O antigo ministro da cultura, envolvido num processo de violência doméstica e difamação, interposto por Bárbara Guimarães, começou o discurso com tremores, em tom baixo e muito pausadamente. Manuel Maria Carrilho falou durante 75 minutos durante a última sessão das alegações finais.
À medida que ia falando, o académico foi-se exaltando, tendo gritado, a determinado momento: «Quem bate é a mãe!». Esta frase, que se referia a alegadas agressões de Bárbara Guimarães aos filhos do ex-casal, Dinis e Carlota, foi repetida várias vezes.
Em tribunal, Manuel Maria Carrilho comparou o silêncio da ex-mulher, ao longo destes três anos de processo judicial, a uma «bomba atómica».
«A estratégia de uma bomba atómica é a do silêncio», afirmou.
Mas o antigo ministro da cultura não se ficou por aqui. Manuel Maria Carrilho aproveitou o tempo concedido pela juíza Joana Ferrer para dizer que a ex-mulher é «a Miss Simpatia mas também a Miss Mentira». «Não conheço ninguém mais hipócrita nem mais falso do que ela».
Carrilho disse também ser «a vítima» neste processo e afirmou que a apresentadora da SIC fabricou a história da violência doméstica «apenas para deitar a mão aos bens».
Carrilho usa diversas vezes os filhos como argumento
Ao longo do seu discurso, lido em várias folhas escritas à mão, Manuel Maria Carrilho focou-se nos filhos para tentar mostrar as alegadas falhas nos argumentos da acusação. Num processo em que o antigo ministro é acusado de violência doméstica e difamação, Carrilho acabou por dispersar e falar por diversas vezes em Carlota e Dinis afirmando ser bom pai e que isso iria ser provado quando a filha mais nova, de sete anos, falasse em tribunal.
«Ela há-de ser ouvida e há-de dizer a verdade.»
O antigo ministro da cultura alegou por diversas vezes que a filha, de apenas sete anos, deveria ser constituída testemunha e deveria falar em tribunal.
«As palavras do arguido são delirantes. Perdeu três quartos de hora a falar de problemas que se prendem com o tribunal de família e sobre acusações mentirosas e tristes porque essas já foram objeto de julgamento no tribunal criminal e ele foi condenado por violência doméstica e denúncia caluniosa», afirmou Pedro Reis à saída do tribunal.
Essa mesma denúncia caluniosa, feita por Carrilho, tinha a ver com alegadas agressões feitas pela mãe a Dinis.
Sobre os argumentos da acusação, em especial sobre as fotografias das agressões, Carrilho disse em tom de ironia:
«Fotografias não se sabe de quem, até podia ser de uma vietnamita.»
Paulo Sá e Cunha afirma que pensar no cúmulo jurídico é «prematuro».
Uma vez que Manuel Maria Carrilho já foi condenado noutro processo, após a sentença poderá ocorrer o cúmulo jurídico e assim o arguido ser condenado a pena efetiva.
O cúmulo jurídico acontece quando o arguido é condenado duas ou mais vezes e poderá traduzir-se numa pena única.
Apesar desta possibilidade, a defesa afirma estar otimista e acreditar na absolvição de Carrilho.
A leitura da sentença está agendada para 14 de dezembro.
Texto: Marta Ferreira; Fotos: DR e Impala
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