Ana Bustorff fala do cancro na bexiga
«Foi o trabalho, muita luta e o fumar que me fez ficar doente»

Nacional

Ana Bustorff esteve no programa Alta Definição num entrevista intimista com Daniel Oliveira, na SIC. A atriz lutou contra um cancro na bexiga e teve de fazer quimioterapia durante um ano e meio.

Sáb, 15/06/2019 - 14:40

Ana Bustorff, de 59 anos, foi a convidada de Daniel Oliveira deste sábado, 15 de junho, do programa Alta Definição, da SIC. A atriz, que há cinco anos lutou contra um cancro na bexiga, contou detalhadamente ao apresentador todo o processo que enfrentou desde que soube que estava doente. 

«Era um tumor maligno, de alta malignidade, o médico na altura até me disse que não há tumores benignos na bexiga e que são muito recorrentes. E é também uma zona do corpo um bocadinho mais esotérica… anca e bexiga é uma zona que tem a ver com segurança, com medo», começa por contar. «Acho que foi o trabalho, muita consumição, muita luta em algumas coisas minhas, acho que foi isso que me fez ficar doente também. E o fumar muito. Muito tabaco», confessa. 

Ana Bustorff conta como descobriu o cancro

«Como é que descobriste?, questionou Daniel Oliveira. «Fui a uma consulta de rotina do controle de mamas, útero e ovários e a médica disse-me: ‘Ana, a sua bexiga está muito estranha, estão aqui uns contornos muito estranhos’. Foi por mero acaso. Não urinava sangue e não tinha sintomas nenhuns. Fui imediatamente ter com a minha médica de família e disse-lhe que a outra médica me tinha dito que era muito urgente ver a minha bexiga. E era. Mais um mês e eu tinha ficado sem a bexiga», disse. «Depois o médico disse-me as coisas muito calmo, eu saí de lá da consulta como se me tivessem dito que tinha uma cárie nos dentes (…) disse-me: você está com um cancro grave na bexiga, sabe? Dez dias depois estava a ver operada no Hospital de S. João, no Porto».

Posto isto, Ana Bustorff fez quimioterapia durante um ano e meio. «Foi aí que me caiu mais a ficha. Foi aí que desabou tudo um bocadinho. Nas operações não, o médico que me operou era maravilhoso, aquilo era uma grande risota, com os disparates que eu contava e dizia». «A quimio custa muito. Nos primeiros três meses era uma vez por semana mas até o que me custou mais foi o dinheiro que tive que gastar nessa altura por ter de ser feita no sítio onde és operada. Tinha de regressar (a Lisboa), até porque ia estrear um espetáculo nessa altura, levantava-me às cinco da manhã, apanhava o comboio, fazia as três horas de quimio e depois voltava no comboio à noite e eles iam-me buscar. Ia direta para o teatro», conta, entre risos.

Sempre de olhar positivo, Ana Bustorff conta o que para si foi mais doloroso. «O que para mim foi pior foi psicologicamente. É um sítio próximo do nosso sexo, fica-se todo queimado com a quimio. Entra-se numa sala brutal onde está uma data de gente, tudo agarrado a catétares, tudo careca e não sei quê. Nós, os da bexiga, somos empurrados lá para um canto porque tem de ser feita deitados, tem de ser introduzido na uretra o líquido, depois andamos tipo frango de churrasco, um quarto de hora para cima, depois um quatro de hora para baixo. Eles punham biombos mas eu tirava-os para poder falar com as pessoas que estavam ao meu lado. Assim passa mais rápido.»

«O meu filho viveu isto um bocado assustado»

«O cabelo caiu-me um grande bocado, mas não caiu todo. E se caísse ia rapá-lo logo, acho super sexy uma mulher de cabelo rapado», brincou. «Vai fazer os cinco anos agora em setembro, que é aquele período que eles consideram que a pessoa está salva. Não tive mais nenhuma recaída mas pode acontecer», diz, «sei lá». 

Ana Bustorff tem um filho, Frederico, que acompanhou de perto a luta da mãe. «O meu filho viveu isto um bocado assustado, mas deu-me muita força. Ele achava que ia correr tudo bem». 

Após ter passado por todo este processo delicado, a atriz confessa que, «por incrível que pareça» ficou «mais calma.» «Percebi que é tudo mais efémero e que não vale a pena chatearmo-nos por um data de coisas», conta. «Tenho medo é da dor no sentido da doença. Do sofrimento mesmo físico e do sofrimento que posso causar aos outros (…) isso assusta-me.»

 

Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Impala e reprodução Instagram

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