O vírus da gripe afeta o homem e numerosas espécies animais. Apresenta-se sob diversas formas: esporádica (pequeno número de casos), epidémica (grande número de casos simultâneos, uma cidade, região de um país, etc.) ou pandémica (propagação da população mundial, vírus sem barreira imunitária).
Nas espécies animais são as aves as mais afetadas, funcionando como verdadeiros hospedeiros primitivos dos vírus.
As crianças de todas as idades são atingidas com morbilidade elevada e alguma taxa de internamentos. São elas o principal reservatório viral e vetor de difusão.
EPIDEMIOLOGIA
A gripe, doença vírica, transmite-se por via aérea através de gotículas (tosse, espirro, etc.). O frio e a humidade favorecem a sua transmissão devido ao aumento da resistência do vírus. O contágio inicia-se 24 horas antes dos sintomas clínicos e persiste entre sete a nove dias. A incubação dura um a três dias, aparecendo então os sintomas habituais da gripe de uma forma abrupta, com síndrome febril de início rápido, sinais respiratórios (tosse, coriza, etc.), dores difusas, musculares, articulares, etc. No adulto, complicam-se com desidratação, anorexia, sinais respiratórios mais graves e descompensação cardiovascular.
As complicações infecciosas são de dois tipos: víricas (pneumonia viral, encefalite, miocardite, etc.) e bacterianas (pneumonia bacteriana da responsabilidade habitual de pneumococos, hemófilos e estafilococos áureos).
TRATAMENTO
O tratamento da gripe pode variar de pessoa para pessoa, consoante o seu estado. Mediante os sintomas apresentados, o tratamento poderá ser um antibiótico para prevenir infeções bacterianas, se necessário, uma boa hidratação, antipiréticos ou um tratamento específico mais avançado com inibidores da neuraminidase (oseltamivir, o mais conhecido).
O vírus da gripe é diferente de ano para ano e a vacinação anual é a medida de prevenção mais eficaz para esta doença. Contudo, apesar de importante, a vacina contra a gripe não chega.
Como forma de prevenção e evitar o contágio, e mediante a propagação de um surto de gripe, recomenda-se:
Evitar grandes aglomerados de pessoas, tal como centros comerciais, restaurantes e outros espaços públicos fechados;
Se tem conhecimento de um hospital com as urgências lotadas, o melhor é ver uma alternativa mais rápida e eficaz;
A vacinação é importante. Apesar de a vacina não cobrir todas as estirpes da gripe, é melhor ter alguma proteção do que nenhuma;
Repouso, hidratação e controlo dos sintomas. Muitas das pessoas que vão às urgências nesta altura não têm gripe, mas acabam por ser contagiadas;
– Cuidados de higiene: lavar bem as mãos com sabão ou soluções alcoólicas, e regularmente;
– Proteger a boca e o nariz aquando da tosse ou espirro.
VACINAÇÃO
A vacinação anual deve ser sistemática em todos os adultos com mais de 65 anos, os doentes crónicos e os imunodeprimidos com seis ou mais meses de idade, pois são os grupos de maior risco.
As grávidas, profissionais de saúde e prestadores de cuidados e os residentes em instituições como lares, centro de acolhimentos, etc., encontram-se também nos grupos mais vulneráveis, por isso recomenda-se a vacinação.
Também se torna prioritária esta vacina para doentes apoiados no domicílio, doentes internados em unidades de saúde, pessoas com patologias crónicas, tais como dialisados, transplantados, doentes em tratamento de quimioterapia, fibrose quística, trissomia 21 e doenças neuromusculares.
David Martins – Diretor do Centro de Consultas do Hospital da Lapa
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