Sempre sonhou com o mundo da representação e influenciada pela série Fame, aos 18 anos decidiu ir estudar para Nova Iorque. Lá, diz que viveu “um sonho durante três anos”. Passado este tempo, como não conseguiu visto para ficar, teve de regressar a Portugal. No entanto, não descarta a hipótese de voltar aos Estados Unidos da América. Maria Botelho Moniz estreou-se na série online T2 para 3, depois participou na novela Podia Acabar o Mundo e em Laços de Sangue. A atriz acabou por concorrer a um casting para apresentar o Curto Circuito, na SIC Radical, e acabou por ser a escolhida entre mais de 2000 candidatos. Hoje, faz parte da equipa de produção de conteúdos do programa Queridas Manhãs, é repórter no programa Grande Tarde e esteve na equipa de conteúdos do Ídolos durante a fase de escolha dos participantes. Além disso, já começou a preparar as emissões dos festivais de verão onde vai estar como pivô nas emissões da SIC Radical. A vida profissional corre-lhe bem, mas na esfera pessoal, Maria Botelho Moniz lidou que uma perda complicada no ano passado. O namorado, Salvador Quintela, com quem tinha uma relação há dez anos, morreu vítima de um acidente de mota.
VIP – No ano passado perdeu o seu namorado. Como lidou com a perda?
Maria Botelho Moniz – Da única forma que soube. Acordar de manhã e ir trabalhar o mais que as minhas forças permitissem para cair na cama no final do dia tão exausta física e emocionalmente, para conseguir adormecer. Entrei em modo sobrevivência. Enterrei-me no trabalho, que foi crucial durante muito tempo.
Na semana passada fez uma declaração na sua página do Facebook, assinalando o aniversário dele. Como viveu esse dia?
Com muitos ataques de choro. Passei o dia a trabalhar num festival de música na Ericeira, local onde passei férias com ele durante dez anos, o que só trouxe ainda mais emoções a um dia que já era difícil só por si. Almocei com os meus sogros que estavam lá de fim de semana, e depois voltei a entregar-me ao trabalho. São datas que serão sempre importantes e que nos vão marcar toda a vida.
Sei que adotou uma cadela para a ajudar a ultrapassar esta fase complicada da sua vida…
Naquele momento senti-me completamente abandonada e sozinha no mundo. Tudo o que queria era amar e ser amada sem que me fizessem perguntas ou me pusessem a falar. E para isso não há melhor que um cão. A Hope foi abandonada, eu sentia-me abandonada e achei que podíamos fazer alguma coisa uma pela outra. Dei-lhe uma vida mais feliz e ela a mim.
Em quem é que se apoiou nessa altura?
Tenho uma família incrível e amigos que são como irmãos que não me largaram até hoje, eles são os verdadeiros responsáveis por eu ter tido força para me levantar da cama. Há um grupo de pessoas que foi e é ainda muito presente neste processo todo de luto e sem as quais não estaria sã neste momento. São os meus anjinhos da guarda, uns que já faziam parte da minha vida, outros que conheci pelo caminho como é o caso da Ana Marques, por exemplo, com quem comecei a trabalhar duas semanas depois de tudo acontecer e que tem sido como uma irmã. No meio da tragédia, há coisas boas que nos acontecem.
Há algum tempo referiu que estava a ser vítima de stalking [perseguição]. O que se passou?
Em 2012, comecei a receber mensagens no Facebook e Twitter que escalaram para telefonemas e ameaças. Eram às centenas, foram criadas dezenas de páginas e perfis apenas com o intuito de me insultar, ameaçar e aterrorizar. Agora acalmou, mas foi muito intenso durante cerca de dois anos. Chegou ao ponto de se fazer passar por mim e marcar reuniões com pessoas com quem tenho relações profissionais. Um verdadeiro pesadelo.
Que tipo de ameaças é que lhe faziam?
Eram do foro físico, sexual, muito agressivas e muitas vezes muito perturbadoras. Cheguei a ser acompanhada por colegas ao carro porque muitas vezes me dizia que estava à minha espera à porta do trabalho para me fazer isto ou aquilo. Quando a pressão é continuada e tão agressiva, podemos acabar reféns da situação e viver num medo constante.
Chegou a falar disso no programa da Júlia Pinheiro, foi uma forma de ajudar outras pessoas e também a si?
Foi uma forma de dar a conhecer melhor uma situação que segundo os estudos já afetou mais de dois milhões de portugueses, situação essa que continua a não ser crime em Portugal. Podemos acusar alguém de injúrias, ameaças, etc., mas esta perseguição e pressão continuada, ainda não é punível por lei. Foi uma forma de dar a cara por algo de que as pessoas não falam. Recebi centenas de mensagens de pessoas que passaram, ou estão a passar pelo mesmo.
A situação já está resolvida?
Não, o processo ainda está a decorrer na Justiça.
Texto: Carla Vidal Dias; Fotos: Bruno Peres; Produção: Nucha; Cabelos e Maquilhagem: Vanda Pimentel com Produtos Maybelline e L’Oréal Professionel
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