12 anos depois, Fátima Lopes voltou a ser a convidada de Daniel Oliveira no programa “Alta Definição”. Numa conversa intimista, sem filtros, a apresentadora de 52 anos falou sobre o seu percurso profissional abertamente, incluindo a vida pessoal.
Assumindo-se como uma pessoa mais “madura” desde a última entrevista na SIC, Fátima Lopes recordou os meses em que esteve afastada da televisão após 30 anos de carreira, depois de abandonar a TVI, no início de 2021. “Até tenho de respirar fundo, foi o meu maior desafio. Durante 30 anos habituei-me a trabalhar de uma determinada maneira, num determinado sítio, neste caso na televisão”, começa por dizer.
“Obrigou-me a ir à procura de competências que eu não sabia se tinha. Obrigou-me a mergulhar em mim: ‘Então e agora? A televisão está aqui deste lado, não vais para já retomar, o quê que achas que és capaz de fazer? O que te faz sentido fazer? Será que tens competência para isto? Será que consegues fazer aquilo?’ Eu faço estas perguntas todas com 51 anos”, relembra.
Daniel Oliveira fala mesmo em “salto no abismo” e o novo rosto da SIC concorda: “Se não tens nenhum plano b é tudo um salto”. Fátima Lopes confessa que teve de alterar a vida devido a esta mudança e que, no meio de tudo, o que leva de melhor foi mesmo a “lição” que conseguiu dar aos filhos, Beatriz, de 18 anos e Filipe, de 12.
“Eu quando olho para estes meses, das coisas que me deixam mais feliz é pensar que acho que dei uma grande lição aos meus filhos, de várias coisas. Primeiro de que não há uma idade para recomeçar, segundo que se não estás bem, tens ir à procura de ficar bem e terceiro de que estamos habituados a um determinado nível de vida, que foi sempre assim, embora os tenha educado aos dois a serem pessoas extremamente poupadas”, afirma.
“Fiz logo uma lista: isto, isto e isto não vai acontecer”
Fátima Lopes relembra que, quando ficou sem trabalho na televisão, teve uma séria conversa com os filhos para “apertarem o cinto” lá em casa e reduzirem as despesas.
“Assim que saio da televisão tenho uma conversa com eles: ‘Meus queridos filhos, a nossa vida mudou. Há meses em que a mãe há-de ganhar e há outros meses que a mãe não vai ganhar. A mãe vai ter que orientar aqui o dinheiro'”, relata. “Fiz logo uma lista: isto, isto e isto não vai acontecer, não precisamos disto, vocês vão perceber que não precisamos disto”, explica, exemplificando esse momento. Fátima considera que, com esta atitude, os filhos ganharam-lhe “mais respeito”: “Eles têm de aprender que a vida mudou”.
Ao companheiro de Andreia Rodrigues, Fátima desabafa que teve “muitos momentos” em que sentiu “medo”.
“Tive medo, pensei: será que vou conseguir?”, afirma, dizendo que apesar de ter estado envolvida em vários projetos, existiram meses “mais parados”, muito também devido à pandemia de covid-19.
“Eles [os filhos] deitavam-se e eu ficava a fazer contas de cabeça”, remata.
“Foi a única vez nestes meses que chorei”
Fátima reforça a relação próxima com os pais, os seus modelos de vida, e relembra um dos momentos que mais a marcou recentemente,
“Quando saí da televisão, fui a casa dos meus pais e disse-lhes. O meu pai, que é um homem assim muito alto e não é muito de abraços, abraçou-me e olhou-me assim no rosto e disse-me: ‘O pai sabe que te vai correr bem, porque tu és uma grande mulher e eu tenho muito orgulho em ti’. Foi a única vez nestes meses que eu me ‘despenquei’ a chorar, porque aquilo teve muito impacto em mim”, recorda.
“Porque eu sabia que ele dizia isto tudo alto no seu medo, para não dizer o pânico que tinha de que não me corresse bem”, acrescenta.
Texto: Inês Borges; Fotos: SIC
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