Disseram-me que tinhas mau feitio, que eras igual à mãe. Que bom, era sinal que sabias o que querias…
Inteligente sem gostar de confusões, preferias fazer sinais e sons em vez de formares palavras. Sabia que eras diferente, mas fechava os olhos e acreditava que tinhas o feitio da mãe.
Mas o feitio tornou-se agressivo, doloroso a cada frustração, a cada contrariedade. As marcas começaram a aparecer nos nossos corpos… A tua revolta refletia-se na agressão contra ti e contra mim. Doía ver-te fazer birras e magoares-te, aparentemente sem razão. Doía quando me batias e mordias, mas a dor não era física. Doía-me a alma porque não sabia o que se passava contigo mas continuava a amar-te, mais do que nunca.
Aos oito anos veio finalmente o diagnóstico, preto no branco, e apesar de desconfiar que eras especial como todas as crianças doeu ainda mais. E agora?! Sabes?! Agora é um dia a seguir ao outro. Uma tentativa a seguir à outra para perceber o que funciona contigo e fazer os possíveis para seres feliz. É importante que o sejas.
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