Catarina Camacho
Explica fim de carreira na televisão aos 39 anos: “O meu corpo parou”

Nacional

Catarina Camacho, ex-repórter da RTP1, concedeu uma entrevista a Manuel Luís Goucha, na TVI, na qual foi abordado o assunto do fim de carreira. “Nos últimos temos já não fui tão feliz e tive de mudar”, garante.

Ter, 09/08/2022 - 20:30

Catarina Camacho, ex-repórter da RTP1, foi a convidada de Manuel Luís Goucha, nesta segunda-feira, 8 de agosto. Na conversa, revelou por que decidiu abandonar a carreira em televisão depois de 16 anos à frente das câmaras.

“Foi um ato de reflexão, ponderação e coragem para se deixar muitas vezes o que acha que é o certo pelo não sei. Onde estou agora sou muito mais feliz. Sei que estou a ir para uma coisa minha. Fui muito feliz enquanto fiz televisão, nos últimos tempos já não fui tão feliz e tive de mudar”, disse a profissional. Catarina Camacho iniciou a carreira com Daniel Oliveira no programa Só Visto e assume que foi esse programa que a fez apaixonar pela televisão.

Mas tudo mudou nos últimos tempos. Uma mensagem do pai, pouco antes de morrer, e uma depressão fez com que Catarina Camacho deixasse a televisão.

Catarina Camacho recorda palavras do pai: “Não te esqueças de nunca estares onde não és feliz”

“Comecei a ponderar deixar de trabalhar em televisão porque eu tive o famoso ‘burnout’, o meu corpo parou, a minha mente deixou de funcionar bem, e eu deixei de me sentir capaz de trabalhar. O assunto de terminar a carreira já tinha sido conversado inclusive com o meu pai”, partilhou a ex-apresentadora.

Catarina Camacho explicou ainda quando começou o desencanto pela televisão. “A partir do momento em que fui mãe percebi que me incomodava ter a mala feita e sair de perto do meu filho (nove anos). O problema é que não tinha horários, hoje a esta hora provavelmente não sabia onde é que ia trabalhar e até que horas, podia ser no Algarve, no Porto, isto começou a causar algum desagrado. Eu sabia que ele estava bem entregue, mas eu sentia saudades e queria estar com ele”, disse.

A ex apresentadora recordou ainda o momento em que decidiu dizer o adeus. Eu estava a apresentar um programa na altura e o meu pai mandou uma mensagem a dizer: ‘estás tão bonita, já tinha saudades de te ver na televisão’. E eu respondi: ‘obrigada, mas se soubesses o quão infeliz estou aqui’. E ele respondeu-me: ‘eu sei, consigo ver isso nos teus olhos. Não te esqueças de nunca estares onde não és feliz’. E essa mensagem está comigo até hoje“, disse Catarina Camacho, revelando de seguida que soube da morte do pai quando estava a trabalhar.

“Estava entre diretos [da TV] quando recebi uma chamada com a notícia que eu não esperava, de uma senhora que me disse que o meu pai tinha partido. A partir desse dia, desse momento e dessa circunstância, eu nunca mais consegui voltar a fazer televisão e achei que não fazia sentido. Lembrei-me da mensagem que o meu pai me tinha deixado antes“, completou.

Ex-repórter foi diagnosticada com depressão no verão de 2021, e o pai morreu poucos meses depois.

Catarina Camacho desmaiou e acordou no hospital

Catarina Camacho recordou um episódio que quase desmaiou em direto. “Eu estava a fazer o Aqui Portugal com a o Hélder Reis a Joana Teles. Eu ia entrar no ar em direto quando desmaiei. Recordo-me vagamente de acordar no hospital, depois continuei a dormir e depois recordo-me de acordar já em casa. Acordei quase 40 horas depois, eu estava esgotada, exausta. Eu não dizia que não. Não dei valor aos sinais que o meu corpo ia dando, pouco dormia, trabalhava muito. Comecei a perceber que já não era feliz.  Com o confinamento comecei a perceber que se calhar não precisava de trabalhar tanto, estava mais feliz em casa com o meu filho e marido e aos poucos fui-me desapegando do trabalho e comecei a dizer não. Quando eu percebi que começou a ser fácil dizer não e que me sentia mais tranquila ao dizer não, percebi que estava a dizer sim para outras coisas e que havia mais vida para além disto”, contou.

Catarina admitiu que quando tomou a decisão teve dúvidas. “Mas depois começaram a surgir dúvidas. É nesta fase que perco o meu pai. O grande homem da minha vida”, sublinhou. “Ainda não percebi muito bem o que é o luto, mas já consigo lidar melhor com a falta e acho que consigo transformar esta falta em saudade”, partilhou a profissional para depois explicar que pediu ajuda.

“Ainda não consegui sair totalmente. Numa primeira fase faço medicação e agora também psicoterapia. Recorri a psiquiatra e a psicoterapeuta. Estou a viver em Coimbra e com outros projetos”, terminou.

Texto: Ana Lúcia Sousa

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