António Pedro Cerdeira foi o convidado do “Alta Definição“, SIC, deste sábado, 5 de junho, 11 anos após ter participado no mesmo programa pela primeira vez. Passada mais de uma década, o ator de “A Serra“, do mesmo canal, garante que nessa altura “era mais feliz”. “Agora tenho momentos de maior felicidade”, garante.
Celebrou 51 anos no passado dia 1 de junho e falou, abertamente, sobre a saudade que sente da mãe, que morreu há um ano e meio. “É uma saudade que fica, é um buraco que fica em ti. Eu acho que não se fica melhor pessoa. Ficas… mais pobre. Claro que as pessoas vivem em ti, mas ficas muito mais pobre. Sentes-te mais só”, garante. Vítima de leucemia, a degradação da progenitora de Cerdeira foi “muito rápida”. “Foi um processo doloroso, porque foi repentino a mudança física (…) aprendes a viver. É uma parte de dor, mas a minha vida tem de seguir (…) são vários estágios de dor e de luto. É um processo solitário. Um processo solitário, que nunca se cura”, acrescenta o ator, que “este é o primeiro trabalho” que está a fazer e em que “ela não vê”. “É a minha maior fã. Tenho pena… Tenho saudade…”, garante.
“Dos meus pais guardo essa força, a capacidade de luta interior”
Aos 21 anos, António Pedro Cerdeira teve de reconhecer o corpo do pai. Aos 49, o da mãe. “É uma imagem que tu guardas, mas o inconsciente encaminha-me para pensamentos positivos, mas há coisas que te ficam guardadas”, revela. “A minha mãe tinha uma grande forma de viver. Dos meus pais guardo essa força, a capacidade de luta interior. Foi isso que eles me deixaram. Gosto muito de lutar e de agarrar à vida”, assume.
“Vivo com muita saudade das pessoas”
O último ano e meio tem sido duro a nível de perdas. Morreu a mãe, o grande amigo Pedro Lima e, mais recentemente, Maria João Abreu. Como será que Cerdeira reage à ausência das “suas pessoas”? “Vivo com muita saudade das pessoas (…) a perda é sempre a perda. Acho que tu arranjas maneiras de a contornar de viver com ela, mas nunca fica sarada. Acho que ficamos realmente mais pobre enquanto seres humanos”, garante, com ar triste. De Pedro Lima, padrinho do seu filho mais velho, recordar a “maneira bruta que ele tinha de chegar”. “Tenho saudades da gargalhada dele. Ainda me custa a aceitar. Juro-te que muitas vezes é como se ele estivesse vivo (…)”, diz. “Somos uma enorme caixinha de supresas. Passamos por tanto… somos mais frágeis do que parecemos”, salienta. No que diz respeito a Maria João Abreu… “Todos os dias tinha um sorriso e boa energia para te dar, para te transmitir. O exemplo dela é o que nos faz querer brilhar ainda mais, querer sorrir ainda mais, querer dignificar e honrar este projeto [“A Serra”] em nome dela, porque era uma pessoa que merecia isso. Esse sorriso, essa boa disposição, esse abraço que perdura em nós e que vai continuar, e que nós nos lembramos, é a marca que ela nos deixou e é o que vai mudar neste elenco, é ainda lutar mais”, garante.
“Tenho momentos em que me apetece desistir de tudo”
Apesar de muitos momentos em que se sentiu mais em baixo, o consagrado ator diz que nunca pensou “em suicídio”. “Tenho momentos em que me apetece desistir de tudo e ficas sem força para nada. Mas quando vou lá baixo, há alguma coisa que sempre acontece alguma coisa muito boa. A vida também traz muita coisa boa”, assegura. “Amei muito e amo muito. Tenho uma capacidade de amar. Sou de sentimentos. Sou de entrega total. É no ponto de vista também de amigos, porque os amo, digo que tudo vai correr bem, de dar um abraço, amar sem barreiras, deixar-te ir…”, finaliza.
Relação com os filhos
Lourenço, de 19 anos, e Afonso, de 16, são filhos de António Pedro Cerdeira. Está separado das mães de ambos e, apesar desse tema já ter sido algo que o magoou “muito”, agora está de bem com a vida com isso, e tem uma relação muito próxima com os filhotes. “A minha relação com eles mudou sem eu dar conta. De um momento para o outro és tu que estás a tomar conta e agora, de repente dou-me conta que tenho dois homenzinhos, que até me dão conselhos, que eu até posso pedir ajuda em determinadas coisas, que até posso desabafar… Estando distante, tenho uma relação de enorme proximidade, como se estivesse todos os dias com eles (…) é um misto de relaçãpo de pai, de irmão, de amigo… envolve tudo isto. Falo ao telefone e quando estou, é como se tivesse estado no dia anterior, sabes… Não noto a distância, não há nada forçado. Sinto que eles têm orgulho em mim e isso deixa-me muito feliz”, finaliza.
Texto: Andreia Costinha de Miranda; Fotos: Reprodução
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