Batata Cerqueira Gomes é um nome muito conhecido no Norte do País. O empresário, que durante muitos anos foi proprietário de discotecas, é dono de um espaço que está a dar que falar além fronteiras: O Armazém, situado em Miragaia, Porto, está a ser referenciado pela imprensa internacional.
A VIP foi conhecer melhor o homem que idealizou e lutou por este espaço, mesmo quando ninguém acreditava no potencial do projeto. Em entrevista, o tio de Maria Cerqueira Gomes aborda a contratação da sobrinha pela TVI e fala na rivalidade que vive com Cristina Ferreira, numa altura em que nova apresentadora do Você na TV acaba de ser desafiada para se lançar a solo na condução do programa A Tua Cara Não Me É Estranha. Batata acredita no talento de Maria Cerqueira Gomes, mas não esconde a admiração por Cristina Ferreira… Casado com Raquel, tem na família e nos dois filhos, Luís, de 31 anos, e Carlota, de 25, o maior apoio.
Revista VIP – O Batata Cerqueira Gomes é o rosto do Armazém, um espaço que foi referenciado pelo New York Times. Como é que se chega aqui?
Batata Cerqueira Gomes – Chega-se aqui primeiro pela paixão, pela dedicação e pelo trabalho. Não é fácil encontrar, como eu me deparei com um armazém com 1500 metros quadrados, onde chovia copiosamente e não havia eletricidade, um armazém com 160 anos e transformá-lo num sítio como este. Muita gente dizia ‘Batata tu és maluco, vais desgraçar a tua vida toda, não te metas nisso, porque não tens hipótese nenhuma, é em Miragaia e isso está tudo desfeito’. Mas quanto mais me diziam isso, mais força me davam para eu ficar com o Armazém. Foi na hora certa.
O facto de ter conquistado a imprensa internacional foi uma ajuda preciosa para o negócio?
Ajudou sim. O facto de 90% das pessoas que trouxe me dizerem para eu não ficar com isto, ainda me deu mais força para me empenhar, não que não me fosse empenhar, mas para eu dar tudo o que eu tinha para que realmente isto fosse um sucesso. O sucesso do armazém deve-se a um trabalho de equipa, o Batata foi o mentor. É muito gratificante apreciar os turistas que aqui entram, desde noruegueses, a ingleses, tudo com guias turísticos da Yves Saint Laurent, que também referencia o espaço. É prestigiante, assim como ver documentários da BBC sobre o espaço. O The Guardian também fez meia página do Armazém. É lógico que isso nos deixa muito satisfeitos e muito orgulhosos, porque eu costumo dizer que, quando são coisas nacionais, ainda podem dizer que é porque o Batata conhece A B ou C. Eu não conheço ninguém no New York Times, nem na BBC, nem do The Guardian, nem no Figaro , muito menos no guia turístico da Yves Saint Laurent. E o que é certo é que o armazém está lá e por alguma razão.
É muito conhecido aqui no Norte. Atualmente, os seus negócios baseiam-se na elite ou é mais ligado ao turismo?
Eu não gosto muito de algumas palavras, como jet set e elite. Para mim, são todos iguais, também tenho uma empresa de eventos e faço eventos de milhares de euros como de centenas de euros. Para mim, os clientes são exatamente iguais. Não é por estar a fazer um evento mais caro que os vou tratar melhor. Neste momento, isto é a minha grande paixão, porque este Armazém tem um horário das 8h30 às 20h. Mas, depois das 20h, fecho para festas particulares e de empresas. Depois, funciona os sete dias da semana, só fechamos no 25 de dezembro. É um esforço grande, mas compensa.
«Qualquer bom empreendedor e bom empresário raramente descansa»
Reparei que está sempre ao telefone. Tem tempo para descansar?
Não. Acho que qualquer bom empreendedor e bom empresário raramente descansa. A minha mulher Raquel chega a casa e desliga, eu não consigo.
É workaholic?
Um bocadinho. Tenho aqui o Armazém todo ligado com um sistema muito sofisticado de vídeo e, quando vou de férias, estou no telefone a ver tudo o que se passa aqui. Não consigo desligar, há alturas que a Raquel diz ‘vamos com uma condição, o telefone só é usado durante uma hora por dia!’.
Os seus filhos não lhe dizem o mesmo?
É mais a Raquel, até porque eu digo sempre na brincadeira ‘O pai está aqui muito atento, porque é o nosso ganha pão’. É verdade. Não dedico 24 horas por dia, porque há três ou quatro que eu durmo.
