Ângela Ferreira vai conseguir realizar o seu sonho! Agora já pode engravidar do marido, que morreu em 2019. A mulher que deu a cara pela luta da legalização da inseminação pós-morte em Portugal pode, a partir de agora, recorrer à inseminação pós-morte para tentar engravidar de Hugo.
As mulheres que queiram, em Portugal, ter um filho dos maridos ou unidos de facto que já morreram já o podem fazer sem restrição de técnicas. Segundo explica a CNN Portugal, até agora, o Conselho Nacional da Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), a entidade reguladora da medicina de reprodução, fazia uma interpretação redutora da nova lei da procriação medicamente assistida, e entendia que o texto legal só permitia o recurso à inseminação artificial pós-morte, uma técnica com uma taxa de sucesso máxima de 20%.
Por isto mesmo, o CNPMA só disponibilizava o consentimento informado, documento necessário e obrigatório para fazer qualquer técnica de procriação medicamente assistida, para a inseminação artificial pós-morte.
Ângela Ferreira está de “coração cheio”
No Instagram, Ângela Ferreira celebrou esta conquista com uma mensagem de esperança para todas as mulheres com o meso objetivo.
“Hoje sim, hoje fizemos história! Hoje qualquer mulher na minha situação que queira pode continuar o sonho! Hoje mais uma vez quero agradecer a todos vocês mais uma vez por me apoiarem, por me ajudarem e por toda a energia e amor que me transmitem, quero agradecer aos nossos amigos que lutaram desde o início junto comigo para que fosse possível! Mas hoje quero em especial agradecer ao meu marido, por todo o amor que me deu, por me ter ensinado que não há impossíveis, por me continuar a dar tanta força como sempre me deu, por ser simplesmente ele, o Hugo! Obrigada estou de coração cheio.”
100 mil pessoas juntaram-se à causa
Depois de Ângela Ferreira ter dado a cara por todas as mulheres que lutam por este sonho, numa reportagem da TVI emitida em 2020, o CNPMA fez um pedido de esclarecimento à Assembleia da República. Na altura, mais de 100 mil pessoas juntaram-se à causa e assinaram uma petição que obrigou a Assembleia da República a discutir a alteração à lei.
A Comissão de Saúde respondeu que o intuito nunca foi restringir técnicas, mas sim permitir a conceção de um filho num cenário pós-morte, independentemente da técnica de procriação medicamente assistida usada.
Após receber a resposta do parlamento, Conselho Nacional da Procriação Medicamente Assistida disponibilizou os consentimentos informados para fecundações in vitro ou microinjeções intracitoplasmáticas de espermatozoides, o que significa que as mulheres na mesma situação que Ângela Ferreira deixaram de ter restrições nas técnicas a aplicar e podem agora tentar engravidar com taxas de sucesso muito mais elevadas.
Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Reprodução Instagram
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