Susana Werner
Revela segredos de Júlio César e a razão por que abdicou da carreira

Famosos

“Tive propostas para
fazer novelas na TVI”

Sex, 02/01/2015 - 0:00

Aos 37 anos, a mulher de Júlio César, guarda­-redes do Benfica, admite que só agora é que começou a cuidar do corpo. Atriz, apresentadora, cantora e até futebolista, a brasileira  Susana Werner conta como foi largar tudo para seguir o marido, bem como alguns dos episódios mais marcantes dos últimos anos. A família adaptou­-se bem a Portugal e a atriz já teve dois convites para voltar à representação. Disse que não, por respeito ao marido e ao filho.  
 
VIP – Se fosse guia apenas por um dia, o que mostrava de Portugal a um brasileiro?
Susana Werner – Chiado e Cascais. Também estou louca para ir ao Algarve. Pelas fotos que já vi, é imperdível. O Porto e o Douro  estão nos meus planos. Recentemente, apanhei o metro com o Júlio, fomos até ao Marquês de Pombal e depois fomos caminhando até ao Chiado. Fantástico. Tem uma energia incrível. De sexta­-feira a domingo, aquilo ferve.
 
E o que dava a provar a esse turista seu conterrâneo?
O pastel de Belém, meu Deus. Socorro! Por vezes, digo ao meu personal trainer: pode castigar­-me hoje, porque eu comi dois pastéis [risos]. 
 
E tem saudades da comida brasileira?
Não vivo sem arroz com feijão. 
 
Como é o seu dia­-a­-dia em Lisboa? 
Acordo às seis da manhã e preparo os meus filhos para irem para a escola. A carrinha passa às sete. No início, era eu que os levava, mas, como estudam em Carcavelos, no regresso eu ficava mais de uma hora no trânsito. Agora, vão na carrinha. E eu vou logo para o ginásio. Nunca gostei de ginásio, mas estou determinada a mudar. Estou com 37 anos e agora é que comecei a olhar para mim. Nunca fui vaidosa ao ponto de cuidar do corpo. Sempre fui aquela garota carioca, que anda descalça, vai à praia, de cabelo solto, sem muitas frescuras [manias]. 
 
Porquê aos 37 anos?
Comecei a ver mudanças no corpo e no rosto e a ficar preocupada. Tenho um marido que é atleta, e que, mesmo sem querer, já se cuida. E eu não estava a fazer nada. Não se nota, mas sou dois anos mais velha. Brinco com ele e digo: tens cabelos brancos e eu não [risos]. 
 
Voltando ao seu dia­-a­-dia…
A partir das 15 horas já fico disponível para os meus filhos. Até lá, faço as compras de supermercado e costumo fazer cursos. Em Itália, cheguei a fazer um curso de Photoshop e edição de vídeo. 
 
Está a preparar o futuro?
Infelizmente, não consigo organizar a minha vida profissional. Já pensei entrar na faculdade, mas sei que o Júlio, mais um ano ou dois, vai embora. Acabo por fazer cursos intensivos de cinco/seis meses, que me dão uma boa base. Em Itália, fiz um curso de fotografia. 
 
Portanto, não é uma “mãe­-turista”?
Não. Quero ter, pelo menos, umas três horas da parte da manhã para estudar. 
 
E os seus filhos [Cauet, de 12 anos, e Giulia, de nove], estão adaptados?
Muito, muito. O Cauet tem uma personalidade engraçada. É muito sociável, faz amizades num piscar de olhos. Conhece a escola inteira, brinca com todos, já quer levar amigos para casa. Em Toronto, parecia que vivia lá há anos. Para todo o lado que vá, ele é assim, muito querido. É bondoso. A Giulia é mais reservada. É até um pouco tímida mas, ao mesmo tempo, arisca. É mandona, mas também se adapta facilmente. Mas é mais de ter só um ou dois amigos.
 
Os seus filhos têm a noção de que os pais são reconhecidos em todo o Mundo?
Agora, sim. O Cauet é uma figurinha. Há uns dias, eu estava naquele shopping em frente ao Estádio da Luz [Colombo] e começaram a reconhecer­-me. Ele abraçou­-se a mim e não me largava. Perguntei­-lhe o que se passava e ele respondeu que estava a proteger­-me porque toda a gente estava a olhar. Eu dizia­-lhe para parar, mas ele não me largava. Ficava a ver se as pessoas continuavam a olhar… [risos] É que ele adora o pai. Para ele, o Júlio é um herói.
 
O Cauet tem noção de que o Benfica é um dos maiores clubes de Portugal?
Sim, percebe. O Júlio não tem tido altos e baixos. Sempre tem tido várias opções e até quando escolheu o Quens Park Rangers, que é um clube menor, foi bom em todos os sentidos. Saímos de um clube cheio de glamour para uma vida mais tranquila. Mas nunca fomos glamorosos, a equipa é que era. E já não pensamos muito se é o maior ou o menor clube. O Júlio quer é estar a jogar e a fazer o trabalho dele. Já jogou num dos maiores clubes do Mundo, o Inter de Milão, onde as pessoas são muito fanáticas. O Júlio não se deslumbra muito. Veio para o Benfica para voltar a jogar. Queria parar, não queria jogar mais. Tivemos de o convencer que ainda não era hora para parar.
 
