Andreia Rodrigues
Reage às notícias do seu afastamento

Nacional

“Este sexismo bacoco não tem contraponto na mesma medida por cá e todos os que fazemos TV sofremos, em algum momento, um olhar acusador que imagina cunhas e favores sempre atrás da porta”

Seg, 19/12/2016 - 15:06

Depois de ter sido avançado que Andreia Rodrigues será afastada das tardes da SIC, a apresentadora quebrou o silêncio e escreveu uma mensagem no blogue para esclarecer publicamente a sua continuação no canal.

 

Leia seguidamente o texto da noiva de Daniel Oliveira:

 

“Tenho assistido num tranquilo silêncio, que agora me vejo forçada a quebrar, ao que tem sido dito sobre mim, na sequência de uma matéria publicada na passada sexta-feira. Mesmo depois de a SIC ter esclarecido publicamente, no mesmo dia, que continuamos juntos em 2017, que renova a confiança em mim enquanto apresentadora (numa avaliação que decorre naturalmente do trabalho que tenho vindo a fazer), anunciando desde logo um novo projeto, com o qual, diga-se, estou muito entusiasmada, volto a comprovar que os factos são, hoje em dia, menos importantes do que a forma como que se quer contar uma história e como se quer fazer acreditar na mesma.

 

Sei que pago um preço por não falar sobre determinadas matérias, por não contribuir como se pretenderia para essa fogueira pública e, até, por mostrar que estou feliz e indiferente às injúrias. Isso leva a que, por exemplo, sobre a questão profissional, salvo algumas dignas exceções, as declarações oficiais da SIC não sejam tidas em conta na íntegra ou surjam fragmentadas de forma secundária e o que se privilegia é o que possa causar mais sensação. E depois, quando o tempo e a realidade tiverem corrigido as manchetes, já serão outros, os alvos sobre os quais disparar.

 

Para quem só lê os títulos, o que é plantado pode colher frutos em pessoas de bem, que são induzidas em erro, e noutras, que só acreditam naquilo em que querem acreditar, aproveitando a oportunidade para discorrer a sua maldade e mesquinhez de forma inqualificável, também no que à língua portuguesa diz respeito. São uma escassa minoria, é certo, mas a vida ensina-nos que basta um tiro para magoar e afetar aqueles que nos são mais próximos, como a minha mãe. Foi depois de falar com ela e a acalmar várias vezes este fim-de-semana, que decidi recuar na minha decisão de manter o silêncio sobre este assunto. Eu já aprendi desde há algum tempo a perceber que quem está na televisão tem muito pouco ou nenhum controlo sobre o que de si é dito.

 

Também me fui habituando a ignorar a maldade expressa em caixas de comentários de revistas, jornais e redes sociais, até porque já mais do que uma vez tentaram inventar coisas (que só existem na cabeça de quem inventa) que possam tentar justificar o trabalho que faço e a aposta contínua que em mim foi feita por, pelo menos, 6 decisores diferentes, em diferentes direções de programas e conteúdos. Qual o grau de injustiça que qualquer mulher sentiria se várias vezes ao longo da sua vida, a acusassem ou insinuassem que não é merecedora do que conquistou pelo seu mérito e do que manteve, pelo seu trabalho e seriedade?

 

Este sexismo bacoco não tem contraponto na mesma medida por cá e todos os que fazemos TV sofremos, em algum momento, um olhar acusador que imagina cunhas e favores sempre atrás da porta. Vai variando consoante a simpatia e empatia pelo profissional em causa. Ou então, só porque sim. Ainda assim, valha-nos a sorte, são ainda pequenas – no amplo sentido da palavra – exceções.”

 

Saiba aqui as razões que levaram à decisão do canal de Carnaxide.

 

Fotos: Impala e D.R.

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