Laura Gonçalves
“Ainda cheguei a ser ameaçada por assaltantes em Caracas”

Famosos

A portuguesa que ficou entre as dez finalistas da Miss Universo, deixou a Venezuela por questões de segurança
Define-se como uma pessoa “centrada” e que sabe bem o que quer. Apesar do seu percurso
como manequim estar em ascensão – muito por conta do resultado alcançado no concurso Miss Universo, onde ficou entre as dez finalistas – não desiste de se especializar em Gestão. Laura Gonçalves, 22 anos, tem dupla nacionalidade por ter nascido na Venezuela, mas trocou Caracas por Lisboa por causa da violência.

Qui, 27/10/2011 - 23:00

 Define-se como uma pessoa “centrada” e que sabe bem o que quer. Apesar do seu percurso
como manequim estar em ascensão – muito por conta do resultado alcançado no concurso Miss Universo, onde ficou entre as dez finalistas – não desiste de se especializar em Gestão. Laura Gonçalves, 22 anos, tem dupla nacionalidade por ter nascido na Venezuela, mas trocou Caracas por Lisboa por causa da violência. No dia-a-dia raramente se maquilha, gosta mais de se ver ao natural e quase nunca usa saltos altos. Características que considera terem sido uma mais-valia no concurso de beleza.

VIP – Há um mês foi eleita uma das dez mulheres mais bonitas do Mundo. O concurso Miss Universo influenciou, de alguma forma, o seu dia-a-dia?
Laura Gonçalves – Antes do concurso já trabalhava como modelo e já estudava. Mas agora entrei no mestrado de Gestão na Universidade Nova de Lisboa e tenho uma carga horária muito maior. O meu dia é passado a correr de um lado para o outro a mil à hora. Até agora tenho conseguido conciliar tudo, mas tem sido difícil.

Tem recebido mais solicitações profissionais na área da moda?
Tanto o trabalho como modelo como o curso subiu a nível de exigência. Mas eu trabalho bem sobre pressão, sei organizar-me.

Antes do concurso era uma jovem desconhecida. Agora o seu nome é associado a um recorde nacional. É reconhecida na rua? De que forma isso mudou a sua vida?
Eu acho que era mais reconhecida na rua logo depois do concurso, quando as coisas estavam mais presentes. Quando regressei do Brasil senti isso. Chegaram a abordar-me para me perguntarem se era a miss. Teve graça. Agora, no dia-a-dia, como sou uma pessoa simples, não me maquilho nem uso saltos altos, as pessoas não me associam tanto. Acontece mais na faculdade. Lá todas as pessoas me conhecem e ficam a olhar para mim. Mas acho que já passou a parte mais difícil, já voltou tudo à normalidade. Tenho de encarar o concurso como uma experiência. Sou uma jovem normal que estuda, que tem amigos e não quero que isso mude.

Considera que foi uma experiência que a enriqueceu como pessoa?
Acho que sim. Encontrei no Brasil pessoas incríveis. Existem muitos tipos de mulher que concorre à Miss Universo. São oitenta e nove candidatas. Conheci pessoas de todo o Mundo, do Sri Lanka, do Guame. Quando é que eu ia conhecer uma pessoa do Guame se não tivesse participado?

E como aconteceu a sua eleição como Miss Portugal e depois a sua participação no concurso Miss Universo?
A NIU, a empresa que organizou o concurso Miss Portugal, teve a oportunidade de levar uma rapariga ao Brasil muito em cima das datas do concurso Miss Universo. Então teve de escolher as misses muito rápido. Entraram em contacto com as agências, nomeadamente com a Central Models, a pedir candidatas. Hesitei, mas depois pensei: “Porque não? é uma coisa completamente diferente.” Fui ao casting e acabei por ficar. Não estava à espera e depois acabei por ganhar.

E a viagem até ao Brasil, aceitou logo participar?
Obviamente que tive medo do desconhecido. Tive de me preparar muito rápido, em duas semanas, quando há misses que se preparam com um ano de antecedência. Mas a experiência foi muito gira. Foram três semanas muito intensas. Há muita coisa a que temos de nos habituar: dorme-se pouco e temos de nos arranjar sozinhas. Eu não tinha tido preparação em maquilhagem e então tive de aprender muito, mas adorei.

