Bullying
Sinais de alerta que podem ser manifestados pelas vítimas

Estilo de Vida

O dr. Paulo Dias, Neuropsicólogo e Hipnoterapeuta das Clínicas Dr. Alberto Lopes, explica-nos o que é o bullying e quais são os sinais a que devemos prestar atenção.

Sáb, 18/11/2023 - 18:00

Na escola, no desporto e cada vez mais, nas redes sociais, as crianças e adolescentes são frequentemente vítimas de bullying entre intimidação, agressão e exclusão. De acordo com pesquisas recentes, estima-se que uma em cada quatro crianças, em idade escolar, sejam alvo de algum tipo de bullying. O dr. Paulo Dias, Neuropsicólogo e Hipnoterapeuta das Clínicas Dr. Alberto Lopes, explica-nos mais sobre este conceito.

O que é o bullying?

O bullying é mais do que uma simples manifestação inofensiva de brincadeira ou competição saudável, porque nem todos os comportamentos agressivos devem ser considerados bullying.
Na sua essência, o bullying é uma crueldade sistemática, uma forma de abuso voltada diretamente para alguém percebida como mais fraca, frágil ou vulnerável, com a intenção de obter poder sobre ela, infligindo de forma persistente algum tipo de sofrimento psicológico ou físico. Este fenômeno pode assumir várias formas, desde agressões físicas (comportamentos agressivos através de empurrões, socos, pontapés), agressões verbais (insultos e apelidos humilhantes, que podem deixar cicatrizes profundas para toda a vida), exclusão social (intenção clara e voluntária de isolar a criança ou adolescente de atividades e interações sociais importantes) e o por último, o cyberbullying (utilização da tecnologia para espalhar mensagens ofensivas, ameaças ou rumores difamatórios, ampliando o alcance e intensidade do impacto emocional sobre as vítimas), sendo que esta forma tem ocupado, cada vez mais, um lugar de relevo preocupante na sociedade. Com a “explosão” das redes sociais existe uma clara mudança da natureza e extensão do bullying, começando a invadir um espaço que até então era considerado como seguro para a vítima, tornando difícil escapar desse assédio, mesmo dentro da sua própria casa.

Escondidos através de um ecrã, os bullies  (agressores), sentem-se desinibidos e na maioria das vezes de forma anónima, manifestam comportamentos de intimidação, ameaça, assédio ou ridicularização, levando a consequências devastadoras para as vítimas. É imperativo que, ao abordar o bullying, se reconheça que qualquer um destes atos insidiosos pode ter consequências devastadoras e implicações a longo prazo para o bemestar emocional e psicológico destes jovens, podendo resultar numa série de problemas de saúde mental como ansiedade, depressão, baixa autoestima e, em casos extremos, pensamentos suicidas e comportamentos autolesivos, que de uma forma disfuncional podem persistir pela vida adulta manifestando-se em dificuldades de adaptação e resiliência aos desafios da própria vida. Embora a consciencialização sobre os efeitos nocivos do bullying tenha aumentado nas últimas décadas, há uma tendência de subestimar a seriedade deste problema. Assim, desvalorizar o bullying em determinadas situações acaba por ser uma forma silenciosa de aceitação dessa crueldade e esconde o verdadeiro impacto do dano que causa. A noção de que as vítimas devem simplesmente “defenderem-se” é um equívoco persistente que desvia a atenção das consequências profundas e negativas que este problema tem sobre elas.

Quais são os sinais?

As vítimas de bullying muitas vezes sofrem em silêncio, com medo de retaliação ou de serem mais estigmatizadas, por isso, é importante que os pais estejam atentos a algunssinais de alerta que podem ser manifestados pelo seu filho:

Mudanças no comportamento: mudanças significativas no comportamento, como tornar-se retraído, agressivo, ansioso ou deprimido, quebra repentina no rendimento escolar reforçado pela falta de concentração e desinteresse pela escola.
▪ Isolamento Social: evitar interações sociais, passar mais tempo sozinho ou afastar-se do seu grupo de amigos e colegas.
▪ Lesões inexplicáveis ou frequentes: Ferimentos como arranhões, hematomas ou cortes, sejam infligidos pelo outro ou por si próprio.
▪ Alterações nos padrões de sono e alimentação: Ter dificuldades para adormecer ou terrores noturnos, alterações de apetite (comer em excesso ou recusar comer).

As estratégias

▪ Comunicação aberta: Construir uma relação sólida de comunicação entre pais e filhos, onde podem expressar livremente os seus sentimentos e preocupações é um dos pilares centrais para a prevenção do bullying e essencial para promover a resiliência e o apoio emocional.
▪ Educação emocional: Os pais devem ensinar aos filhos a importância do respeito, nda empatia e da aceitação da diversidade, sendo um modelo de aprendizagem de comportamentos positivos nas suas interações diárias.
▪ Interação pais-escola: Os pais devem colaborar com as escolas para garantir que existam políticas claras e eficazes de prevenção do bullying. Participar ativamente em reuniões escolares, apoiar programas de consciencialização e educação sobre o bullying e incentivar a implementação de medidas disciplinares apropriadas para os agressores são formas concretas dos pais contribuírem para criar um nambiente escolar seguro e inclusivo.
▪ Apoio Psicológico: Quando sentem que o filho está preso num ciclo vicioso de sofrimento de pensamentos e emoções negativas, procurar a ajuda especializada é uma necessidade fundamental.

Sabia que a hipnose como ferramenta coadjuvante à psicoterapia pode ajudar as crianças e adolescentes que sofrem ou sofreram de bullying a superarem determinados traumas e crenças limitantes, resultado desses episódios persistentes, bem como fortalecer a sua autoestima e confiança em si próprio?

O bullying não deve ser visto apenas como um problema isolado, mas sim como um
reflexo da instabilidade da nossa sociedade. Para um futuro mais seguro, é importante
que pais e educadores trabalhem em conjunto para promover uma cultura de respeito
e empatia desde a infância. Dessa forma proativa e sensível, podemos criar um ambiente
onde todas as crianças e adolescentes possam sentir-se seguras, apoiadas e assim,
contruirmos um final feliz para cada história.

Fotos: D.R.

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