A carta foi enterrada por Marcel Nadjari, judeu de origem grega no Crematório 3 do campo de concentração de Auschwitz, na Polónia, em 1944. Foi deixada no interior de uma garrafa térmica, descoberta em 1980, mas só agora os cientistas conseguiram ler o seu conteúdo. À data, apenas 10 a 15 % do texto era legível.
“Todos sofremos coisas aqui que a mente humana não consegue imaginar”, é uma das frases marcantes da carta. Marcel acabou por ser um sobrevivente e a sua carta foi a última -das cinco- a ser encontrada. Na carta, Nadjari relata que o trabalho dos presos era levar os cadáveres para os fornos crematórios, “um ser humano acaba em cerca de 640 gramas de cinza”.
“Debaixo de um jardim há dois quartos subterrâneos: um é para se despirem e o outro é uma câmara da morte. Entram nuas e quando está cheio com cerca de 3 mil pessoas, fecham e são gaseados”, pode ler-se. Nadjari conta ainda que os alemães usavam chicotes para encaminhar os judeus para o interior das câmaras.
O historiador Pavel Polian conta ao jornal Deutsch Welle que esta carta se distingue das demais, uma vez que é a única que fala sobre vingança.
“Não estou triste por ter morrido, mas estou triste por não poder vingar-me como queria”, escreveu o homem, que acabou por sobreviver aos tempos negros do Holocausto.
Após o fim da guerra, o judeu voltou para a Grécia, em 1951 mudou-se com a mulher e o filho para os EUA, onde foi alfaiate. Morreu em 1971.
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