Conte-me um episódio que lhe tenha marcado…
Houve um depois da final. Havia uma festa, uma espécie de cocktail. Nós éramos proibidas de beber álcool, mas houve uma miss que bebeu demais e começou a dizer que era uma falhada e que odiava a candidata da Ucrânia (que tinha sido a primeira a ser eleita finalista). Foi um escândalo no autocarro (risos).

Também teve momentos difíceis?
Custaram-me duas coisas. Primeiro, o facto de só existirem oito computadores para 89 candidatas. Houve uma altura em que eu não dormia quase nada, basicamente só quatro horas por dia, porque tinha de esperar que todas acabassem para ter um computador para falar com a minha família. Quase não falava com os meus pais, nem com ninguém. Depois, neste concurso, as pessoas ficam com uma grande autoconfiança ou, por outro lado, muito inseguras. O mais difícil é que, às vezes, sentes que não devias estar lá. Eu era a que menos me maquilhava, era a mais natural, não tinha tido preparação, então às vezes sentia isso.

Mas essa naturalidade foi um ponto a favor?
Tenho a certeza que sim. A stylist que me ajudava disse-me que eu estava sempre muito natural e muito bem vestida. Comecei assim a chamar à atenção dos “missólogos”. Começaram todos a falar de mim, foi uma espécie de publicidade.

Disse há pouco que no dia-a-dia não usa saltos altos?
É verdade. Gosto muito de andar a pé e os saltos não dão jeito. Como não tenho carro, tenho mesmo de andar a pé. O mesmo com a maquilhagem. Em Portugal as pessoas não andam muito maquilhadas. As misses logo de manhã andavam muito maquilhadas, como se fossem sair à noite. Isso para mim é uma coisa impensável. Ponho apenas corretor de olheiras e já é muito. Gosto de me ver mais natural.

Quando era pequenina, alguma vez sonhou com este concurso?
É engraçado. Sou venezuelana e na Venezuela há uma grande tradição. Há muitas mulheres que já foram eleitas Miss Universo. Existe mesmo uma indústria. Então, obviamente que quando era pequenina via o concurso. Quando tinha quatro, cinco anos e me perguntavam o que queria ser quando fosse grande eu dizia: Miss Venezuela. Quando cresci deixei de pensar nisso. Mas quando surgiu a oportunidade fui ao casting muito por causa disso.

Quais são os seus pilares de apoio?
A minha família, o meu namorado e os meus amigos. A família é quem está sempre connosco. Sou muito unida com a minha. Tem-me apoiado sempre nas minhas decisões. Sabem que sou uma pessoa centrada porque coloco sempre em primeiro lugar os meus estudos e o meu futuro em Gestão.

Também tem nacionalidade portuguesa e vive cá há quatro anos. De que sente mais saudades da Venezuela?
Em Portugal só tenho o meu irmão e os meus pais, que estão sempre a viajar porque trabalham na Venezuela. Tenho muitas saudades da minha família e dos meus amigos venezuelanos. E imensas recordações. Espero visitar as minhas amigas em breve. Há dois anos que não viajo para lá, vou agora pelo Natal.

Calculo que o assunto vá girar muito em redor do concurso.
Sim, de certeza. Lá houve uma maior divulgação. As pessoas conhecem-me e vão reconhecer-me na rua.

Numa entrevista, revelou que veio para Portugal porque se sentia insegura…
Caracas é a segunda cidade mais perigosa do Mundo. No meu caso não chegou a acontecer quase nada, mas tive amigos que foram sequestrados. O que me aconteceu foi quase ser assaltada por motociclistas que batiam no meu carro de propósito para depois pedirem dinheiro. Ameaçavam-me.

Quais são os seus gestos diários de beleza?
Cuido muito do meu cabelo e da alimentação, tirando os doces, porque sou viciada. Faço desporto, não regularmente, mas tento. Tenho também cuidados com a pele.

Fale-me dos seus sonhos e objetivos…
Gostava muito de ter uma empresa, uma marca de roupa internacional, e gerir isso. Gostava também de ter uma família quando fosse mais velha.

