A forma de apresentação e disseminação da infeção provada pelo vírus Monkeypox sugere que a transmissão esteja a acontecer por contacto próximo, incluindo relações sexuais, refere a DGS, adiantando que os casos notificados no atual surto foram na sua maioria detetados em homens que têm sexo com homens, embora a transmissão também tenha sido documentada noutras pessoas. Portugal registou mais 35 casos de infeção pelo vírus Monkeypox, elevando para 276 o total de pessoas infetadas, todos homens que se encontram clinicamente estáveis, referiu a DGS.
Segundo a informação divulgada pela autoridade de saúde, eventos públicos, privados e viagens, facilitaram a transmissão de infeções, mas estes eventos “poderão ser oportunidades para sensibilizar os participantes e transmitir informação, ao mesmo tempo que se podem desenvolver medidas de prevenção e higienização para reduzir riscos nesses contextos”.
Para a DGS, “os parceiros comunitários são essenciais para garantir uma comunicação eficaz e atempada, adequada ao público a envolver, identificar as principais mensagens de prevenção e promoção da saúde e o alinhamento entre todos os envolvidos, para identificar rumores/desinformação e ajudar a melhorar o conhecimento sobre a infeção, e para facilitar a adesão às medidas de proteção”.
“Parceiros comunitários são essenciais para garantir uma comunicação eficaz e atempada”
Entre o conteúdo das ‘mensagens chave’ a transmitir, a DGS refere que a infeção por Monkeypox caracteriza-se pelo aparecimento de lesões na pele ou mucosas, que podem ser localizadas numa determinada região do corpo ou generalizadas, atingindo habitualmente a face e boca, membros superiores e inferiores ou região ano-genital. O surgimento de sintomas deve motivar a procura de aconselhamento e avaliação médica e deve evitar-se o contacto físico próximo, incluindo relações sexuais. “O contacto físico próximo é a principal forma de transmissão. Uma relação sexual pode envolver risco. Relações sexuais com múltiplos parceiros/as aumentam o risco”, destaca a DGS.
DGS aconselha que “se existir roupa de cama, deve ser mudada após utilização por um novo participante/cliente”
A utilização do preservativo é importante para prevenir a transmissão do VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis (IST), mas não oferece proteção eficaz para o vírus Monkeypox, alerta ainda na informação. Entre as medidas a adotar “antes, durante e após” os eventos, a DGS recomenda que seja desincentivada a participação em caso da existência de sintomas e que os organizadores considerem o envio de informação prévia aos participantes, através das redes sociais ou no momento da inscrição. A DGS aconselha também formar os trabalhadores e funcionários sobre os sinais e sintomas mais comuns de infeção e sobre o aconselhamento a dar a casos suspeitos, bem como dispensar os funcionários/voluntários que apresentem sintomas. Entre as sugestões, a autoridade de saúde quer que os organizadores incentivem os participantes a “guardar os contactos das pessoas com quem mantiverem contacto físico próximo, incluindo relações sexuais, caso seja necessário identificá-los posteriormente”.
“O estigma e o medo podem dificultar as respostas em matéria de saúde pública”
Entre as recomendações de higiene, a DGS aconselha que “se existir roupa de cama, deve ser mudada após utilização por um novo participante/cliente”. “Essa roupa deve ser manipulada por funcionários de limpeza que utilizem luvas e máscaras e lavada a mais de 60 graus centígrados. Após manipulação da roupa, deve retirar-se as luvas e lavar/higienizar as mãos”, pode ler-se. A informação da autoridade de saúde adverte também contra a estigmatização da doença, tendo em conta que “a maioria dos casos até agora foram reportados em homens que têm sexo com homens”. “O estigma e o medo podem dificultar as respostas em matéria de saúde pública, pois podem fazer com que as pessoas escondam a sua doença e são barreiras de acesso aos cuidados de saúde”, alerta a DGS.
Entre os conselhos para mitigar a estigmatização, a autoridade de saúde pede que se utilize “uma linguagem respeitosa e inclusiva” e que se transmitam “os factos de forma clara e acessível”. De acordo com as autoridades de saúde, a manifestação clínica da Monkeypox é geralmente ligeira, com a maioria das pessoas infetadas a recuperar da doença em poucas semanas.
Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, nódulos linfáticos inchados, calafrios, exaustão, evoluindo para erupção cutânea. O período de incubação é tipicamente de seis a 16 dias, mas pode chegar aos 21 e, quando a crosta das erupções cutâneas cai, a pessoa infetada deixa de ser infeciosa.
Portugal vai receber 2.700 doses das vacinas contra o vírus Monkeypox adquiridas pela Comissão Europeia, confirmou recentemente a DGS, que está a elaborar uma norma técnica que definirá a forma como serão utilizadas.
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