Sandra Felgueiras deu a sua primeira entrevista desde a saída da RTP. A jornalista e cara do ‘Sexta às 9’ escolheu Manuel Luís Goucha para falar sem tabus, esta segunda-feira, 3 de janeiro, sobre os motivos que a levaram a sair do cabal público.
Após 20 anos ao serviço da RTP, Sandra Felgueiras deixou o canal público e vai-se juntar à CMTV, onde vai assumir cargo de diretora da revista Sábado. Sobre esta mudança e perante a a pergunta de Manuel Luís Goucha de se mudar para um meio que muitas vezes acicata julgamentos em praça pública, a jornalista responde sem hesitar: “Vou para a casa da liberdade”. Sandra Felgueiras sublinha que o grupo cofina se rege pela liberdade e que se não fosse o jonalismo de investigação dos meios deste grupo, como Correio da Manhã e CMTV, a Operação Marquês não era o que é.
“Foi uma decisão difícil, demorada […] A chegada aqui era agora ou nunca. Ou seja, também tenho de ter a coerência de sentir que, se nos últimos tempos fui encarando o meu percurso na RTP como algo que não podia fazer mais e melhor”, começou por dizer, explicando que esta foi uma decisão solitária. A jornalista revela que falou com as pessoas mais próximas, mas a decisão foi tomada sozinha, como o faz sempre que tem de tomar decisões importantes. “A responsabilidade é minha”, sublinha.
Sandra Felgueira explicou por que decidiu sair e admitiu que a estação não deu meios para um crescimento do programa. “Não tinha margem de progressão, não sentia que tivesse o carinho interno que um projeto como o ‘Sexta às 9’ merecia ter”, explicou.
Manuel Luís Goucha quis saber se Sandra Felgueiras está magoada com o canal público. “Não saio magoada com a RTP, saio magoada com esta RTP. Todas as televisões são feitas de pessoas, pessoas que as lideram em determinado momento […] Eu saio magoada com algumas coisas que vivi”, afirmou.
“Não guardo rancor, não guardo ressentimentos. Tenho o coração absolutamente limpo e aberto para uma etapa que eu tenho a certeza que vai ser muito feliz”, sublinhou.
A jornalista explica ainda que o programa Sexta 9 sofreu de imediato com o anuncio de que Sandra Felgueiras ia sair e que houve entrevistas que foram de imediato canceladas assim como conversas com fontes de informação. “As pessoas confiavam em nós, na nossa equipa. Há notícias que nunca vão sair”, contou, assumindo o impacto que teve a sua saída da RTP e por consequência do Sexta às 9.
Sandra Felgueiras fala em descriminação parental
Sandra Felgueiras é filha da ex-autarca Fátima Felgueiras conhecida pelo escândalo “saco azul”. A jornalista sabe o que é ser julgada em praça pública justamente por ser filha de quem é e levanta a questão da discriminação parental.
“Eu sou o que sou apesar de tudo o que eu vivi, apesar de todos os obstáculos que vivi. Nasci filha da Fátima Flegueiras, vim para Lisboa e 22 anos depois de fazer jornalismo de investigação as poucas coisas menos boas que vejo escritas sobre mim é ‘lá vem a senhora filha do saco azul’. Nunca se falou disto abertamente, mas às vezes tenho para comigo esta refleção. As pessoas falam do racismo, da xenofobia, de discrimição por identidade de género, mas as pessoas saberão o que é a discriminação genética, biológica? Alguém poderá despir de si o ser filho de? Tenho o máximo orgulho de ser filha da minha mãe, do meu pai. São referências incríveis na minha vida, todo o meu trabalho, toda a consciência de que a única coisa que nos deve fazer prgredir no mundo é o mérito e o trabalho árduo devo-o aos meus pais”, enfatizou.
Texto: Ana Lúcia Sousa
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