Ter filhos é, portanto, um sonho?
No futuro sim, agora não. Daqui a sete, dez anos gostava de ter uma família.

Sei que tem namorado.
Não gosto de falar muito disso, por ser muito privado, mas é um bom rapaz.

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybline e L’Oréal Professionnel
 

Define-se como uma pessoa “centrada” e que sabe bem o que quer. Apesar do seu percurso

como manequim estar em ascensão – muito por conta do resultado alcançado no concurso Miss Universo, onde ficou entre as dez finalistas – não desiste de se especializar em Gestão. Laura Gonçalves, 22 anos, tem dupla nacionalidade por ter nascido na Venezuela, mas trocou Caracas por Lisboa por causa da violência. No dia-a-dia raramente se maquilha, gosta mais de se ver ao natural e quase nunca usa saltos altos. Características que considera terem sido uma mais-valia no concurso de beleza.

 

VIP – Há um mês foi eleita uma das dez mulheres mais bonitas do Mundo. O concurso Miss Universo influenciou, de alguma forma, o seu dia-a-dia?

Laura Gonçalves – Antes do concurso já trabalhava como modelo e já estudava. Mas agora entrei no mestrado de Gestão na Universidade Nova de Lisboa e tenho uma carga horária muito maior. O meu dia é passado a correr de um lado para o outro a mil à hora. Até agora tenho conseguido conciliar tudo, mas tem sido difícil.

 

Tem recebido mais solicitações profissionais na área da moda?

Tanto o trabalho como modelo como o curso subiu a nível de exigência. Mas eu trabalho bem sobre pressão, sei organizar-me.

 

Antes do concurso era uma jovem desconhecida. Agora o seu nome é associado a um recorde nacional. É reconhecida na rua? De que forma isso mudou a sua vida?

Eu acho que era mais reconhecida na rua logo depois do concurso, quando as coisas estavam mais presentes. Quando regressei do Brasil senti isso. Chegaram a abordar-me para me perguntarem se era a miss. Teve graça. Agora, no dia-a-dia, como sou uma pessoa simples, não me maquilho nem uso saltos altos, as pessoas não me associam tanto. Acontece mais na faculdade. Lá todas as pessoas me conhecem e ficam a olhar para mim. Mas acho que já passou a parte mais difícil, já voltou tudo à normalidade. Tenho de encarar o concurso como uma experiência. Sou uma jovem normal que estuda, que tem amigos e não quero que isso mude.

 

Considera que foi uma experiência que a enriqueceu como pessoa?

Acho que sim. Encontrei no Brasil pessoas incríveis. Existem muitos tipos de mulher que concorre à Miss Universo. São oitenta e nove candidatas. Conheci pessoas de todo o Mundo, do Sri Lanka, do Guame. Quando é que eu ia conhecer uma pessoa do Guame se não tivesse participado?

 

E como aconteceu a sua eleição como Miss Portugal e depois a sua participação no concurso Miss Universo?

A NIU, a empresa que organizou o concurso Miss Portugal, teve a oportunidade de levar uma rapariga ao Brasil muito em cima das datas do concurso Miss Universo. Então teve de escolher as misses muito rápido. Entraram em contacto com as agências, nomeadamente com a Central Models, a pedir candidatas. Hesitei, mas depois pensei: “Porque não? é uma coisa completamente diferente.” Fui ao casting e acabei por ficar. Não estava à espera e depois acabei por ganhar.

 

E a viagem até ao Brasil, aceitou logo participar?

Obviamente que tive medo do desconhecido. Tive de me preparar muito rápido, em duas semanas, quando há misses que se preparam com um ano de antecedência. Mas a experiência foi muito gira. Foram três semanas muito intensas. Há muita coisa a que temos de nos habituar: dorme-se pouco e temos de nos arranjar sozinhas. Eu não tinha tido preparação em maquilhagem e então tive de aprender muito, mas adorei.

 

Conte-me um episódio que lhe tenha marcado…

Houve um depois da final. Havia uma festa, uma espécie de cocktail. Nós éramos proibidas de beber álcool, mas houve uma miss que bebeu demais e começou a dizer que era uma falhada e que odiava a candidata da Ucrânia (que tinha sido a primeira a ser eleita finalista). Foi um escândalo no autocarro (risos).

