Catarina Furtado
“Acho sempre que as coisas vão correr bem”

Nacional

Depois de 15 anos como embaixadora das Nações Unidas, relata as suas experiências humanitárias, algumas “muito duras”

Dom, 28/06/2015 - 23:29

Aos 42 anos, a sua “missão de vida” enquanto embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População tem ocupado cada vez mais tempo e espaço de uma carreira que começou há mais de duas décadas e fez de Catarina Furtado uma das apresentadoras mais mediáticas e queridas da televisão portuguesa.

Casada com João Reis há nove anos, é mãe de Beatriz, de nove anos, eJoão, de sete, e “boadrasta” de Francisco Maria, porque “madrasta” é uma palavra em que não se revê.

No livro O que vejo e não esqueço, o primeiro que escreve depois de anos de solicitações por parte de várias editoras, relata as suas experiências enquanto cidadã e voluntária, e faz uma homenagem aos pais, Helena eJoaquim Furtado, pela educação, pelos valores que lhe transmitiram, e por construírem as bases de uma pessoa que não se deslumbra com a fama e sempre foi atenta aos outros.

As editoras já lhe pediam este livro há muito tempo. Porque não aconteceu antes?
Sim, a primeira vez que me lembro foi pouco depois de ter sido convidada para embaixadora das Nações Unidas, há 15 anos. Depois, foi a seguir à primeira série dos Príncipes do Nada [uma série de reportagens exibidas pela RTP 1] . Disse sempre que não, achava que não estava preparada, queria conhecer mais Mundo, ter mais bagagem de vida, até que agora, com a efeméride de fazer 15 anos com as Nações Unidas, e o facto de sentir que nesta idade sabe bem fazer um balanço, uma retrospetiva, talvez porque sinta que posso estar a meio da minha vida… sinto que chegou altura de partilhar com as pessoas várias coisas, nomeadamente de onde vem esta minha inevitável forma de viver.

Qual é o objetivo deste livro? 
Não quero parecer a boazinha, a missionária que tem uma vida privilegiada. O propósito deste livro é que as pessoas me conheçam melhor, é também uma espécie de homenagem aos meus pais e às pessoas que foram fundamentais para o meu crescimento. Diz às pessoas que têm filhos que as crianças são um diamante em bruto, que podem, de facto, mudar o Mundo e que, para que isso possa acontecer, têm que estar sensibilizadas. E pretende, sem ser moralista, que as pessoas se inspirem nele e que mais crianças tenham uma educação com base na solidariedade, nos direitos humanos, na atenção ao outro. Enquanto voluntária das Nações Unidas, é-nos pedido que ponhamos na comunicação social estas temáticas.

Voltando ao título, depois de abrir os olhos para a realidade, é impossível esquecer?
É impossível, sim. As minhas viagens começaram há 15 anos, há nove com os príncipes, e há sítios que parece que foram de facto esquecidos pela Humanidade, há situações que não consigo guardar só para mim. Vi coisas que me dão autoridade para dizer aos políticos que gostava que passassem pelos mesmos sítios, porque eles têm poder para tomar decisões sobre a vida e a morte das pessoas. Era meio caminho andado para dos olhos passar para o coração e do coração para a ação, porque ver na prática muda tudo. Comecei por ler muitos relatórios e eu, que me considerava informada, fiquei estupefacta, e sinto necessidade de mostrar algumas coisas ao Mundo.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Bruno Peres

Leia a entrevista na íntegra na edição n.º 936 da sua revista VIP, nas bancas

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