Ângelo Rodrigues foi um dos convidados de Júlia Pinheiro no programa Júlia, na tarde desta quinta-feira, 24 de setembro, na SIC, e abriu o coração para falar da infância e da família. Depois de um ano difícil, resultado de um tratamento hormonal que o deixou entre a vida e a morte, o ator falou sobre a morte do pai e do irmão e da forma como esses trágicos acontecimentos o marcaram.
«Perdi algumas pessoas da minha vida, da minha família, o meu pai e o meu irmão», começou por dizer, deixando a própria apresentadora surpreendida por não saber que Ângelo tinha perdido um irmão. «Foi há quatro anos, ele tinha 40», explicou o ator.
«Gerir esses episódios foi complicado, mas já tenho isso resolvido dentro de mim», afirmou, falando depois sobre a morte do progenitor, que perdeu a vida com um cancro quando Ângelo tinha 25 anos: «Eu sempre tive um mecanismo que é, se está longe da minha vista, não existe. É um mecanismo de defesa para não sofrer, mas isso acaba por alimentar algumas lacunas emocionas. Há sempre uma parte que falta».
«São coisas que demoram a assentar»
Ângelo Rodrigues falou ainda sobre a relação que teve com os pais na infância. «Houve sempre um vazio de afetos, no sentido que o modelo parental dos meus pais não assentava muito na demonstração de afeto. As emoções não eram verbalizadas, não havia uma educação de afetos», explicou. «Como adulto, a esta distância, percebo que os meus pais também não tiveram uma educação de afetos e foi o melhor que conseguiram fazer. Mas só em adulto consegui ultrapassar isso», acrescentou.
Depois de se mudar do Porto para Lisboa, aos 18 anos, e de iniciar a carreira de ator, Ângelo continuou a sentir o mesmo vazio emocional, mas com alguns momentos de exceção: «A postura dos meus pais foi sempre ausente. Mas eu percebia sempre à distancia um pequeno laivo de orgulho e era nestas pequenas coisas, raríssimas, que eu encontrava algo onde me agarrar».
Sobre a morte do pai, o ator revelou ainda não ser um assunto completamente ultrapassado: «Acho que ainda estou a digerir isso. Os eventos traumatizantes na vida… há sempre uma expetativa de, quando a pessoa se desenvencilha disso, tem sempre uma resposta imediata. Mas estes processos são coisas que demoram a assentar dentro da pessoa, de difícil digestão».
«A perda do meu pai foi a perda de uma peça basilar», disse, falando ainda com Júlia Pinheiro sobre a última conversa que teve com o progenitor, quando este já estava muito doente: «Acabei por ter com ele uma conversa sobre sentimentos mas já ele estava frágil. Foi dita a palavra que faltava [amo-te]. foi das ultimas palavras que ouvi e consegui fechar a porta. Consegui passar por cima».
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução redes sociais
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