José Carlos Malato assumiu-se como não-binário perante os milhares de seguidores que tem no Instagram. Esta quinta-feira, dia 1 de setembro, decidiu falar sobre o assunto.
“Ser não-binário é uma questão de princípio activista, pelo menos para mim. Acredito que a dualidade masculino/feminino ou outro está presente nos seres humanos apesar da cultura fascista e da sociedade patriarcal a tentarem esmagar. Isso significa que a minha identidade de género e expressão de género não são limitadas ao masculino e feminino. Estão para além desse espartilho maniqueísta”, começou por escrever.
Mostrando-se com uma máscara de boneca, o apresentador da RTP abriu o jogo sobre os pronomes e a linguagem. “Por exemplo, ao nível da linguagem, dizer que se está ‘cansada’ é mais forte, semanticamente, do que ‘cansado’. ‘Sou portuguesa! Portuguesa concerteza’ – verso de Rosa Lobato de Faria – expressa melhor o que eu sou do que “sou português” ou “Sou um homem. Assim o provam as calças!”, como tão bem disse Ary dos Santos.”
José Carlos Malato: “Contra todas as formas de discriminação e violência que muit@s sofrem”
No discurso, José Carlos Malato refere que o seu “não-binarismo-pessoal” é uma “forma de representação. “Esse não-binarismo está até presente nas insondáveis palavras do Papa João Paulo I quando afirma que ‘Deus é pai e mãe’. O meu ‘não-binarismo-pessoal’ é uma forma de dar representação e visibilidade a todos/todas/todes que sentem/ são assim! É o meu dever enquanto megafone que detém algum poder de fala na sociedade portuguesa.”
O rosto da RTP1 termina com uma referência ao bullying que muitos recebem através das redes sociais: “É também uma demonstração de empatia com todes os que sentem como eu e um manifesto contra todas as formas de discriminação e violência que muit@s sofrem/sofremos todos os dias! Numa era marcada pelo terrorismo das redes sociais! Ninguém pode ser quem não é. E ser quem se é não prejudica ninguém. E a mais ninguém diz respeito! Disse! #josecarlosmalato”.
O apresentador não é a única cara conhecida a assumir-se como tal. Sara Ramirez, Demi Lovato, Sam Smith, Elliot Page, Janelle Monáe, Tommy Dorfman e Ruby Rose são alguns exemplos de rostos conhecidos que também o fizeram.
“Género não-binário” é um termo guarda-chuva (que abrange várias identidades diferentes dentro de si) para identidades de género que não são estritamente masculinas ou femininas. De acordo com a LGBT Foundation, as “pessoas não-binárias podem escolher ser tratado com o pronome ele ou ela ou preferir um pronome de género neutro, como eles/deles”.
Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Reprodução Instagram
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