Alergias na primavera
Usar máscara: sim ou não?

Estilo de Vida

A primavera já chegou e com esta estação chegaram também as alergias. O Dr. Tiago Azenha Rama, Imunoalergologista, aconselha não só estratégias para atenuar os sintomas, como explica a grande questão: deve ou não usar-se máscara nesta época.

Sex, 07/04/2023 - 12:30

A primavera já chegou e com esta estação chegaram também as alergias. Em conversa com o Dr. Tiago Azenha Rama, Imunoalergologista na Clínica Espregueira, no Porto, vamos conhecer estratégias para atenuar os sintomas destas alergias, mas também encontrar resposta para se devemos ou não usar máscara nesta altura.

Como surgem, afinal, as alergias, e quais são os sintomas?

As plantas podem libertar pólenes em diferentes períodos do ano. No entanto, os pólenes que mais frequentemente causam alergia, entre nós, são libertados pelas gramíneas (que nas diferentes regiões do nosso território atingem o seu pico de polinização entre abril e maio). Durante esta fase, as crianças, adultos e idosos alérgicos a estes pólenes podem desenvolver sintomas respiratórios e, ou oculares. Os sintomas respiratórios podem incluir pieira, falta de ar e tosse (habitualmente, associados a asma) e pingo, espirros e comichão no nariz (rinite). Os sintomas oculares podem incluir lacrimejo, comichão e olho vermelho (conjuntivite). Um doente alérgico pode apresentar sintomas de asma, rinite, ou conjuntivite, sendo possível sofrer de mais do que uma destas doenças.

Que cuidados podem ter as pessoas alérgicas aos pólenes?

Estes pólenes estão presentes, principalmente, no exterior e a sua concentração pode ser afetada por vários fatores. As fases do dia em que as concentrações costumam ser mais baixas são o amanhecer e o anoitecer, uma vez que estão associadas a uma maior humidade atmosférica. Assim, as fases do dia em que é mais “seguro” circular no exterior são o amanhecer e o anoitecer.
Por outro lado, nós somos responsáveis por abrir as portas (ou janelas) das nossas casas aos pólenes. Para evitar grandes concentrações de pólenes no interior, as janelas das habitações devem ser abertas nos períodos de menor concentração de pólenes no exterior (amanhecer e anoitecer) e durante um período curto (5 a 10 minutos). A utilização de purificadores de ar interior, com filtro HEPA, e sem fragrâncias também pode ajudar a diminuir a concentração de pólenes no interior de edifícios.
As janelas dos carros devem estar fechadas, podendo ser ligado o ar condicionado, desde que inclua filtro para pólenes.
Os pólenes conseguem ligar-se à pele e ao cabelo, pelo que após um período de exposição prolongado, é importante tomar banho e lavar o cabelo ao chegar a casa.
Podem ser utilizados diversos métodos para impedir que os pólenes alcancem as regiões do organismo em que despoletam sintomas. Estes métodos incluem a utilização de óculos escuros (preferencialmente, com proteção lateral) e de máscaras faciais, no exterior.

A utilização de máscaras pode ser benéfica na prevenção das alergias?

As máscaras faciais impedem que os alergénios dos pólenes contactem com os tecidos que revestem as nossas vias aéreas. A nossa experiência clínica demonstra que a utilização de máscaras, no exterior, pode ser bastante benéfica para a prevenção de sintomas de alergia aos pólenes. Estes efeitos benéficos têm vindo a ser suportados por diversos estudos. Curiosamente, para além de promover uma melhoria ao nível dos sintomas nasais, a utilização de máscara pode prevenir sintomas oculares.

No que diz respeito aos doentes com asma, os efeitos positivos da utilização da máscara facial no exterior, em indivíduos cujos sintomas surgem/agravam em contacto com pólenes, é bem conhecida. A sua utilização é particularmente benéfica em doentes cujos sintomas agravam/surgem durante a realização de prática desportiva no exterior.

Idealmente, devem ser utilizadas máscaras cirúrgicas ou FFP2/N95 descartáveis/de utilização única.

Estratégias para atenuar os sintomas

Em primeiro lugar, todas as crianças, adultos e idosos que sofrem de sintomas de alergia (asma, rinite, rinoconjuntivite ou conjuntivite) durante a primavera devem consultar um Médico especialista em Imunoalergologia, cuja formação altamente especializada e diferenciada lhe permite diagnosticar e tratar doentes de todas as idades. Na consulta, pode ser recomendada medicação (inaladores para a asma, sprays nasais e, ou comprimidos) e, em alguns casos, imunoterapia com alergénios (mais conhecida como vacina para as alergias). A medicação torna-se mais eficaz se tomada de forma preventiva, ou seja, na altura do ano em que o doente sente mais sintomas, e antes de estes surgirem.