«Desde tenra idade que acredito no velhinho de barbas brancas, que no seu saco gigante traz os presentes. Quando tinha 12 anos e tive a triste notícia dada pela minha amiga Joana, nem queria acreditar. Destruía-se o sonho e por momentos o Natal perdeu a magia. Mas ainda piorou, quando questionei a minha mãe e ela manteve as palavras da Joana. Não podia ser verdade… fiquei triste. Mas depois percebi que todos acreditam e decidi de outra forma continuar a acreditar. Hoje, digo ao meu irmão que ele existe e alimento a fantasia e divirto-me imenso. Todos os anos peço que ele não descubra a verdade. Tem tempo…» Catarina, 15 anos
Acreditar no Pai Natal ou na Fada dos Dentes, por exemplo, é completamente inofensivo para o desenvolvimento psicológico da criança. Este brincar “ao faz de conta”, estimula a imaginação e a criatividade, favorecendo a construção de uma estrutura emocional mais complexa.
Mas, o que aconteceu à Catarina pode acontecer a qualquer criança. De repente, quando menos espera, alguém conta a verdade nua e crua: o Pai Natal não existe.
Quando o segredo é revelado, os pais, devem agir em consonância com o que a criança já sabe. Devem auxiliar as crianças no processo de encontrar respostas para as suas perguntas e dúvidas, incentivando o processo de descoberta.
É natural, que com o passar do tempo e com o desenvolvimento cognitivo, surjam dúvidas e questões acerca da existência do Pai Natal. O sentido critico começa a desenvolver-se, as crianças estão mais atentas a tudo o que as rodeia e escutam as conversas dos adultos. Gradualmente também vão passando de um estado onde predomina uma maior fantasia para um estado onde predomina a realidade.
Manter o segredo não está no controlo dos pais e o inevitável ocorre… descobrem a verdade. O desfecho, esse pode ser diferente de criança para criança. Algumas, apesar de saberem que o Pai Natal não existe, preferem continuar a manter a magia a ele associada.
Em regra, condenam-se muito mais os pais por terem mentido do que as crianças por terem sido enganadas.
A confiança nos pais não é afetada por esta situação. As crianças podem ficar ligeiramente desapontadas ou mesmo até zangadas mas, rapidamente, a desilusão dá lugar a umas valentes gargalhadas. Afinal todas as crianças acreditam e todas vivem essa ilusão.
Os Pais, esses, só devem esperar serenamente que a criança tenha dúvidas e, no momento certo, optar por contar a verdade, sem precipitações, sem ansiedades.
Sugiro que o façam de forma tranquila, com uma linguagem adaptada à fase de desenvolvimento em que cada criança se encontra. Comecem por perguntar o que a criança sabe sobre o Pai Natal. Depois, contem-lhe aos poucos a verdade.
O segredo para que tudo corra bem é estimular sempre o bem-estar psicológico da criança. E aqui, embora não exista o Pai Natal existe tudo aquilo que ele significa.
O Pai Natal não vai deixar de existir totalmente. O velhinho das barbas brancas irá dar lugar ao espírito de Natal, a empatia, o amor ao próximo a generosidade e bondade, o que realmente importa.
Texto originalmente publicado no site Crescer
Texto: Ana Martins
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