António Sala
Emociona-se ao relembrar momento de dor: “Foi muito difícil”

Nacional

António Sala foi o convidado de Manuel Luís Goucha No Conta-me. O radialista até se emocionou a falar sobre uma das maiores perdas da sua vida.

Dom, 06/08/2023 - 8:00

António Sala foi o protagonista do programa de sábado à tarde da TVI Conta-me. Entrevistado por Manuel Luís Goucha, o locutor e apresentador de televisão abriu o coração ao apresentador e não deixou nada por dizer. Seja sobre a vida pessoal, ou sobre a vertente profissional.

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O ex-radialista começou por explicar o porquê de ansiar pelo estrelato, quando era mais novo: “Queria ser famoso e imitar as minhas referências. O Artur Agostinho, Pedro Moutinho a Dona Maria Leonor“. “Antes de ser o Sala a falar nas manhãs, eu era um atorzinho a colocar a voz”. Com os olhos postos no teatro, António Sala revela que o sonho de ser ator rapidamente foi por água abaixo. “Numa audição a Dona Maria Leonor diz-me que eu não tinha grande jeito para representar”. No entanto, nem tudo foi mau. “Diz-me que numa prova de improviso fui o melhor e disse-me que poderia ser um bom locutor de rádio”.

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“E eu não valorizei muito aquilo e contei a minha mãe até com tristeza. E ela olhou para mim e disse-me: ‘Foi a Dona Maria Leonor? Tu és estúpido! Essa senhora é a maior locutora portuguesa”, disse a progenitora. O comunicador seguiu os conselhos da mãe e enveredou mesmo por esta área, com o sucesso que se conhece. No final da década de 1970, troca a Rádio Difusão Portuguesa pela Rádio Renascença. “Foi um risco. Troquei algo certo pela estação que era a terceira… mas eu estava cansado. Percebi que ia para um sítio onde estava mais tranquilo. Onde não iria sofrer tantas pressões” .

Pouco tempo depois, a RR ascende à liderança das rádios mais ouvidas em Portugal. O sucesso foi tanto que António Sala, numa sondagem do Expresso, bateu Mário Soares como figura mais popular do país. “Fiquei imensamente feliz. Nessa noite, fui para a cama e caíram-me as lágrimas”.

 “Nunca chamei mãe à minha mãe. Chamava mãe à minha avó”

Foi no seu ofício que o artista soube da morte da “pessoa que mais marcou a sua vida”, a avó Sara. “Eram 8h30 e eu tinha saído para ir buscar discos. Foi muito difícil. Cheguei ao fim do programa e percebi que a minha voz não deveria ter sido a mesma. Mesmo no final, partilhei a minha dor com o público”, recorda. Em jovem, passava mais tempo com a avó do que com a mãe. Quando a mãe vem trabalhar para Lisboa, António Sala mantém-se na aldeia da Bairrada. A ligação com a avó estreita-se ainda mais. “Nunca chamei mãe à minha mãe. Chamava mãe à minha avó”. À mãe chamava Cazinha, de Cármen.

O pai só conheceu já bem tarde, depois dos 20 anos. “Foi assim a vida… Durante anos ouvi ‘cobras e lagartos’ acerca do meu pai. Um dia fui ao Norte e um amigo meu do Porto vem ter comigo e diz-me ‘está ali uma pessoa que te gostava de conhecer’. Afastou-se e… havia uma árvore e um candeeiro. Achei aquilo um bocado bizarro. Quando me aproximo, percebi imediatamente que era o meu pai”, relembra. “Ele sorriu para mim e diz-me ‘perdoa-me, meu filho'”, assinala António Sala, sem esconder a emoção. “Criei uma relação extraordinária com o meu pai”, aponta. “Tocava acordeão, tinha uma voz doce, era uma pessoa muito meiga, fantástica. Faleceu com Alzheimer com grande sofrimento”, terminou o radialista.

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Texto: Luís Duarte Sousa
Fotos: Redes Sociais

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