O irmão de André Villas-Boas, João Villas-Boas, recordou recentemente o período difícil em que descobria a sexualidade e que chegou mesmo a pensar que era “um pecado” gostar de homens.
Em declarações à ‘Magg’, o ator contou que só revelou a sua homossexualidade quando tinha 22 anos. “Há um grande tempo da minha vida em que, como homossexual, dizia ‘eu não quero ser isto, porque isto não vai dar bom resultado para ninguém'”, comentou.
Apesar de a reação dos familiares ter sido de apoio, garantiu: “Nunca é um processo linear, porque os medos que eu tinha e carregava são medos que os meus pais ou irmãos, a uma dada altura, também podem ter carregado e carregaram certamente. E sonhos que, se calhar, também tinham para mim e acabam por ter de adaptar-se. Mas a minha família conheceu muitos dos meus namorados, que passaram natais lá em casa e que foram a festas. Portanto, hoje em dia, sim, posso dizer que há uma aceitação absoluta, mas também nunca disseram que me punham fora de casa por causa disso”.
O processo de aceitação
O irmão do atual presidente do FC Porto estudou 15 anos num colégio católico e explica que essa situação pode ter afectado o seu processo de aceitação e o ‘culpabilizar-se’. “Acho que lhe deu um caráter muito pesado, porque a homossexualidade é ainda vista como um pecado, muitas vezes – apesar de haver alguns dissidentes dentro da religião católica que já dizem que não. Mas continua a ser visto como um pecado. Portanto, todos os domingos que se vai à missa, está-se a falar sobre o pecado e eu, como homossexual, estou sempre em pecado“,declarou.
“Não há nada que eu possa fazer, ser, existir que não deixe de viver nesse pecado. É o caso da minha família: nós vamos à missa desde pequeninos e, desde essa altura, está-se a incutir essa ideia de que estamos errados, de que pecamos por pensamentos, palavras, atos e ações, portanto não há sítio para fugir. Não há forma de uma pessoa pensar ‘ah, não, isto é tranquilo’ – e tem um peso muito grande”, acrescentou.
No seguimento contou um episódio chocante: “A primeira vez que eu estive com um homem, eu lavei-me com lixívia e foi com a necessidade de me tentar limpar dessa ideia do pecado, de me tentar limpar de um sentimento de imundice que vivia em mim.”
Contudo, termina a garantir que hoje tudo mudou :”Nos últimos anos, há um salto muito grande em relação a isso e que tem a ver não só com a terapia que se faz, mas também com as pessoas de que me rodeei, da família escolhida de amigos, que me permite existir no ponto mais autêntico e me aceitar nesse sítio de maior autenticidade”.
Texto: Maria Constança Castanheira; Fotos: Redes Sociais
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