Diogo Morgado partilhou uma mensagem emocionante, nas redes sociais, dedicada a Nicolau Breyner. Leia seguidamente…
“Partiu… e de que maneira.
Quero, quero mesmo, quero falar não daquilo que me uniu ao homem mas daquilo que o homem uniu.
Hoje… ele partiu, mas há anos que ele anda a partir as amarras que nos impedem de andar para a frente, a quebrar as barreiras do medo e da nossa pequenez, a empurrar-nos a acreditar, a quebrar preconceitos e estereótipos a fazer-nos dar valor, a sonhar…
Começou como tenor de ópera, tropeçou no teatro, onde cresceu e se formou como ator, como contador de histórias. Na altura a única televisão digna para um ator era o teatro televisionado.
Mas ele viu mais, viu para além das nossas aparentes limitações e acreditou. Chamou uns quantos comparsas, para pela primeira vez se fazer aquilo que só se julgava ser possível lá fora. Drama televisivo de longo formato. Chamaram-no de louco e sonhador, ao qual ele agradeceu o elogio sorrindo, mas acima de tudo… fazendo.
Onde morrera sempre a diferença dos que discutem, criticam e analisam e dos que fazem. Ele fez, e voltou a fazer vezes sem conta.
Aquilo que é hoje em Portugal um mercado de reconhecido prestígio internacional, foi uma vez, apenas um sonho acreditado na cabeça de um homem grande, com alma de puto.
Daqueles putos que quando não sabem o que dizer contam uma história… e que histórias… tantas e tão vividas e tão celebradas e acima de tudo tão partilhadas por ti.
Partiu… Partiu o preconceito da aparente dividida comédia / tragédia, fazendo-nos rir durante anos com todas as suas peças, sketches, séries e revistas, apenas para mergulhar de seguida no mais intenso dos dramas e expor as suas fragilidades em personagens tão sérios e reais como os seus sonhos, em tantos filmes que nos presenteou.
Partiu… Partiu a barreira da idade. Aquele gigante com olhar de puto foi protagonista toda a vida, fosse em novela, filme ou teatro. Nunca deixou que a idade lhe tirasse o nervo, e com 70 anos continuava a ser protagonista de onde entrava.
Tal como todos os grandes, não era perfeito, não era fã de trabalho, nem do frio, nem de tristezas ou lamúrias… Dessem-lhe abraços, o Alentejo, gargalhadas e histórias numa farta mesa e tinham o Nico no pico do mundo.
O Nico era nosso, era dos nossos, éramos nós.
Partiu… mas desta vez dói. Alguém tão luminoso faz falta para alumiar o caminho e aquecer o sangue nos dias frios desta vida.
Um beijo grande de alguém que celebrará para sempre cada momento que passou contigo.”
Recorde:
– Nicolau Breyner morre aos 75 anos
Texto: MDA; Fotos: Impala e D.R.
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