Sinlynne Archibald
“O cancro da mama muitas vezes não dá sinal”

Chegou a Portugal por via do amor. Lynne Archibald estava em Londres quando conheceu o marido, português, e há mais de 26 anos que acabou por trocar o Canadá, sua terra Natal, por Portugal. A sua formação não é ligada à saúde nem nunca pensou que um dia estaria a dirigir uma associação ligada ao cancro, mas um facto trágico acabou por lhe mudar a vida. “A Laço começou há 15 anos, infelizmente porque tivemos uma amiga que teve cancro de mama e, infelizmente, ela faleceu. Tinha 42 anos, foi uma coisa terrível, deixou duas filhas e nós, um grupo de mulheres, sentimos que devíamos fazer alguma coisa além de lamentar”, explica.

VIP – Que mensagem quer passar neste mês dedicado à prevenção do cancro da mama?

Lynne Archibald – Nós, as mulheres, somos a linha de frente nesta batalha. Temos uma obrigação de ser proativas, temos de tomar conta de nós: comer bem, fazer opções saudáveis, não fumar, evitar uma vida sedentária. Não é preciso inscrever-se no ginásio, é literalmente pôr a impressora do outro lado da sala (risos) e levantar-se cada vez que tem de ir lá. É ter uma vida ativa e estar atenta ao corpo, notar se alguma coisa está a mexer, se alguma coisa está a mudar e se estiver é muito importante ir logo falar com o médico. Depois é muito importante também acreditar e investir na ciência. Há muitas perguntas e temos de encontrar as respostas.

A que sinais é que as mulheres devem estar atentas?

O cancro da mama muitas vezes não dá sinais, é um inimigo silencioso. Antigamente falava-se muito do autoexame, mas não é preciso uma coisa técnica. Basta quando se está no banho ou a pôr o creme, conhecer as mamas e se, de repente, há um nódulo, um alto que não estava lá, uma dor que não desaparece e não é uma dor de período, e sim uma dor nova, se a pele fica tipo casca de laranja, ou se a pele parece que está a ir para dentro ou também se o mamilo vai para dentro e tem corrimento e não está a dar de mamar, são tudo sinais de alerta que qualquer coisa está a mudar na mama e é preciso contactar o médico, fazer mamografia, ecografia, perceber o que está a acontecer. E se não sentir que teve todas as respostas às suas perguntas, tem o direito de pedir a segunda opinião. É um direito que pode fazer toda a diferença.

Qual é percentagem de mulheres que se curaram e que tiveram cancro da mama?

Em todo o Mundo, cerca de 70% das mulheres com cancro da mama têm cura, o que é ótimo, é uma grande maioria. Infelizmente, 25 a 30% vão voltar a ter e há uma pequena pequena percentagem, cerca de 10%, que logo no primeiro diagnóstico já se espalhou pelo corpo. É isso que nós queremos perceber. Queremos encontrar a resposta.

Qual o papel da Laço na procura dessa resposta?

A Laço começou com dois objetivos: mais informação sobre o cancro da mama para todas as mulheres e para o público em geral e angariação de fundos porque sentimos que havia coisas que podiam desenvolver mais. Ao longo destes 15 anos apoiámos o rastreio a divulgação da importância de estilo de vida saudável e a deteção precoce. Criámos um site, uma página de Facebook onde estamos sempre a partilhar informações. Publicámos dois livros, temos muitos e-books, temos um com dicas para as pessoas com cancro, outro A Minha Mãe E a Melhor que é para famílias com cancro de mama, para ajudar a explicar a uma criança o que está a acontecer, temos sobre a alimentação. O e-book é ótimo porque é gratuito e qualquer pessoa consegue aceder. Reformulamos o nosso site para termos muita mais informação em português, todo credível, validado, informação sobre o cancro de mama e todo o processo desde deteção, diagnóstico, opções de tratamento, pós-tratamento e a área mais complicada que é o cancro de mama metastático que é o cancro de mama quando as pessoas morrem.

Leia a entrevista completa na edição número 954 da VIP

Texto: Mónica Menezes; Fotos: Paula Alveno

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