No programa apresentado por Daniel Oliveira, Ágata abriu o coração e relembrou um passado marcado pela dor, luta e sofrimento. Um dos momentos mais marcantes do Alta Definição deste sábado foi mesmo quando a cantora, de 59 anos, falou sobre as angústias que desde cedo passou, nomeadamente os abortos a que se viu obrigada a fazer.
Depois de falar da infância de pobreza, em que foi habituada a saber «improvisar», Maria Fernanda Pereira de Sousa, nome verdadeiro da artista, desabafou sobre o controlo que a mãe tentava impor desde tenra idade.
«A minha mãe quis comprovar que eu era virgem. Levou-me a um Instituto porque comecei a cantar muito nova e apaixonei-me por um homem mais velho». No fundo, Ágata sabia que a mãe se preocupava com o futuro dela, justamente por ter casado muito nova.
«Ela era mãe solteira, quando tinha apenas 16 anos, e não queria o mesmo para mim…Esperava que eu casasse aos 20 e tal».
Sem alternativa, teve de abortar aos 17 anos
Com apenas 17 anos, Maria Fernanda engravidou e viu-se perante uma das decisões mais complicadas da sua vida. «Por medo, não consegui levar gravidez avante. Fiquei muito assustada. Tinha medo da reação da minha mãe, ela dizia que me matava!», afirmou.
Sem saber o que fazer e com receio das represálias, decidiu, juntamente com o namorado, abortar. «Levou-me a uma parteira e aconteceu. Foi terrível». A cantora descreveu alguns pormenores do sofrimento que sentiu na altura: «Utilizaram éter no nariz. Íamos e vínhamos. Senti falta de ar…foi horrível! Não aconselho isso a ninguém. Foi feito numa casa normal, numa cozinha».
Apesar do aborto ter corrido bem, Ágata sentiu uma enorme contradição emocional. «Quando se ama alguém e queremos ter um filho dessa pessoa e não o temos por medo, é difícil. Mas aceito isso como um dever, não tinha outra alternativa. Tinha medo de ser expulsa de casa», confessou.
Anos mais tarde, quando integrou o projeto do grupo musical da banda «Doce», a artista voltou a engravidar. «Pesei a balança entre o trabalho e a criança e ganhou o trabalho», relembra a cantora, confessando: «Fiquei muito arrependida!».
Casou grávida
Ágata casou grávida de cinco meses e meio e, na altura, isso era considerado um escândalo. A cantora nunca se importou com o que as pessoas diziam e afirmou: «Não me atrapalhou em nada».
A família é que não concordou em nada com este matrimónio e decidiu não aparecer no grande dia. «Não foi ninguém da minha família. A minha mãe vestiu-se de luto durante três dias porque não queriam que casasse com ele, por ser feirante», revelou.
Apesar de ter perdoado a mãe, Ágata lembrou, em lágrimas esses dias com um enorme sentimento de tristeza. «Perdoei porque é minha mãe e não fez isso conscientemente. Quem sou eu para não perdoar…eu também erro!», contou, acrescentando: «O que me doeu ainda mais foi quando o meu tio me levou pelo braço na igreja. Queria tanto ter lá o meu pai!».
Não foi fácil, mas Ágata conseguiu superar todos estes obstáculos. «Sobrevivi a tudo porque nós somos fortes, o ser humano consegue sobreviver às coisas mais violentas», afirmou.
Amargurada com a traição
Maria Fernanda revelou a Daniel Oliveira os verdadeiros motivos para o seu divórcio. Na altura, o filho tinha apenas três anos e meio. A cantora assume que descobriu que o marido a traía. «Não gosto de ser trocada», começou por contar, acrescentando: «Houve um dia que fui ter com a amante dele e a confrontei. Ela contou-me tudo, mas ele continuou a desmentir».
A viver em Lisboa e o ex em Chaves, Ágata confessa que até poderia perdoar a traição, caso o ex-companheiro tivesse assumido a mentira. «Sei perdoar a traição, se for justificada», desabafou.
Já teve uma caçadeira apontada à cabeça
Não só de traições foram feitas as relações de Ágata. A cantora revelou que também foi vítima de violência doméstica, mas que sempre se soube defender. «Ele deu-me um estalo e eu dei-lhe dois. Não me fico atrás», confessa.
A última gota que a fez sair de casa foi quando o ex-marido foi buscar uma arma para a atacar.
«Foi buscar uma caçadeira e apontou-me à cabeça. Eu gritei e bati com a cabeça na parede…até vi estrelas! O meu filho estava a assistir a tudo e eu fechei o meu marido no quarto e nunca mais lá entrei», relembrou.
A cantora referiu que, enquanto ela ficava a lavar a loiça, o ex tinha por hábito ir ao café depois de jantar, chegando a casa «alterado». «Vinha com um comportamento estranho e desejava-me. Eu sentia o cheiro a álcool e não queria», acrescentou.
«Quando as luzes se apagam sinto-me só»
Lavada em lágrimas, Ágata confessou sentir-se frágil: «Quando as luzes se apagam sinto-me só. Posso estar com muita gente, mas sinto-me sempre só, no meu mundo».
A artista assumiu, ainda, que se sente uma «mulher atraente», apesar do passar dos anos. Atualmente, a cantora está numa relação com o empresário Francisco Carvalho, presidente do Desportivo de Chaves.
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Fotos: Arquivo Impala
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