A doença celíaca é uma doença autoimune, com forte predisposição genética, provocada pela ingestão de uma proteína do glúten, gliadina, que existe no trigo, centeio e cevada. Sendo uma doença autoimune, ao ingerir essa proteína o corpo reagirá produzindo anticorpos que, em vez de atuarem contra um agente agressor, atuarão contra o próprio intestino delgado. Esta agressão acontece nas paredes do intestino delgado e nas suas vilosidades, a um ponto que, em celíacos com a doença descontrolada, pode danificar e diminuir a sua capacidade em absorver nutrientes, existindo risco de carências de vitaminas, minerais e ferro ser enorme. Após a introdução do glúten na alimentação, pode manifestar-se em qualquer idade, sendo mais habitual aparecer entre o 6.º e o 20.º mês de vida, apesar de cada vez mais se manifestar em adultos. Estima-se que no mundo, uma em cada cem pessoas seja celíaca, contudo, cada vez mais pessoas, em idade adulta, manifestam não a doença, mas alguma intolerância a esta proteína, descrevendo uma sintomatologia muito semelhante, mas sem comprovada análise endoscópica.
Na nossa consulta de Reeducação Alimentar, principalmente em adultos, podemos perceber se apresenta os sintomas que encaixem na doença celíaca ou com alguma sensibilidade ao glúten, como por exemplo: anemia e aftas recorrentes, problemas de pele, cansaço extremo, mudanças de humor e comportamento (depressão, irritabilidade…), fertilidade diminuída. Contudo, o diagnóstico da doença só pode ser dado por concluído quando comprovado através de análises sanguíneas laboratoriais e da biopsia ao intestino delgado, que terá de confirmar uma mucosa do intestino alterada ao ponto de afetar a absorção nutricional.
A identificação desta doença ou desta sensibilidade pode ocorrer de forma tardia porque o grau de sintomatologia é muito variável, ou seja, contactando com o glúten, tanto pode ir de leves dores de barriga, mais habitual acontecer a quem identifica a doença em idade adulta, como de uma inflamação intestinal tão significativa e tão continuada que leva a atrasos de crescimento e mal nutrição, mais habitual acontecer logo nos bebés. Independentemente do seu nível de sensibilidade, é importante ter a consciência que não existe cura, mas, com os devidos cuidados alimentares, e só com esses cuidados, consegue ter a doença controlada. É por isso que nestes casos, uma consulta especializada vai ser a sua melhor aliada, pois ajuda a traçar um plano alimentar saudável e variado, adaptado à sua condição de celíaca ou de pessoa com sensibilidade ao glúten. Até porque, não basta só evitar o trigo, a cevada e o centeio, há outros alimentos que podem conter na sua composição estes cereais, apresentados de uma forma mais clara ou mascarada nos ingredientes e há alimentos que no seu processo de embalamento ou obtenção poderão contactar com fontes desses cereais.
Texto: Humberto Barbosa; Foto: Royalty Free
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