Vai voltar em breve ao ecrã da TVI com a novela Falsidades. Fernanda Serrano, mãe há três meses e meio de Caetana, que veio juntar-se a Santiago, de dez anos, a Laura, de sete, e a Maria Luísa, de seis, já está a fazer testes de imagem para a sua personagem na televisão e surgiu com um look com franja e cabelo preto. “Sim, sou mesmo eu”, afirmou, bem-disposta a atriz, ao chegar ao local onde seria transmitido online o Livechat do Clube Aptababy, um workshop em direto, onde grávidas e mamãs esclareceram as suas dúvidas sobre nutrição infantil e educação à mesa. A VIP teve oportunidade de falar com Fernanda Serrano depois da conversa no chat sobre crianças e alimentação, durante a qual a atriz tirou, ela própria, várias dúvidas a este respeito. Mas sendo outubro o mês dedicado à luta contra o cancro da mama, a atriz recordou ainda os momentos complicados por que passou, mas que tem superado, vivendo de forma “tranquila e feliz”.
VIP – Como é a logística com quatro miúdos entre os dez anos e os três meses?
Fernanda Serrano – São de idades muito próximas. Os meus filhos são todos muito diferentes e dão-se todos bem, até a número quatro. É que já é por números, são tantos! Eles são preocupados com o bem-estar deles e de todos da família. Está instituído desde cedo o mote família. O mais importante para nós é esta estrutura estar bem cimentada.
Como é que eles são com a Caetana?
Ela é a “bijou” lá de casa e já parece ser muito opinativa…
Quem é que demonstra ter maior afinidade com a bebé?
Curiosamente, a Maria Luísa. Isto porque achei que por ela ser a mais nova, ia ressentir-se mais da vinda de uma irmã, mas não. Ela é a mais preocupada. A Maria Luísa é uma criança que gosta de partilhar, é muito delicada. Muito sensível e criativa.
Se tivesse de descrever os seus filhos numa palavra, qual seria?
Numa palavra, a Maria Luísa é o Bem. O Santiago é a Compreensão. A Laura é a Beleza. Ela é muito mais vaidosa, de acordo com a idade, com a descoberta, já percebe que não pode ser o mote
da vida dela. É ultrafeminina.
Com Caetana, referiu que, por indicações médicas, optou por não amamentar. Foi difícil tendo em conta que o que fez com os outros?
Da terceira filha foi mais complicado porque o quadro clínico era completamente proibitivo. Agora, acabou mais por ser uma opção minha porque não ia ser um processo de amamentação normal. Para já porque em termos físicos não ia ser igual, depois porque psicologicamente, não iria gerir as emoções de forma tranquila. Qualquer problema ou sintoma, diferente do que eu conhecia, que pudesse acontecer no processo de subida de leite ou amamentação, eu iria remeter para um lado que poderia não ser o óbvio. Na minha cabeça ia ter uma preocupação acrescida pelos motivos óbvios que são conhecidos. E o que queria mesmo queria estar desligada disso e desfrutar deste presente que recebi que é a minha filha e que veio na hora certa. Ela tem três meses e meio e ainda me é difícil gerir a ideia de ter quatro filhos. Foi tão inesperado!
Nunca imaginou isso antes?
Uma coisa é quando ainda nem sequer fomos mães e dizemos: quero ter quatro ou cinco filhos, quero ter muitos. Quando tive um, percebi que provavelmente ficava nos três. Quando tive o segundo, achei que ficava por ali. Nunca imaginei que a família crescesse desta forma assim em catadupa, mas ainda bem que aconteceu! Agora percebo que ter dois filhos é estar de férias!
E consegue isso, estar de férias, ou ter períodos que tira só para si e para o Pedro?
É muito raro isso acontecer, mas quando acontece fico tranquila porque eles ficam entregues aos cuidados dos meus pais, que são tão bons ou melhor que os meus. Fico bastante descansada quando isso acontece e eles adoram estar com os avós.
E são importantes esse momentos?
São fundamentais!
Acha que pelo facto de não ter amamentado foi mais fácil perder peso, ou foi o contrário?