 

Também teve momentos difíceis?

Custaram-me duas coisas. Primeiro, o facto de só existirem oito computadores para 89 candidatas. Houve uma altura em que eu não dormia quase nada, basicamente só quatro horas por dia, porque tinha de esperar que todas acabassem para ter um computador para falar com a minha família. Quase não falava com os meus pais, nem com ninguém. Depois, neste concurso, as pessoas ficam com uma grande autoconfiança ou, por outro lado, muito inseguras. O mais difícil é que, às vezes, sentes que não devias estar lá. Eu era a que menos me maquilhava, era a mais natural, não tinha tido preparação, então às vezes sentia isso.

 

Mas essa naturalidade foi um ponto a favor?

Tenho a certeza que sim. A stylist que me ajudava disse-me que eu estava sempre muito natural e muito bem vestida. Comecei assim a chamar à atenção dos “missólogos”. Começaram todos a falar de mim, foi uma espécie de publicidade.

 

Disse há pouco que no dia-a-dia não usa saltos altos?

É verdade. Gosto muito de andar a pé e os saltos não dão jeito. Como não tenho carro, tenho mesmo de andar a pé. O mesmo com a maquilhagem. Em Portugal as pessoas não andam muito maquilhadas. As misses logo de manhã andavam muito maquilhadas, como se fossem sair à noite. Isso para mim é uma coisa impensável. Ponho apenas corretor de olheiras e já é muito. Gosto de me ver mais natural.

 

Quando era pequenina, alguma vez sonhou com este concurso?

É engraçado. Sou venezuelana e na Venezuela há uma grande tradição. Há muitas mulheres que já foram eleitas Miss Universo. Existe mesmo uma indústria. Então, obviamente que quando era pequenina via o concurso. Quando tinha quatro, cinco anos e me perguntavam o que queria ser quando fosse grande eu dizia: Miss Venezuela. Quando cresci deixei de pensar nisso. Mas quando surgiu a oportunidade fui ao casting muito por causa disso.

 

Quais são os seus pilares de apoio?

A minha família, o meu namorado e os meus amigos. A família é quem está sempre connosco. Sou muito unida com a minha. Tem-me apoiado sempre nas minhas decisões. Sabem que sou uma pessoa centrada porque coloco sempre em primeiro lugar os meus estudos e o meu futuro em Gestão.

 

Também tem nacionalidade portuguesa e vive cá há quatro anos. De que sente mais saudades da Venezuela?

Em Portugal só tenho o meu irmão e os meus pais, que estão sempre a viajar porque trabalham na Venezuela. Tenho muitas saudades da minha família e dos meus amigos venezuelanos. E imensas recordações. Espero visitar as minhas amigas em breve. Há dois anos que não viajo para lá, vou agora pelo Natal.

 

Calculo que o assunto vá girar muito em redor do concurso.

Sim, de certeza. Lá houve uma maior divulgação. As pessoas conhecem-me e vão reconhecer-me na rua.

 

Numa entrevista, revelou que veio para Portugal porque se sentia insegura…

Caracas é a segunda cidade mais perigosa do Mundo. No meu caso não chegou a acontecer quase nada, mas tive amigos que foram sequestrados. O que me aconteceu foi quase ser assaltada por motociclistas que batiam no meu carro de propósito para depois pedirem dinheiro. Ameaçavam-me.

 

Quais são os seus gestos diários de beleza?

Cuido muito do meu cabelo e da alimentação, tirando os doces, porque sou viciada. Faço desporto, não regularmente, mas tento. Tenho também cuidados com a pele.

 

Fale-me dos seus sonhos e objetivos…

Gostava muito de ter uma empresa, uma marca de roupa internacional, e gerir isso. Gostava também de ter uma família quando fosse mais velha.

 

Ter filhos é, portanto, um sonho?

No futuro sim, agora não. Daqui a sete, dez anos gostava de ter uma família.

 

Sei que tem namorado.

Não gosto de falar muito disso, por ser muito privado, mas é um bom rapaz.

 

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybline e L’Oréal Professionnel

Siga a Revista VIP no Instagram