É o mais popular dos candidatos a Presidente da República e, de acordo com as sondagens, aquele que as pessoas mais desejam ver no cargo. Porém, no Natal, Marcelo Rebelo de Sousa esquece tudo isto. Numa conversa exclusiva com a VIP, o candidato presidencial recorda os natais da sua infância, revela como será o deste ano e antecipa o próximo, caso vença as eleições de janeiro. Marcelo Rebelo de Sousa partilha ainda o seu desejo de Natal no que aos presentes diz respeito.
VIP – O Natal sempre foi especial para si?
Marcelo Rebelo de Sousa – Sempre. A minha mãe era órfã de pai e mãe. O meu pai também ficou órfão de pai com quatro anos de idade. Por isso, o único parente mais velho que passava o Natal connosco era a minha avó paterna. O núcleo familiar era muito restrito porque a minha mãe não tinha irmãos e o meu pai tinha um meio-irmão. A família nuclear, muito pequena e muito unida, sempre festejou de forma muito especial o Natal.
A religião estava muito vincada na família?
Era uma família católica, por isso existia o aspecto religioso, fundamental no Natal. Era a festa religiosa e a festa da família. Lembro-me que, desde os meus cinco ou seis anos, a festa de Natal esteve muito presente, como não esteve nenhum outro acontecimento. Nem a Páscoa nem mesmo os dias de aniversário das pessoas da família.
Recorda algum Natal ou presente em particular?
Recordo, em especial, o Natal passado em Moçambique. Era adolescente e, na altura, o meu pai estava em Moçambique. Era um Natal diferente porque era quente. Mais tarde, passei a ter vários quentes, porque os meus pais foram viver para o Brasil. Mas aquele foi diferente do que estávamos habituados por cá, um Natal com frio e chuva. E este era o Natal que correspondia ao nosso imaginário de criança. Ali era quente. Recordo-me, na altura da Missa do Galo, de um calor húmido que era uma loucura. Foi um Natal diferente.
E lembra-se de alguma tradição?
Sim, em miúdo, todas as pessoas que trabalhavam na nossa casa partilhavam o Natal. Portanto, era uma mesa muito grande em que estavam os membros da família mais o pessoal que trabalhava em casa, como a porteira, a família da porteira, a empregada, os seus familiares que vinham da terra… Era muito divertido. E existia uma característica fundamental…
Qual?
Todos discursavam. A começar nos mais novos e a acabar no mais velho. Cada um dava um presente a cada um dos outros, algo que hoje é muito habitual, mas que na altura não era. E comia-se sempre bacalhau cozido com todos. Era sempre assim. O peru não fazia parte da nossa tradição.
Já tem tudo planeado para este ano?
Este ano vai ser um Natal dividido em dois. Vou ter um Natal com os meus irmãos e com os meus sobrinhos na casa do meu irmão Pedro, o mais novo. De 24 para 25 é lá. Depois, vou ter um segundo Natal, porque os meus netos [Francisco, Maria Teresa, Maria Madalena, Maria Luísa e Maria Eduarda] só chegam no dia 26 de madrugada. Por isso, de 26 para 27, vou ter outra noite de Natal (risos). Vou ter dois natais. Isto acontece porque os meus netos passam o Natal com o pai no Brasil, em São Paulo, e depois vêm com a mãe passar a passagem de ano a Lisboa. Mantemos o Natal familiar na noite de 24 e vamos ter outro, o que nunca aconteceu, na noite de 26.
A campanha tem permitido preparar tudo com calma?
Não altero minimamente o Natal. A campanha é a campanha, mas a vida da pessoa continua. E a vida da pessoa, nestes momentos fundamentais, nomeadamente a vida familiar, é mais importante do que a campanha eleitoral. Os meus netos chegam na madrugada de 26, vou estar com eles nesse dia, e nessa noite festejamos como se fosse a noite de 24. Tenho uma entrevista televisiva mas é só no dia 27. O dia 26 será todo dedicado aos netos que acabam de chegar.
Há algum presente especial que deseje receber neste Natal?
Já sei a quem vou dar presente, mas não sei quem é que me vai dar.
É um Natal com amigo secreto?
É uma espécie de amigo mistério. Vou dar um presente a um dos meus irmãos e já sei o que lhe vou dar. Acho que é o genro desse meu irmão que me dá o presente. O que gostava de receber era um livro, mas não vou influenciar a pessoa na escolha do livro. Pode até nem querer dar um livro, poderá ser outra coisa simbólica.
E os portugueses, que têm manifestado um enorme carinho por si, parece que lhe querem dar um presente já no início do ano…
Vamos ver, vamos ver… Até ao lavar dos cestos é vindima. Realmente, tenho tido muito carinho, tal como tinha antes de ser candidato presidencial. Isso é algo que me sensibiliza muito, em alguns casos até me emociona.
Como tem lidado com esse carinho das pessoas nesta altura de compras de Natal?
Não vou comprar muitos presentes. Vou a uma livraria para oferecer um livro ao meu irmão. Por isso não andarei muito pelas ruas, mas esse presente só deverá ser comprado no dia 24 porque tenho algumas entrevistas antes.
Onde irá passar a passagem de ano?
Normalmente, passo com a família, com os netos. Este ano, tenho de ouvir a posição da minha nora. Tenho de negociar com a minha nora e com os meus compadres para saber como vai ser, porque eles têm ideias, também tenho ideias e os netos também têm. Ainda não está nada definido.
Acredita que em 2016 irá celebrar o Natal numa nova morada, em Belém?
Isso não será com certeza porque, mesmo que seja eleito Presidente, não irei comemorar o Natal com a família em Belém (risos). Como o nosso Natal é rotativo, para o ano é a minha vez, é em minha casa. Portanto, será na minha casa, onde sempre vivi. Não será em Belém, mesmo que seja eleito Presidente da República.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Impala
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