Atentados em Bruxelas
O relato de uma jornalista que viveu momentos de terror no metro

Internacional

“Estávamos certos que íamos morrer”

Qua, 23/03/2016 - 10:23

Samla da Rosa é uma jornalista brasileira que nunca mais vai esquecer o dia 22 de março de 2016. A mulher, de 53 anos, escapou á explosão que fez vários mortos na estação de metro de Maalbec, em Bruxelas. Samla viveu verdadeiros momentos de terror, que relata num texto que publicou nas redes sociais.  “Estávamos certos que íamos morrer”, afirmou.

Leia aqui o relato na íntegra: 

“Amigos, hoje vivi um momento daqueles que tentamos entender…. mas é muito difícil. Eu estava no trem do metrô que sofreu o atentado. Ia de casa ao centro de Bruxelas.
O trem já havia dado partida da estação Maalbec. Tudo se passou muito rápido. A explosão foi surda e só nos demos conta que estávamos no meio de um atentado quando os vidros das janelas caíram sobre nossas cabeças e vimos fogo do lado de fora do trem, além de vermos trilhos destruídos. Alguns gritaram de pânico, “é um atentado terrorista”. Eu e as pessoas sentadas à minha frente nos deitamos no chão e nos abraçamos. Tínhamos medo de outra explosão e estávamos certos que íamos morrer.
Alguém reagiu e gritou que tínhamos que sair dali porque íamos morrer sufocados pela fumaça. Pouco a pouco começamos a pular a janela do trem, protegendo o nariz para não respirar aquele ar sufocante. As portas estavam bloqueadas. Quando saí dei-me conta que haviam muitos feridos, os outros vagões de trás do nosso estavam destruídos… a esta altura, a fumaça já havia tomado tudo. 
O condutor do trem falava ao rádio e mostrava ferimentos ao rosto.
Dizia que havia evacuado seu trem e ia começar a guiar as pessoas para fora da estação. Ele começou a abanar sua pequena lanterna para mostrar o caminho. Não conseguíamos ver nada, porque a fumaça era muito forte. Alguns degraus da escada rolante faltavam por causa da explosão e a gente tentava encontrar a saída.
A solidariedade nesta hora é imensa. Um abraça o outro. Eu agarrei uma moça que estava queimada no rosto e chorava muito. Ela não conseguia sair do lugar. Eu amparei-a e falei: vamos sair, não vamos morrer. Deixa-a nas mãos dos paramédicos ao lado de fora e espero que ela um dia consiga ter uma vida normal.
Finalmente estávamos todos lá, na calçada. A polícia começou a chegar e logo fomos cercados por ambulâncias. Muitos feridos, gente queimada e um braço solto na calçada que jamais esquecerei.”

Texto: Ricardina Batista; Fotos: DR 

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