Sofia Ribeiro
Faz confissão emocionante

Nacional

“Não sei se algum dia terei filhos”

Ter, 01/11/2016 - 10:05

Para finalizar o mês de outubro, que é o mês de sensibilização para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro de mama, Sofia Ribeiro escreveu um texto marcante na sua página de Facebook.

 

A atriz, que lutou durante nove meses contra um cancro na mama, revelou que não sabe se poderá ter filhos e alertou para a prevenção.

 

“O Cancro caiu na minha vida como uma daquelas chuvas torrenciais que faz a cidade parar e quando vemos está tudo alagado. Não depende de nós, não sabemos o que fazer, como encontrar um caminho para fugir e chegar ao destino parece impossível.

 

Até que a chuva começa a acalmar, os carros voltam a andar, o trânsito começa a fluir lentamente… Essa chuva eu não tive como controlar, mas felizmente fui a tempo de minimizar os estragos. No meu caso, a capacidade de evolução do meu Cancro era muito considerável, mais um bocadinho e era quase uma pequena bola de ping pong, felizmente para mim, foi impossível não dar por ele mas nem sempre é assim, por vezes um descuido e pode ser tarde de mais. Toda esta partilha para dizer que acredito piamente que um diagnóstico precoce pode, e na maior parte dos casos, faz toda a diferença. No meu fez. Há quase um ano a minha prioridade era o meu trabalho, o meu crescimento e evolução profissional. Trabalhar o mais possível era o meu centro. Era o lema…

 

Bem como Juntar o meu pé de meia para um dia conseguir proporcionar aos meus filhos alguma estabilidade e bases minimamente sólidas, para um dia escolherem o seu caminho. No mínimo irónico! Quase um ano depois e eu não tenho filhos, nem sei se algum dia os terei, pelo menos biológicos não sei, por conta dos possíveis estragos causados pela quimioterapia. Mas sei que, pouco ou nada importa o que quer que seja, se a nossa saúde não estiver em primeiro lugar. No momento em que a ficha cai é que entendemos que o nosso tempo de vida é limitado e precioso .

 

É nesse momento que nos deparamos com a possibilidade de finitude, quando se coloca as coisas numa balança e se dá prioridade ao que realmente é necessário. Por mais informação que se tenha, por mais perto que se esteja de um doente de Cancro, só se tem a real noção, só se entende a verdadeira dimensão, quando é connosco. Por mais que tente explicar, quem não passou por um Cancro não tem tempo para coisas que neste momento não lhe são importantes. O meu caso não é diferente de tantos outros, não é mais difícil ou leve, não merece mais atenção que o de alguém.

 

Apenas é o meu. Sou eu, mulher, 32 anos, com uma profissão pública mas nem mais, nem menos que outra mulher, a fazer o que o meu coração diz. Partilho com o “mundo” a minha experiência, o meu olhar, a minha luta porque acho que todos nós, cada um à sua maneira temos o dever de alertar e agitar consciências. Somos mulheres, simplesmente especiais. Somos dom, somos dádiva, não vamos desperdiçar isso.

 

Toca-te. Olha-te. Cuida-te e confia.”

 

Fotos: Impala e D.R.

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