António Costa
A reviravolta: regresso à universidade e estreia no comentário televisivo

Nacional

António Costa deu uma reviravolta na vida depois de apresentar a demissão de Primeiro-Ministro, no final do ano passado.

Seg, 10/06/2024 - 22:00

António Costa apresentou a demissão a 7 de novembro de 2023 na sequência de uma investigação sobre os negócios do lítio e hidrogénio.
Em causa estavam (e estão) os possíveis crimes de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político, tráfico de influência e prevaricação. Um comunicado da Procuradoria-Geral da República informou na altura que o então primeiro-ministro seria ele próprio alvo de uma investigação autónoma por parte do Supremo Tribunal de Justiça.

Depois do seu pedido de demissão, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou eleições antecipadas para 10 de março de 2024. Luís Montenegro foi eleito primeiro-ministro e tomou posse a 2 de abril. Este foi o último dia em funções de António Costa e desde então que o antigo primeiro-ministro, embora não tenha cruzado os braços, decidiu dedicar mais tempo à sua vida pessoal.

Mas agora a sua vida está mudada!

“Acho que ocupo mais espaço em casa”

Esta “nova vida”, como o próprio António Costa lhe chama, tem servido para compensar sobretudo a mulher, Fernanda Tadeu, a quem disse o “sim” numa cerimónia civil a 31 de julho de 1987, e com quem tem dois filhos: Pedro, de 33 anos, e Catarina, de 30. “Acho que ocupo mais espaço em casa do que ocupava anteriormente. Para os meus filhos, é a mesma coisa ser ex-primeiro-ministro ou primeiro-ministro. Eles sempre se habituaram a construir a vida deles independentemente do que eu fazia. A fase mais difícil para eles foi possivelmente a adolescência, em que eram muito confrontados com a exposição pública do pai. As crianças e os jovens são bastante mais cruéis. Acho que sobretudo o Pedro sofreu. Mas eles aprenderam a ganhar a sua própria carapaça. Cada um deles tem a sua vida e nós sempre tivemos a regra que é deixar a atividade à porta de casa. Portanto, eles não sentiram grande diferença. A Fernanda, sim, porque agora convive mais comigo”, referiu no Dois às 10.

Regresso à universidade e estreia no comentário televisivo

Longe da vida política, António Costa aproveitou para se dedicar a algo que tinha vontade de fazer, mas que lhe era impossível enquanto chefe de Governo: estudar. O ex-primeiro-ministro regressou à universidade e está a frequentar uma pós-graduação em Contencioso Contratual, Mediação e Arbitragem, na Faculdade de Direito da Universidade Católica, em  Lisboa, em regime pós-laboral.

“Tem sido muito agradável não ter horários, ter bastante liberdade, poder combinar o que quiser. Isso é muito agradável. Mas tenho medo de, daqui a dois anos, estar cansado desta vida e tenho de me prevenir. Há duas áreas onde acho que posso ter atividade, que é a área da mediação, posso ajudar entidades ou pessoas que estejam num conflito a superar esse conflito. Ou a arbitragem. E foi isso que fui fazer. É um curso de Contencioso dos Contratos, Mediação e Arbitragem. Os meus colegas ainda estranham um bocadinho, mas têm sido muito simpáticos.”

A pós-graduação termina a 20 de julho, mas ainda antes de terminar este curso, António Costa irá abraçar outro projeto. O novo canal de televisão, Now, da MediaLivre, proprietária da CMTV, arranca a 17 de junho e o antigo primeiro-ministro foi anunciado como um dos comentadores.

“O projeto vai colocar os protagonistas no centro daquilo que é o comentário. Espero que corra bem porque será bom para todos”, declarou à CMTV. Além disso, irá também assinar uma página semanal de opinião no Correio da Manhã, jornal do mesmo grupo.

Quanto a um futuro na esfera política, António Costa não descarta a presidência do Conselho Europeu. “Depende das circunstâncias. Diria que, com um processo pendente, é muito difícil haver essa solução. E os tempos da justiça são os tempos da justiça”, disse no Dois às 10.

Mas o que é certo é que entretanto António Costa já foi ouvido pelo Ministério Público. “O Dr. António Costa foi hoje ouvido na qualidade de declarante, na sequência do requerimento por si apresentado em 2 de abril de 2024”, referiram os advogados do ex-primeiro-ministro à Lusa, no passado dia 24 de maio.

 

Texto: Andreia Valente com Mafalda Mourão; Fotos: Arquivo Impala e D.R.

 

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