Rodrigo Leal concedeu uma entrevistas intimista a Manuel Luís Goucha. Na conversa, que foi emitida neste sábado, 17 de setembro, no programa Conta-me, da TVI, o filho de Roberto Leal abriu o coração para falar sobre a morte do pai, que partiu há três anos.
“Acho que (o tempo) nunca é suficiente. Nunca vai ser. Aprendemos a lidar da melhor forma. Mas a saudade fica sempre, é eterna”, começou por dizer Rodrigo Leal, sobre os três anos que se passaram em que teve de aprender a viver sem o progenitor.
Rodrigo Leal confidenciou que nunca contaram a Roberto Leal a gravidade do cancro da pele que tinha, que avançou e deu origem a algumas metástases. Na fase final da doença, os filhos do cantor tiveram de se preparar para o pior. “Na fase final, tivemos de nos preparar. Muitas pessoas perguntam se ele sabia que tinha. Claro que ele sabia, aquilo que escondemos foi o tempo que aquilo teria. Nós sabíamos o tempo (de vida) que ele iria ter…”, contou.
“O meu pai morreu num sábado e na quarta-feira estava a cantar na televisão, cheio de vida. Nós não quisemos tirar-lhe essa vida. Podíamos ter feito tratamentos para ele ter durado mais dois, três meses”, prosseguiu, revelando que não quiseram sujeitar o cantor ao sofrimento e desgaste dos tratamentos oncológicos. “Então decidimos que o homem lá em cima (Deus) é que sabia quando seria a data”, acrescentou.
Depois da morte de Roberto Leal, Rodrigo, os irmãos (que são nove) e a mãe isolaram-se muito. “Foi duro. Foi muito dificil de aceitar. Mas eu precisava, até como filho mais velho, de ali estar, pela minha mãe e pelos meus irmãos”, afirmou. “Cada um lidou com a perda à sua maneira. A Manuela (filha de Roberto Leal) não consegue ouvir uma música do meu pai, nem ver uma foto do meu pai ainda”, disse ainda.
A ausência de Roberto Leal: “Chegámos a ver o meu pai cinco ou seis dias por mês”
Na mesma conversa, Rodrigo Leal contou a Manuel Luís Goucha que, nos seus primeiros 14 anos de vida, Roberto Leal foi um pai ausente devido ao volume de trabalho que tinha. “Nos primeiros anos de vida não foi presente. Nos primeiros 20 anos de carreira, o meu pai tinha uma média de 16 concertos por mês. Ele fazia uma tourné que durava dois anos no Brasil. Essa ausência, o Roberto Leal era uma paisagem. Ainda bem que vim morar com ele (para Portugal) porque senão eu não o tinha. (…) Chegámos a ver o meu pai cinco ou seis dias por mês”, revelou.
“O que eu mais recebo na rua são lágrimas. As pessoas abordam-me e dizem: ‘Que saudades do seu pai que tinha sempre uma palavra de amor'”, disse Rodrigo Leal, orgulhoso da memória positiva que Roberto Leal deixou junto dos fãs, garantindo que “o que pautou o seu sucesso de 50 anos de carreira foi a sua autenticidade”. “Ele era aquela alegria. Ele sorria e queria fazer sorrir”, acrescentou.
“As minhas filhas hoje dão continuidade à alegria (de Roberto Leal). Elas têm memória do avô. O pai é o super-herói. O avô era o pai do super-herói. Era mais do que um super-herói. Se perguntar hoje do que elas mais sentem falta, é o abraço. O beijo. O colo”, disse ainda.
“A partida do meu pai ensinou-me que passamos a vida à procura de coisas que às vezes não encontramos. Preocupamo-nos em ter em vez de nos preocupar-nos em ‘ser’. Perdemos demasiado tempo e esquecemo-nos do essencial. Esquecemo-nos de viver. A minha prioridade de hoje é estar com as pessoas que eu amo. Acredito que um dia vou encontrar o meu pai. E vou dizer: ‘Te amo. Morri de saudade de você'”, findou Rodrigo Leal, de olhos lavados em lágrimas, mas de sorriso no rosto.
Texto: Mafalda Mourão; Foto: D.R e Arquivo Impala
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