“É isto que imagino até morrer, sim”, diz Wanda Stuart no final da entrevista onde reitera a paixão pelo teatro musical. “Para já porque tem de ser, porque não há reforma, e depois porque é isto que eu amo.” Na plateia da sala de cinema do El Corte Inglés onde interpreta a Rainha de Copas numa adaptação de Alice no País das Maravilhas concebida por Paulo Sousa Costa, mostra os dotes vocais que conquistaram o público na terceira edição de A Tua Cara Não Me é Estranha, que venceu, em 2013, com o tema Caruso, de Lara Fabian. Aos 47 anos, tem ainda um rosto jovem realçado pelo cabelo azul elétrico que se tornou a sua imagem de marca, mas garante que não tem medo de envelhecer, se isso acontecer junto do marido, o produtor Nélson Cabrita, e da filha, Eva, de nove anos. Tem um currículo impressionante que conta com 33 anos de carreira em grande parte dedicados ao teatro musical, mas nem assim se livrou de dificuldades financeiras nos últimos anos. Apesar de preferir não se alongar sobre a economia familiar, realça que não trocaria por nada uma carreira onde nunca abdicou do seu estilo irreverente e inconformado.
VIP – Como está a correr este “teatro cinematográfico” e o seu papel de má da fita?
Wanda Stuart – Está a correr muito bem, graças a toda a equipa e à adesão que temos tido por parte do público. Temos tido salas com muita gente e crianças com vontade de participar. E tem sido um gozo muito especial, porque nunca tinha trabalhado para um público mais infantil, embora trabalhe com crianças há muitos anos.
É um público muito diferente?
Sim, são muito honestos! E fiquei com a noção do que é ter uma multidão toda contra mim, porque passo a peça a mandar cortar a cabeça à Alice, e os miúdos todos a gritar. Eles entram mesmo na fantasia para onde a peça nos transporta, participam mesmo nessa viagem, é muito bom.
Como surgiu o convite para a peça?
Fui fazer o casting, como toda a gente e passadas duas horas o Paulo ligou-me a dizer que me tinha escolhido e fiquei muito contente porque adorava fazer este personagem, portanto, fui à luta e, felizmente, no próprio dia recebi resposta afirmativa. Depois partimos para os ensaios, a preparação do texto, o trabalho de casa, aliás, fiz a preparação com a minha filha, foi engraçado.
Ela já viu o resultado final?
Sim, claro, já viu a peça e até vai participar, vai ser uma “cogumela”.
Ela tem essa veia artística também?
Sim, gosta muito, já faz espetáculos comigo e com os Kids on Broadway, os miúdos a quem dou aulas com o Rúben Madureira, a Sissi Martins e o Nélson [Cabrita], o meu marido. Têm feito alguns trabalhos, já têm saído alguns miúdos desse grupo de trabalho, damos ali alguma preparação, somos uma família da qual a Eva também faz parte. É um curso anual, de canto, dança e representação, as três disciplinas principais. Não temos equivalência a escolas de artes, mas saem de lá com alguma experiência e mais maturidade. Fazemos sempre espetáculo de fim de ano e este ano vamos fazer na Casa do Artista, gostava que eles se cruzassem com a geração mais velha que está lá a viver, quero que se conheçam, partilhem histórias, acho que vai ser um encontro muito bonito.
Reconhece-se facilmente numa criança se tem esse dom natural?
Sim, em algumas delas é notório, tenho ali alguns miúdos com muito talento, outros que com trabalho vão lá. Tenho ali também miúdos que se calhar não querem ser artistas, mas que as aulas lhes têm feito melhorar as notas na escola, a sua forma de sociabilizar com os outros, a autoconfiança, o teatro dá-nos isso. O facto de ao pé dos colegas despirmos toda a roupa, todas as nossas capas, e expormo-nos ao ridículo acaba por dar-nos uma autoconfiança e uma segurança de nós próprios que nos faz aceitar os nossos pequenos defeitos, mas também ultrapassá-los e usá-los em nosso proveito.
Tem mais projetos planeados?
Tenho sempre muitas ideias e projetos, alguns consigo realizar imediatamente, outros demoram anos, estou a escrever uma peça, gostava muito de voltar com Piaf, trabalho muito com bailarinos, para já estou com a Alice e vou fazendo outros espetáculos. E de vez em quando surgem estas coisas novas e criativas como a Alice que mistura cinema com teatro.
Leia a entrevista completa na edição número 932, da VIP.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Bruno Peres; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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