A atravessar um momento de dor devido à morte da mãe, em novembro passado, Ana Bola abre o coração à VIP. «Ela já não tinha qualidade de vida há muito tempo e houve imensas vezes que eu, sozinha, quase que… não é desejar a morte a ninguém, mas é pedir que acabe o sofrimento… “Levem-me a senhora, ela que adormeça!” E assim foi. Foram muitos anos, foram mesmo muitos anos. Mas quando ela foi eu fiquei completamente à toa», relatou à margem das dobragens do filme As Aventuras do Dr. Dolittle.
«Tenho tantas saudades dela, mas tantas! Agora já me passou aquele desejo doido de voltar a tê-la cá, mesmo estando naquele estado. Isso já me passou, já consigo aceitar, mas as saudades não, isso fica para sempre. Estava na hora de partir e de descansar.»
A morte do pai
O pai de Ana Bola faleceu há seis anos. A atriz, de 67 anos, confessa que «é impossível descrever» a dor de perder um pai. «Tive um grande desgosto quando ele partiu. Tinha 94 anos e morreu porque caiu, se não ainda cá estava. Mas confesso que a morte da minha mãe foi uma coisa assim… não sei se é por ser mãe ou se é porque já só a tinha a ela… É o fim da linha, é mesmo o fim da linha. É assustador», referiu com os olhos brilhantes.
«Quando os últimos anos de vida das pessoas são muito dolorosos, é muito difícil… Eu já estava tão cansada, tão cansada, tão cansada, que parece que ficamos com uma espécie de um alívio, que quase que nos culpamos por tê-lo. É uma mixórdia de sentimentos… Agora, acredito que, há medida que o tempo vá passando, as saudades se mantenham, mas que eu vá recuperando as coisas boas e as boas memórias.»
Foi em dezembro, no podcast da Rádio Comercial Cada Um Sabe De Si, conduzido por Joana Azevedo e Diogo Beja, que Ana Bola revelou, para espanto dos radialistas, que estava a passar por um período de luto. E fê-lo no momento em que foi questionada sobre a forma como, por vezes, o trabalho que desempenha pode funcionar como uma terapia para fugir a problemas da vida pessoal.
Ana Bola é mãe de Tiago Forte, de 47 anos. Há oito anos que lida com a dor da saudade, quando o filho decidiu emigrar para a Islândia. A neta na altura tinha 12 anos.
«Ser avó é uma coisa excelente… Ter uma neta na Islândia não é a melhor maneira de ser avó… Sofro muito com isso. Mas é a vida, não há nada a fazer», lamentou a atriz, que tem uma ótima relação com a neta. «Fazemos imensas viagens juntas, encontramo-nos a meio caminho, porque as viagens para lá são caríssimas!»
«Adoro fazer dobragens»
A 16 de janeiro estreia o filme As Aventuras do Dr. Dolittle nas salas de cinema. Ana Bola dá voz à papagaia Polynesia, a mais antiga amiga de Dolittle. Esta não é a primeira vez que a atriz faz dobragens e é um trabalho que lhe dá muito prazer.
«Para quem está habituado a dar sempre a cara e a ter as pessoas à frente, é muito engraçado, porque é um trabalho muito resguardado e bastante criativo», disse.
Eduardo Madeira, Paulo Pires, Rita Blanco e Manuel Marques fazem também parte do elenco de vozes.
Texto: Filipa Rosa; Fotos: Tito Calado
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