Sempre ouvi dizer que amamentar promovia a recuperação mais rápida e notei isso da primeira gravidez, há dez anos. Aos 40 anos, o corpo reage de maneira diferente. Agora, passaram três meses e meio, ainda não estou igual, mas tenho de ir com calma. Não posso, do ponto de vista clínico, fazer dietas muito rigorosas. Mas já sou muito regrada e saudável e voltei ao exercício físico. Quando ao ritmo diário, só desacelerou quando estive na maternidade. Até digo, a brincar, que aproveito para descansar quando vou para a maternidade ter um bebé.
Quando começar a gravar como vai ser a dinâmica familiar?
A dinâmica com os três mais velhos mantém-se como sempre esteve, já estava tudo organizado com o Pedro e com os meus pais.
Ele ajuda-a?
Agora ajuda (risos)! Ao quarto filho ajuda. Porque eu própria percebi que tinha mesmo de pedir ajuda… antes eu pedia, mas se calhar não era muito eficaz, ou então algo aconteceu, porque nunca tive a ajuda dele como estou a ter agora!
Na novela Falsidades, que será apresentada no final do mês, o seu papel é de uma médica bem-sucedida e mãe de família exemplar. Isto é possível?
Quero acreditar que sim, que é possível, e que não é só na ficção, porque isso atesta as minhas competências enquanto atriz e mãe!
Como está a encarar este regresso à televisão, vai ser um retomar de muita coisa…
Sim. Mas como não gosto de estar parada, este tempo acabou por não ser de estagnação porque desenvolvi o meu site e tenho estado sempre ocupada com publicidade.
A sua prioridade é a sua família?
Sim, essa é a minha prioridade. Depois o meu trabalho e ao mesmo nível gostaria de sustentar o meu lado social… talvez agora parando de ter filhos, consiga (risos)!
Em relação a outubro ser o mês do cancro da mama, é uma altura difícil para si?
Não. Não ligo a datas. Ligo aos casos e às situações. Sou sensível à situação em si. Não deve ser comemorado, deve ser analisado e ouvido no dia-a-dia. Não vou a situações massivas com muita gente falar sobre o assunto, porque não me tenho como um exemplo. Sou uma cidadã comum, normal, uma mulher a quem isto infelizmente aconteceu e que dentro do que tinha à minha disposição, cumpri o protocolo clínico, tive sorte e não tendo uma fórmula mágica, correu tudo dentro das expectativas.
Ainda é abordada sobre o cancro?
Muitas vezes e faço sempre questão de salientar isto: o meu modo de resolver foi o meu, não quer dizer que tenha sido o mais correto, ou o mais exemplar. Cada caso é um caso e cada médico é um médico.
No início não teve sorte com o médico, mas depois teve…
Sim, depois consegui obter ali uma informação e segurança que acho que é isso que nós, pacientes, buscamos num médico. A tranquilidade e a certeza de que ele nos vai ajudar a resolver o problema. É que, inicialmente, quando se dá a fase do choque, a mais traumática, precisamos de saber que vamos resolvendo, com segurança. Sabemos que não se resolve tudo de uma vez, mas vai-se resolvendo.
Já passou o período crítico…
Passaram sete anos, vai fazer oito em março… é impressionante como o tempo voa. No início não queria falar sobre o tema cancro, mas depois acabou por escrever o livro… Porque nós não queremos falar de uma coisa que é tão difícil de digerir.
Mas ainda lhe é difícil falar de cancro, dizer a palavra?
Nem penso nisso. Nunca quis dar um peso acrescido ao que já de si é tão pesado. Se posso dizer processo delicado em vez de cancro, prefiro. Não é fazer como a avestruz e enfiar a cabeça na areia, mas é tirar-lhe aquela carga negativa.
Em termos clínicos já pode respirar de alívio?
Nunca se pode respirar de alívio. Sei que é assim. Quem passa por uma situação do foro oncológico sabe que tem de ir com calma. É não pensar nisso e viver o dia-a-dia, da forma tranquila e segura e o mais feliz possível.
Texto: Magda Penas; Fotos: Nuno Moreira
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