Já cometeu algumas loucuras na vida, por exemplo, já sobrevoou um concerto para passar uma mensagem de marketing, já roubou um elétrico… É um homem muito irreverente?
Sou, tento sempre fugir à regra, ser original e, com isso, não quer dizer que seja melhor do que os outros. Diferente. E, realmente, quando tinha o Twins, soube que vinha cá os Rolling Stones com o Mick Jagger e eu disse ‘eu tenho de arranjar maneira de o Mick Jagger vir ao Twins’ e foi o que fiz, aluguei uma avioneta e, em inglês, escrevi uma mensagem para ele: ‘Mick, não tens tomates para vir hoje ao Twins!’ Assinado Batata. A realidade é que foi uma grande jogada de marketing, foi capa de jornais diários, ele realmente não foi, mas foi a filha e foi uma noite divertidíssima. Em relação ao elétrico, em 1977/78, à porta do Twins sempre, às 4h30/ 4h45 da manhã, parava um elétrico. Nesse dia, eu estava inspirado. Andámos um quilómetro e tal.
«Gosto de me sentir no papel de criança»
Não teve problemas com as autoridades?
Não, antigamente as brincadeiras eram saudáveis. Hoje em dia, era impensável, as brincadeiras que se usam atualmente não são muito o meu género. Tenho 56 anos, mas, muitas vezes, penso como um miúdo de 22 anos, porque é bom para o meu ego. Faço desporto regularmente, quase todos os dias, isso também é muito bom. Muitas vezes gosto de me sentir no papel de criança.
Já não está ligado aos negócios das discotecas. Cansou-se desse tipo de atividade?
É um bocado essa palavra, o cansar. Volto ao que estava a falar, os tempos são outros, as pessoas são outras, a maneira de se divertir hoje em dia é outra. Não estou a dizer que é melhor ou pior, só que já não se encaixa no Batata. Por isso, não tinha lógica nenhuma o Batata, hoje em dia, estar na noite, até porque eu acho que já sinto um bocado demodé em relação à noite de hoje em dia. Se me perguntar ‘qual foi a última vez que saiu à noite?’, não me lembro!
Este espaço também é procurado por causa da sua sobrinha, a Maria Cerqueira Gomes? Abordam-no na rua por causa da sua sobrinha?
Há muita gente até que pensa que eu sou o pai da Maria. Nós somos sete irmãos e o pai da Maria é o segundo mais velho e aquele com quem eu sou muito parecido. Portanto, além de haver as parecenças como esse meu irmão, ele, como advogado, não é tão conhecido como eu. É normal que as pessoas tenham essa tendência de dizer que a Maria é minha filha. Embora a própria imprensa quisesse deitar muita lenha para a fogueira, quando saiu a notícia de que a Maria ia para a TVI por causa das comparações com a Cristina Ferreira … O que digo é que a Maria é uma excelente profissional e que, de certeza absoluta, vai fazer um bom papel na TVI. Agora, não me peçam para dizer mal da Cristina Ferreira, eu continuo a dizer que, para mim, a Cristina Ferreira na televisão pode ser comparar ao Cristiano Ronaldo no Futebol, ponto final, parágrafo! É uma excelente profissional.
Considera que a Maria também está a fazer um bom trabalho…
Sem dúvida alguma. A Maria precisa de tempo. Como se costuma dizer, Roma e Pavia, não se fez num dia e a própria Cristina Ferreira também não foi num estalar de dedos…
Recentemente, Manuel Luís Goucha também disse isso, que a relação com a Cristina demorou 14 anos a construir e que com a Maria Cerqueira Gomes está a correr muito bem, mas que tem meses…
É importantíssimo esse pequeno pormenor. Na televisão, muito mais ainda, porque tem de ser tudo muito bem estudado e passa cá para fora. Por isso é o que costumo dizer: deem tempo à Maria, porque a Maria vai chegar lá, não tenho dúvidas nenhumas.
Os seus filhos são o seu futuro nos negócios?
Tenho uma mulher maravilhosa e dois filhos, um rapaz 31 anos e uma rapariga com 25. O Luís, que é o mais velho e o pai dos meus dois netos, é advogado e já tem uma carreira pela frente. Sai de casa às 6 da manhã e chega a casa às 10 da noite. A Carlota é formada em marketing. Tem mais a ver com a mãe e com o pai e estou convencido que, mais tarde, será a nossa seguidora. Não tenho dúvidas nenhumas que a Carlota vai dar seguimento a este negócio.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: João Manuel Ribeiro
Siga a Revista VIP no Instagram