Ana Sofia Antunes
Ela vai ser a primeira deputada cega no parlamento

Nacional

Pela primeira vez, um deficiente sentar-se-á em S. Bento. Cega de nascença, Ana Sofia Antunes promete lutar pelos direitos dos invisuais

Sáb, 22/08/2015 - 20:00

A não ser que se verifique uma hecatombe nos resultados eleitorais do Partido Socialista no próximo sufrágio para a Assembleia da República, Ana Sofia Antunes será a primeira deputada deficiente em Portugal, pois está colocada em lugar elegível nas listas pelo círculo de Lisboa.

 

Cega desde nascença, é jurista, já trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa como assessora jurídica, passou pelo Departamento de Mobilidade, onde coordenou o plano de acessibilidade pedonal da capital, transitou para a EMEL, onde é provedora do cliente, ao mesmo tempo que desempenha o cargo de presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal.

 

Aos 34 anos, gosta é de estar em contacto direto com as pessoas, ainda se indigna e revolta com as situações sociais gritantes deste país, onde “pessoas continuam em situações de incapacidade laboral, a sobreviver com pensões de invalidez ou subsídios cujos valores mensais não chegam a 200 euros”, e promete mudar mentalidades no hemiciclo, para poder alterá-las posteriormente no resto do País.

 

Uma tarefa difícil, mas que não assusta Ana Sofia Antunes; ela já está habituada a desafios enormes ao longo de toda a sua vida…

 

VIP – Está preparada para mais esta luta e estará o hemiciclo preparado para ter uma deputada cega? Tanto em termos de infraestruturas e acessibilidades, como de mentalidades?

Ana Sofia Antunes – Serei a primeira deputada cega e a primeira deputada com deficiência que tem hipótese de vir a ser eleita. Enquanto pessoa com deficiência visual, não estou nada preocupada com a acessibilidade em termos físicos, até porque sei que rapidamente vou referenciar o edifício. O que me levanta algumas dúvidas é a acessibilidade à informação dentro do Parlamento, em que formatos são distribuídas as propostas de lei que vão a discussão e a própria votação. Desde o momento em que a informática surgiu, as pessoas com deficiência visual viram a sua existência muito mais facilitada, pois mesmo que nos entreguem um papel, desde que escrito a letra de Imprensa e não manuscrita, conseguimos colocá-lo num scanner e passar esse texto a um texto informatizado, que conseguimos ler através de um leitor de ecrã, com um software que temos instalado no nosso computador. Isso foi um salto gigantesco para as pessoas com deficiência visual. Desde que comecei a chamar a atenção para estas questões, o Parlamento já veio publicamente garantir que está tudo preparado; eu quero acreditar que sim.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição n.º944 da sua revista VIP, nas bancas ou aqui

 

Texto: Luís Peniche; Fotos: Bruno Peres

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