse mesmo real, o que me impediria de continuar a ser profissional tendo filhos?» A terceira: «Como é que um patrão pode dizer que tem uma trabalhadora exemplar, mas só não a promove porque meteu na cabeça que ela iria engravidar depois disso?»
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