Foi a Susana que o convenceu?
Também. 
 
E os filhos?
O Cauet também não queria. A Giulia não tem muita noção. Mas eu tive de andar atrás dele porque estava decidido a parar. Despediu­-se da seleção brasileira, no final do Mundial 2014, e decidiu parar. Entrega­-se muito e, se alguma coisa não corre bem, pensa logo em parar. 
 
E qual é a motivação dele no Benfica? Ele está feliz?
Está muito feliz. É muito bem tratado, o País é maravilhoso e está a ser muito bom. A qualidade de vida é importante e sentimo­-nos em casa. 
 
Estiveram sete anos em Milão, ano e meio em Londres e cinco meses em Toronto… 
Londres é a melhor cidade do Mundo para se viver, se esquecermos a parte do clima e da praia. Mas a cidade oferece tanta coisa que nem pensamos nisso. 
 
Nem parece uma brasileira a falar…
Tenho saudades, mas o Brasil está a passar por um momento muito complicado, com muita corrupção, pessoas desacreditadas. Cresceu economicamente, mas a violência continua a mesma, a saúde pública, os hospitais e as estradas continuam maus. Quando moramos fora e voltamos lá, dá vontade de chorar. Sinto­-me muito mal. Ajudo algumas instituições, pessoas na rua, mas sinto­-me impotente.  
 
A vida na Europa acaba por ser melhor.
Sim. Poder ir ao hospital a qualquer hora e ser bem atendido, faz toda a diferença. Ir numa estrada e saber que não vou ter um acidente facilmente porque a estrada não está toda esburacada, ou saber que ando na rua e não vou ser assaltada ou levar um tiro, também faz muita diferença. 
 
É verdade que demorou quase dois anos a adaptar­-se a Milão e teve uma depressão?
O meu problema foi a falta de trabalho. No Brasil, estava no auge da minha carreira. Tinha um contrato com a Rede Globo e outro com a Sport TV. Fazia novelas na Globo e apresentava programas na Sport TV. Só ia a casa para dormir, porque trabalhava de manhã à noite e fazia mil coisas. E, de repente, a minha vida mudou completamente. Quando conheci o Júlio, apaixonei­-me, comecei a fazer uma vida mais familiar e quando surgiu a oportunidade de ele ir para Itália disse­-lhe logo para irmos. Não podia fazer um braço de ferro com uma carreira que é mais forte do que a minha. Estava também a fazer o curso de Cinema, na faculdade, e em Milão não havia esse curso. Era tudo em Roma. Comecei a ficar louca e a pensar no que iria fazer da minha vida. Estava grávida e questionei tudo. Chorava muito por causa da vida que levava.
 
Foi mesmo muito difícil, parece­-me.
Foi. Abraçava o Júlio e só chorava, chorava. Ele dizia­-me para voltar para o Brasil, trabalhar seis meses e voltar. Mas eu jamais faria isso. Se optei por casar e estar com ele, não iria estragar a minha família. Mas é difícil deixar tudo. Hoje não sinto tanta falta. Mas não tenho uma vida de andar sempre a fazer compras e com aquele glamour que as pessoas pensam.
 
E fazem novos amigos com facilidade?
Fazemos, mas não procuro. Nunca fui de frequentar a casa das mulheres dos futebolistas. Não por opção, mas pela vida frenética que levamos com os filhos. Mas, se nos convidarem, vamos. Ainda recentemente fomos jantar a casa do Artur [guarda-redes do Benfica] e a esposa, Carina, fez o jantar e foi maravilhoso. 
 
Mas o Júlio César já chegou a estar oito dias sem sair de casa por causa de uma derrota. 
No Mundial 2010. Estavam com a expectativa elevada, tinham uma grande equipa, o Dunga é um superlíder e estavam muito animados e confiantes. O Júlio tinha ganho o campeonato, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões. Faltava o Mundial. Foi uma grande desilusão. Mas no Mundial não há favoritos.
 
Mas os brasileiros são sempre favoritos. 
Os brasileiros acham que estão sempre no topo, mas não estão há muitos anos. A Alemanha, este ano, preparou­-se muito bem. O Júlio contou­-me que, em 2006, já diziam que iam ganhar, pois tinham mais ou menos a mesma equipa. Tiveram essa inteligência de olhar para o futuro. Mas não percebo de futebol.
 
Leia a entrevista completa na edição número 911 da VIP.
 
Texto: Humberto Simões; Fotos:  Bruno Peres e Getty Image; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e Cabelos: Fátima Jardim

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