Nuno Pereira foi convidado de Daniel Oliveira no programa “Alta Definição”, da SIC, este sábado, 3 de setembro. O jornalista, que foi um dos enviados da estação de Paço de Arcos para cobrir a guerra da Ucrânia, recordou alguns dos momentos mais marcantes durante a entrevista.
“Eu fui para a Ucrânia por minha livre vontade, ninguém é obrigado. A vontade que tive de ir foi, após ver alguns colegas meus a trabalharem tão bem, pensar: eu também quero fazer isto”, começou por explicar.
Contudo, houve uma ponderação que foi feita antes de aceitar este desafio profissional. “Eu estava à mesa com a minha família toda [quando o contactaram para ir para a Ucrânia] e sem perguntar nada a ninguém disse que sim. Não disse nada a ninguém para não estragar o almoço. Quando a coisa ficou certa, comuniquei. Ponderei aquilo que ia fazer sofrer os outros por me verem num cenário de guerra. O que o meu pai e as minhas filhas iam pensar. Mas esta é a minha profissão”, adiantou.
“O meu irmão, que também é jornalista, pediu-me para eu não ir”, contou ainda, acrescentando ainda que o irmão é a pessoa que mais respeita na vida. “Ter que o contrariar foi muito difícil.”
Nuno Pereira esteve na Ucrânia mais de um mês e confessa que lhe foi difícil regressar a Portugal. “Eu sei os nomes deles e prometi-lhes que um dia vou voltar lá.”
Nuno Pereira esteve internado com queimaduras graves quando era pequeno
Durante a conversa com Daniel Oliveira, Nuno Pereira contou um episódio assustador que aconteceu quando era criança. “Queimei a cara quando tinha 10 anos, a acender uma lareira. Coisas de miúdos”, começou por dizer.
“Via o meu pai a acender a lareira e tentei fazê-lo também, com papel. Mas não pegou. E como via os mais velhos a fazê-lo com álcool… Meti a cabeça dentro da lareira, mas tinha noção que não podia pôr muito. Tinha ficado uma chama debaixo da lenha, que eu não tinha visto, e assim que o álcool chegou la baixo, o lume veio pelo frasco e aquilo explodiu na minha cara”, adiantou.
Nuno Pereira acabou por ser internado no hospital. “Fiquei sem pestanas, sem sobrancelhas, sem parte do cabelo à frente. A pele da minha cara ficou nas mãos. Queimei o sofá, a televisão… Estive internado no hospital semanas (…) A minha cara era carne viva. Este osso [na zona da testa] ficou de fora. Aquela ala do hospital não tinha espelhos, propositadamente para as pessoas não se verem. Eu conseguia ver-me [no reflexo] nos caixotes do lixo. Fiquei com as marcas das lágrimas na cara. Chorei todos os dias que tive no hospital”, rematou.
Texto: Joana Dantas Rebelo; Fotos: SIC e Arquivo Impala
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